terça-feira, 12 de maio de 2015

Defesa volta a colocar em xeque a versão de suicídio para a morte da mãe de Bernardo


Defesa volta a colocar em xeque a versão de suicídio para a morte da mãe de Bernardo
   Defesa de avó de Bernardo Boldrini reforça hipótese de assassinato/Foto: Reprodução

A defesa da família de Odilaine Uglione descobriu que R$ 55 mil foram sacados da conta da Clínica de Boldrini, da qual Odilaine era sócia, na antevéspera da morte da mulher. Esses novos indícios colocam em xeque a versão de suicídio para a morte da mãe de Bernardo Boldrini. As informações são da Rádio Bandeirantes.

A retirada do dinheiro da conta de pessoa jurídica foi feita em quatro saques no caixa, com valores de 10 e 15 mil, todos no dia 8 de fevereiro de 2010, quantias muito acima da média. Após os saques, restaram apenas seiscentos reais na conta. Os extratos foram obtidos pelo advogado por meio de ordem judicial.

O advogado da família de Odilaine, Marlon Taborda, acredita que o dinheiro foi usado para pagar pela ajuda de um comparsa ou para acobertar o assassinato da mulher. A mãe do menino Bernardo foi encontrada morta no consultório de Leandro Boldrini no dia 10. O casal estaria prestes a se separar.

A única testemunha, Andressa Wagner, secretária do médico, é suspeita de ter escrito a carta de suicídio supostamente deixada por Odilaine. Laudos de peritos independentes apontaram que a carta foi forjada. As comparações das grafias foram entregues ao Ministério Público no dia 30 de março, mas até agora não há indicativo sobre o pedido de reabertura das investigações.

O Instituto Geral de Perícias faz análises complementares na carta e o MP aguarda a conclusão para se manifestar. À época, caso Leandro e Odilaine se divorciassem, o médico teria de pagar um milhão e meio de reais de divisão de bens, além de oito mil reais de pensão por mês. A família acredita que houve motivação financeira.

Veja a íntegra da carta supostamente deixada pela mãe de Bernardo

Três Passos - 9 de fevereiro de 2010

Eu Odilaine Uglione, lúcida e consciente dos meus atos venho por meio desta carta esclarecer os motivos que me levaram a tomar esta atitude. Meu pai, faleceu, minha mãe tem diversas doenças cardíacas graves que podem matá-la a qualquer momento; não tenho irmãos. Sou sozinha. Casei com o Leandro com 21 anos, éramos pobres mesmo. Levamos 10 anos para adquirir o que temos.

Na sexta-feira, dia 4/2, eu fiquei com medo de dormir sozinha e fui dormir com meu marido no hospital onde ele fazia plantão. Dormimos, namoramos, ele disse que me amava e me admirava e que nunca iria me abandonar. No domingo eu lhe pedi que largasse o plantão, pois eu tinha medo de dormir sozinha. Ele, então, pediu a separação. Perdi meu chão.

Depois de 11 anos vivendo exclusivamente para minha família. Leandro, tu destruiu a minha família, meus sonhos, minha vida. O que é uma pessoa sem família? Eu cresci sem pai e não queria que meu filho passasse por isso... Já que me foi tirada minha família, que eu tanto sonhei em construir... prefiro partir... do que ver meu filho nas mãos de outras mulheres, meu amor em outros braços. Sem minha família não fico.

Peço, Leandro, que cuide bem do nosso filho, eu estarei sempre ao lado dele. Não precisas mais advogados pra ti ficar com a casa, carro, moto como tu queria. Fique com tudo e faça bom proveito. Já que isso é + importante que a família. Amo minha mãe sobretudo. Amo a Clarrisa e sua família. Cuidem bem do Bê!!!

* Favor cuidar meus tão amados animais até o fim da vida deles. Pois eles foram meus grandes companheiros. Fiquem com Deus.

Odilaine Uglione

09/02/2010

Entenda o Caso Odilaine

Conforme a polícia, Odilaine teria cometido suicídio dentro do consultório do pai de Bernardo, Leandro Boldrini, no dia 10 de fevereiro de 2010. No inquérito policial, consta que ela comprou um revólver calibre 38 pouco antes de ir à clinica. Além disso, também há o registro de um bilhete em que a secretária do médico, Andressa Wagner, entregaria ao patrão, alertando sobre a chegada de Odilaine. O processo conta com depoimentos de testemunhas que estavam na sala de espera no dia da morte e com documentos referentes a uma possível divisão da pensão a ser paga após o processo de separação do casal.

Já a defesa da família Uglione alega que houve falhas na investigação da morte da mãe de Bernardo, entre as principais, estão divergências quanto ao exato local da lesão no crânio de Odilaine; existência de lesões no antebraço direito e lábio inferior da vítima; lesões em Leandro Boldrini; vestígios de pólvora na mão esquerda da vítima, que era destra; ausência de exame pericial em Boldrini, uma carta fraudada supostamente deixada pela mãe de Bernardo e a própria morte do garoto, que configuraria um fato novo.

Entenda o Caso Bernardo

Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos. Dez dias depois, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico, enterrado às margens de um rio. Foram presos o médico Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini e uma terceira pessoa, identificada como Edelvânia Wirganovicz. Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, também foi preso acusado de participar da ocultação do cadáver. Os quatro foram indiciados e deverão ir a julgamento.


Fonte: Três Passos News

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