Jair Bolsonaro declarou também que ser
"patrão" no Brasil é "quase impossível"
O presidente Jair Bolsonaro criticou, nesta
sexta-feira, a multa de 40% do FGTS paga pelos empregadores nas demissões sem
justa causa. Ele não deixou claro se pretende extinguir a multa ou fazer
alterações na regra. Mudanças na destinação da multa poderiam fazer parte de um
pacote de medidas estruturantes apresentado pela equipe econômica, que passam
por avaliação do Planalto.
"Essa multa de 40% foi quando o (Francisco)
Dornelles era ministro do FHC (Fernando Henrique Cardoso). Ele aumentou a multa
para evitar a demissão. O que aconteceu depois disso? O pessoal não emprega
mais por causa da multa. Estamos em uma situação. Eu, nós temos que falar a
verdade. É quase impossível ser patrão no Brasil", disse o presidente.
Questionado se a multa vai acabar, o presidente
respondeu inicialmente que isso "está sendo estudado", mas em seguida
disse que "desconhece qualquer trabalho nesse sentido". As falas de
Bolsonaro foram orientadas pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que
estava ao seu lado. O presidente falou com a imprensa após participar de um
evento seguido de almoço da igreja evangélica Sara Nossa Terra em Brasília.
"É quase impossível ser patrão no Brasil.
Defender empregado dá mais votos. Agora, a verdade é o patrão. Eu estou falando
com o Paulo Guedes (ministro da Economia), eu pretendo lançar o programa Minha
Primeira Empresa, para todo mundo que reclama do patrão ter chance de ser
patrão um dia. Eu tenho dito, falei durante a campanha, um dia o trabalhador
vai ter que decidir: menos direito com emprego ou todos os direitos sem
emprego. É uma realidade. Isso perde voto. Tem antipatia de pessoas populistas
e comunistas. Muita gente bota na cabeça do povo que eu estou errado, eu estou
perseguindo o pobre. Não, eu estou mostrando a verdade. Até contratar uma
pessoa para a sua casa está difícil", declarou à imprensa.
Bolsonaro lembrou ainda que votou contra a PEC da
doméstica. "Votei contra nos dois turnos. O que aconteceu de lá para cá? A
pessoa ou foi para a informalidade ou virou diarista. É como um casamento. Se
um começar a querer ter mais direitos sobre o outro, acaba o casamento. Patrão
e empregado é quase que um casamento. É a velha divisão de classes. Não é só
com o negócio homo, hétero, branco e negro, rico e pobre. É empregado e patrão
também. A esquerda prega isso o tempo todo para nos dividir e eles se
perpetuarem no poder."
Por AE
Correio do Povo
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