Equipamentos automatizados analisam e compartilham dados da
lavoura
Softwares facilitam vida do produtor no
agronegócio | Foto: Paulo Kurtz / Embrapa / Divulgação / CP
Responsável
por 23% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2016, o agronegócio têm
seus resultados potencializados pela tecnologia, que se integra
progressivamente às lavouras para deixá-las mais inteligentes. Na era digital,
empresas de todo o país investem em soluções que facilitam as atividades da
propriedade rural e que podem ser acessadas até pela tela do celular. Controle
de irrigação e do uso de fertilizantes, análise e correção do solo ou de falhas
na semeadura, acompanhamento do desenvolvimento das plantas e até máquinas
dirigidas a distância, entre outras possibilidades, surgem em equipamentos e
aplicativos disponíveis, muitos de baixo custo, e capacitados a funcionar mesmo
onde o sinal de internet não chega. As vantagens, segundo os especialistas,
estão se sobrepondo às desvantagens e fazendo mais gente ficar no campo, do
plantador de alfaces ao grande sojicultor.
O
crescimento do setor e o interesse pelo que ele oferece foram destaque na 24ª
Agrishow, no início do mês, em Ribeirão Preto (SP). A feira, pela primeira vez,
exibiu o espaço “Fazenda Inteligente”, reunindo startups com foco na atividade
agropecuária. Segundo a Associação Brasileira de Startups, existem hoje no país
70 empresas com este perfil, número que deve crescer 210% até o final de 2017.
A adesão não tem decepcionado. O agrônomo Leonardo Menegatti, presidente da
InCeres, de Piracicaba, pretende aumentar de três para seis milhões de hectares
a área coberta por seu serviço ainda neste ano.
A empresa
oferece monitoramento da propriedade por satélite, mapas de produtividade,
análise de fertilidade do solo e carta climática em módulos de R$ 2 a R$ 4 por
hectare, preço cobrado por ano. “Nosso interesse é fornecer esses dados a um
número cada vez maior de produtores, independentemente da cultura e do tamanho
da propriedade”, diz Menegatti, ao mesmo tempo em que revela que 80% dos
hectares cobertos pelos serviços são cultivados com soja, milho, arroz e trigo.
A Agrosmart, de Campinas, projeta
quadruplicar em 2017 o serviço que presta hoje em 50 mil hectares do país. A
empresa instala sensores nas propriedades e, com o sistema, consegue monitorar
14 variáveis em lavouras irrigadas e de sequeiro. Com o cruzamento dessas
variáveis, o agricultor recebe em um aplicativo de celular, em tempo real, a
localização exata de onde e quando deve irrigar a plantação.
O sistema tem potencial para
gerar economia de 60% da água utilizada na propriedade e 40% da energia, além
de aumentar a produtividade em até 15%. “O custo da assinatura do serviço varia
de R$ 30 a 300 reais por hectare/ano e atende desde o agricultor familiar até o
grande produtor, sem a necessidade de internet em toda a propriedade, bastando
um único ponto de sinal, na casa ou escritório da fazenda. O sistema também
oferece relatórios mensais e ao final da safra”, afirma o analista de mercado
da empresa, Caio Bacci.
O futuro
tecnológico das lavouras tem sido tema frequente de eventos e encontros de
produtores rurais. O gestor sênior de tecnologia para a América Latina do grupo
Logicalis, Lucas Pinz, diz que o agricultor precisa entender que é questão de
estratégia sua adaptação à digitalização da propriedade para ganhar eficiência
e competitividade. Para exemplificar os dividendos do avanço, lembra que o
número de pessoas alimentadas por um agricultor norte-americano não passava de
dez em 1930 e chega a 155 em 2017. “A digitalização é decisiva para continuar
esse processo evolutivo”, acrescenta.
Nereida Vergara
Correio do Povo
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