quarta-feira, 22 de maio de 2013

MP faz nova operação contra fraude do leite e prende suspeitos no RS

Mandados de busca e apreensão e de prisão são cumpridos no Norte.
Envolvidos adicionavam água e ureia ao produto para aumentar o lucro.
Caminhão com leite, operação Leite Compensado, nesta quarta-feira (22) (Foto: Felipe Truda/G1)
   Caminhão com leite, operação Leite Compensado, nesta quarta-feira (22) (Foto: Felipe Truda/G1)


     O Ministério Público do Rio Grande do Sul deu início na manhã desta quarta-feira (22) a uma nova fase da Operação Leite Compensado, que investiga a adulteração do produto por transportadores. O alvo agora são empresas localizadas em Rondinha e Boa Vista do Buricá, no Norte do estado. Até as 8h20, três pessoas foram presas. Os promotores cumprem quatro mandados de prisão e outros quatro de busca e apreensão nos dois municípios. Um dos suspeitos já estava preso.

     De acordo com o promotor Mauro Rockenbach, o leite era transportado pelos investigados até uma empresa do Paraná. "Seguiam levando o leite gaúcho sabendo desde fevereiro que esse leite estava com restrição. O produto ia para Pato Branco", disse ao G1 o promotor no início da manhã desta quarta.

     De acordo com a investigação, as empresas adulteraram pelo menos 120 mil litros de leite nas duas cidades nos últimos três meses. O MP ressalta que este volume foi apreendido e não chegou ao mercado. Na manhã desta quarta, o leite que estava em caminhões na transportadora foi apreendido por técnicos do Ministério da Agricultura e será analisado. A previsão é que o resultado dos testes saia em até três dias.

     Questionado pelo G1, o MP não confirma se há outros lotes e marcas de leite com restrição ao consumo. O esquema é semelhante ao encontrado nos outros núcleos já investigados: os envolvidos misturavam água e ureia ao leite antes de levar o produto para as empresas, para dar consistência ao líquido e lucrar mais na comercialização. O MP dará entrevista coletiva após a operação para dar mais detalhes sobre o esquema.

     Em Rondinha, serão cumpridos três mandados de prisão e três de busca e apreensão. Um dos suspeitos, envolvido também no núcleo de Ibirubá, já estava preso. Em Boa Vista do Buricá, serão realizadas buscas em caminhões, uma empresa e a casa de um empresário. A Justiça negou o pedido de prisão para um suspeito do município.

     Na terça-feira (21), foi preso um vereador de Horizontina que teve a prisão negada pela Justiça na primeira fase da operação. Os promotores alegaram que havia risco de fuga.

     "Repetimos o pedido porque descobrimos movimentações de que ele estava para fugir. Ele foi levado ao presídio de Santa Rosa", disse ao G1 o promotor na manhã desta quarta.

     A Operação Leite Compensado foi desencadeada no último dia 8, após a primeira fase da investigação. A ação teve como consequências a retirada de lotes do mercado (veja lista aqui) e a interdição de três postos de resfriamento e de uma fábrica em Estrela. Até o momento, a Justiça aceitou denúncia contra 13 investigados pelo esquema em Ibirubá, no Noroeste, e Guaporé, na Serra.
 
     Na segunda-feira (20), a Justiça aceitou parcialmente denúncia contra os suspeitos de fraude do núcleo de Ibirubá. Das 12 pessoas citadas pelo MP, 11 vão responder a processo por crimes como formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e adulteração de produto alimentício. A ação correrá em segredo de Justiça.  A Comarca de Guaporé, na Serra, também aceitou a denúncia do MP contra dois envolvidos no esquema no município. A partir da notificação, os réus terão prazo de 10 dias para apresentarem as defesas.

     Na tarde de segunda, fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) queimaram 6,2 toneladas de leite em pó adulterado em Taquara. Cerca de 300 mil litros de leite foram apreendidos em três postos de refrigeração do estado. Do total retido, em cerca de 28 mil litros apresentaram indícios de fraude e vinham de dois entrepostos interditados no dia 8 de maio.

Fonte: Felipe Truda | Do G1 RS, em Rondinha

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