Anexo com internos dos rivais foi trancado e
presos atearam fogo no espaço
Uma rebelião dentro do Centro de Recuperação
Regional de Altamira (CRRALT), no Sudoeste do Pará, ocorre desde as 7h desta
segunda-feira por causa de uma briga entre facções criminosas. De acordo com a
Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), há pelo menos 52
mortos, dos quais 16 foram decapitados. Durante o motim, dois agentes
prisionais foram feitos reféns, mas liberados após negociação.
Conforme a Susipe, o caso teve início quando
detentos do bloco A, onde estão custodiados presos de uma organização criminal,
invadiram o anexo onde estão internos de um grupo rival. Após, o local foi
trancado e os presos atearam fogo no espaço. Assim, a fumaça invadiu o anexo,
matando por asfixia. "A unidade é antiga, e abriga duas facções criminosas
(Comando Vermelho e Comando Classe A). Nós não tínhamos relatório da nossa
inteligência aportando um possível ataque, desta magnitude", disse um
porta-voz do órgão.
O Grupo Tático Operacional da Polícia Militar
está no local. A Polícia Civil, a Promotoria e o Juizado de Altamira também
estão na unidade fazem vistoria no para recontagem de presos e apreensão de
objetos que podem ter servido como armas nas decapitações. Segundo a
Superintendência, 372 internos estão alocados no presídio, cuja capacidade é de
208 pessoas.
De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança
Pública, o ministro Sergio Moro está acompanhando o caso, já conversou com
o governador do Pará, Helder Barbalho, e deve tratar do assunto novamente em
uma reunião nesta tarde.
Rebelião
deixou sete mortos em 2018
Em setembro de 2018, sete detentos morreram
e outros três ficaram feridos em uma rebelião no CRRALT. Durante o motim, um
grupo de 16 presos tentou fugir da unidade, sem sucesso. Segundo a
Susipe, detentos da cela 3, do bloco A, tentaram fugir do presídio pela janela
de ventilação do local. Os agentes prisionais de plantão flagraram a
movimentação pelas câmeras de segurança e acionaram a Polícia Militar, que
impediu a saída.
Os presos, então, correram em direção ao bloco do
semiaberto e atearam fogo na sala do gerador de energia e no galpão de
alojamento. No motim, parte das celas e das grades da unidade, além da
enfermaria e da secretaria, foram depredadas. Ao todo, 120 presos participaram
do motim.
Em maio de 2019, 55 presos foram mortos sob
custódia no Amazonas, em celas de três presídios. As mortes, segundo a
Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap), ocorreram por
enforcamento no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), na Unidade Prisional
do Puraquequara (UPP) e no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM1), em
Manaus. Com quase 727 mil detentos registrados em 2016, o Brasil tem a terceira
maior população carcerária do mundo, mas a capacidade nacional é de apenas 368
mil lugares.
Por AE e Correio do Povo
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