Imagem da agência estatal de notícias da Síria mostra posições que teriam sido atingidas pelo ataque israelense no sábadoFoto: AFP PHOTO / / SANA
Israel lançou dois ataques na Síria em
menos de três dias, alegando que o objetivo foi impedir o grupo radical
Hezbollah de ter acesso a armas fornecidas pela Síria, enquanto Damasco alertou
que as incursões aéreas abrem a porta para todas as opções.
No momento em que o conflito na Síria já
deixou em cerca de dois anos mais de 70 mil mortos, esses ataques podem
representar uma guinada no panorama do conflito com um envolvimento aberto de
Israel e do Irã, seu grande inimigo, que manifestou sua disposição em "treinar"
o exército sírio.
Assista a vídeo que
mostra incêndio após ataques:
Segundo Damasco, o Estado judeu atacou na
noite de sábado para domingo três posições militares a noroeste de Damasco com
mísseis disparados por aviões provenientes de Israel.
— Esta agressão deixou mortos e feridos e
destruições graves — indicou o Ministério das Relações Exteriores sírio em uma
carta enviada ao Conselho de Segurança da ONU.
O ataque visava um centro de pesquisas
científicas em Jamraya, que já tinha sido atacado no final de janeiro por
Israel, além de dois alvos militares — um grande depósito de munições e uma
unidade da defesa antiaérea —, segundo um diplomata em Beirute que pediu para
não ser identificado.
Uma autoridade israelense confirmou o
ataque, afirmando que "teve como alvo mísseis iranianos destinados ao
Hezbollah", movimento xiita aliado do regime de Bashar al-Assad.
— Cada vez que Israel tiver informações
sobre a transferência de mísseis ou armas da Síria para o Líbano (para
o Hezbollah), serão atacados — disse essa autoridade.
O Irã também respondeu por meio do
comandante do exército, general Ahmad-Reza Pourdastan, que se disse disposto a
"treinar" o Exército sírio.
Moradores do noroeste de Damasco, a alguns
quilômetros de Jamraya, descreveram a série de ataques como "um tremor de
terra", falando de "um céu vermelho e amarelo aterrorizante".
Um vídeo exibido na internet pelos
ativistas, mas que não pôde ter sua autenticidade confirmada, mostra imensas
chamas e explosões durante a noite, enquanto uma voz grita: "Allahu Akbar" (Deus
é grande).
Para o governo sírio, esse ataque torna a
situação regional mais perigosa e prova que os rebeldes são "ferramentas
de Israel dentro" do país.
— A comunidade internacional deve saber
que a situação complexa na região se tornou mais perigosa após esta agressão —
declarou em Damasco o ministro da Informação Omran al-Zohbi.
— O governo da República Árabe Síria
confirma que esta agressão abre a porta para todas as possibilidades, em
particular porque ela não deixa mais dúvida a respeito da realidade das
conexões que existem entre todos os componentes envolvidos na guerra contra a
Síria — acrescentou Al-Zohbi, lendo um comunicado.
Na carta à ONU, Damasco acusou o Estado
judeu de apoiar os rebeldes, principalmente a Frente Al-Nosra, braço sírio da
Al-Qaeda.
O Exército Sírio Livre (ESL) indicou que
suas operações não tinham ligação com os ataques israelenses, prometendo
"continuar a lutar até a queda de Assad".
A autoridade israelense citada
anteriormente também confirmou um ataque executado na madrugada de sexta-feira
perto do aeroporto de Damasco, no sudeste da capital, para destruir armas
destinadas, segundo ele, ao Hezbollah.
O presidente americano Barack Obama
declarou no sábado que é justificável que os israelenses tentem se
"proteger contra a transferência de armas sofisticadas para organizações
terroristas como o Hezbollah".
O Egito e a Liga Árabe condenaram neste
domingo os ataques efetuados por Israel na Síria, enquanto a organização
pan-árabe pediu que o Conselho de Segurança da ONU "aja
imediatamente" para impedi-los.
O chefe da diplomacia britânica, William
Hague, considerou que o ataque ilustra o "perigo crescente para a
paz" na região e ressaltou a necessidade de retirar o embargo europeu ao
envio de armas para os rebeldes sírios. Mas a Áustria discordou.
— Não há ligação entre a questão do
embargo sobre o fornecimento de armas e os ataques israelenses na Síria. Pelo
contrário, isso mostra que há armamentos demais na Síria — indicou seu ministro
das Relações Exteriores, Michael Spindelegger.
As atrocidades se estenderam esta semana
ao oeste sírio. O OSDH informou a respeito de dois massacres que causaram a
morte de dezenas de pessoas em áreas de maioria sunita, corrente islâmica
atingida pela repressão das forças de Assad.
Neste domingo, nessa região, novos
bombardeios atingiram zonas sunitas ao sul de Banias, enquanto combates entre
insurgentes e soldados sírios apoiados pelo Hezbollah eram travados em Qousseir
(centro), perto da fronteira com o Líbano.
Fonte:
AFP
ZERO
HORA
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