Envolvidos adicionavam água e ureia ao produto para aumentar o lucro.
Caminhão com leite, operação
Leite Compensado, nesta quarta-feira (22) (Foto: Felipe Truda/G1)
O Ministério Público do Rio Grande do Sul deu início na manhã desta quarta-feira (22) a uma nova fase
da Operação Leite Compensado, que investiga a adulteração do produto por
transportadores. O alvo agora são empresas localizadas em Rondinha e Boa Vista do Buricá, no Norte do estado. Até as 8h20, três
pessoas foram presas. Os promotores cumprem quatro mandados de prisão e outros
quatro de busca e apreensão nos dois municípios. Um dos suspeitos já estava
preso.
De acordo com o
promotor Mauro Rockenbach, o leite era transportado pelos investigados até uma
empresa do Paraná. "Seguiam levando o leite gaúcho sabendo desde fevereiro
que esse leite estava com restrição. O produto ia para Pato Branco", disse
ao G1 o promotor no início da manhã desta
quarta.
De acordo com a
investigação, as empresas adulteraram pelo menos 120 mil litros de leite nas
duas cidades nos últimos três meses. O MP ressalta que este volume foi
apreendido e não chegou ao mercado. Na manhã desta quarta, o leite que estava
em caminhões na transportadora foi apreendido por técnicos do Ministério da
Agricultura e será analisado. A previsão é que o resultado dos testes saia em
até três dias.
Questionado pelo G1, o MP não confirma se há outros lotes e
marcas de leite com restrição ao consumo. O esquema é semelhante ao encontrado
nos outros núcleos já investigados: os envolvidos misturavam água e ureia ao
leite antes de levar o produto para as empresas, para dar consistência ao
líquido e lucrar mais na comercialização. O MP dará entrevista coletiva após a
operação para dar mais detalhes sobre o esquema.
Em Rondinha, serão
cumpridos três mandados de prisão e três de busca e apreensão. Um dos
suspeitos, envolvido também no núcleo de Ibirubá, já estava preso. Em Boa Vista do
Buricá, serão realizadas buscas em caminhões, uma empresa e a
casa de um empresário. A Justiça negou o pedido de prisão para um suspeito do
município.
Na terça-feira (21),
foi preso um vereador de Horizontina que teve a prisão negada pela Justiça na
primeira fase da operação. Os promotores alegaram que havia risco de fuga.
"Repetimos o
pedido porque descobrimos movimentações de que ele estava para fugir. Ele foi
levado ao presídio de Santa Rosa", disse ao G1 o promotor na manhã desta
quarta.
A Operação Leite
Compensado foi desencadeada no último dia 8, após a primeira fase da
investigação. A ação teve como consequências a retirada de lotes do mercado (veja lista
aqui) e a
interdição de três postos de
resfriamento e de uma fábrica em Estrela. Até o momento, a
Justiça aceitou denúncia contra 13 investigados pelo esquema em Ibirubá, no
Noroeste, e Guaporé, na Serra.
Na segunda-feira
(20), a Justiça aceitou parcialmente denúncia contra os suspeitos de fraude do
núcleo de Ibirubá. Das 12 pessoas citadas pelo MP, 11 vão responder a processo
por crimes como formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e adulteração de
produto alimentício. A ação correrá em segredo de Justiça. A Comarca de
Guaporé, na Serra, também aceitou a denúncia do MP contra dois envolvidos no
esquema no município. A partir da notificação, os réus terão prazo de 10 dias
para apresentarem as defesas.
Na tarde de segunda,
fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) queimaram
6,2 toneladas de leite em pó adulterado em Taquara. Cerca de 300 mil litros de
leite foram apreendidos em três postos de refrigeração do estado. Do total
retido, em cerca de 28 mil litros apresentaram indícios de fraude e vinham de
dois entrepostos interditados no dia 8 de maio.
Fonte:
Felipe Truda | Do G1 RS, em Rondinha
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