sábado, 4 de maio de 2013

Suspeitos da operação Concutare são soltos do Presídio Central

Justiça negou pedido da Polícia Federal de prorrogação da detenção dos suspeitos
   Advogado diz que Záchia foi bem tratado no Central. (Crédito: Fabiano do Amaral)


     Beneficiados pela decisão da Justiça de não prorrogar a prisão preventiva, os últimos nove presos da Operação Concutare que permaneciam no Presídio Central foram soltos pouco antes das 19h desta sexta-feira, na companhia dos advogados de defesa. 

     O ex-secretário municipal do Meio Ambiente Luiz Fernando Záchia sentou no banco traseiro do automóvel do defensor, Rafael Leal, e aproveitou para fazer uma ligação, assim que teve acesso a um telefone celular. Leal diz que seu cliente foi bem tratado enquanto esteve na cadeia, mesmo na precariedade do Central.

     O secretário estadual do Meio Ambiente na gestão Yeda Crusius, Berfran Rosado, preferiu sentar-se no banco da frente e foi flagrado pelos fotógrafos, sem tentar esconder o rosto. O secretário estadual exonerado Carlos Niedersberg também compunha o grupo libertado no início da noite. 

Populares xingam suspeitos

     A maioria dos beneficiados pela decisão escondia o rosto para não ter imagens registradas pelos veículos de comunicação que aguardavam do lado de fora da cadeia para registrar a soltura. Ao lado dos jornalistas, populares esperavam ter a chance de manifestar sua indignação.

     Os xingamentos eram disparados da calçada e de dentro dos automóveis que passavam na frente da casa prisional. Tinham como alvo principalmente os políticos envolvidos na investigação.

     Desde o meio da tarde, quando a notícia da liberação dos suspeitos foi divulgada, advogados podiam ser vistos circulando e falando ao telefone na entrada do Central. Alguns dos representantes comentaram aos jornalistas sobre a expectativa de inocência de seus clientes.

     Às 18h53min, o último dos nove carros particulares havia cruzado o portão, em disparada. Ninguém atendeu aos pedidos de entrevista.

Juíza contraria MP

     Durante a tarde, a juíza federal substituta Karine da Silva Cordeiro, da 1ª Vara Federal Criminal de Porto Alegre, negou o pedido da Polícia Federal para renovar o pedido de prisão provisória de 10 dos 18 presos na Operação Concutare, da Polícia Federal. Um deles, porém, recebeu soltura já na sede da Superintendência da corporação. 

     A decisão da magistrada contrariou o parecer do Ministério Público Federal. Das 18 pessoas detidas por suposto envolvimento na emissão ilegal de licenças ambientais, oito já haviam garantido liberdade após prestarem depoimento.

     A PF sustentou a necessidade da prisão temporária alegando que os detidos mantém influência junto a órgãos ambientais, além de "perniciosa força política nos mais altos cargos da Administração Pública e também do Poder Legislativo e, principalmente, perante funcionários de médio e baixo escalão, fontes preciosas de informações para o esclarecimento dos fatos". 

     A magistrada argumentou, no entanto, que Záchia e Niedersberg foram exonerados, assim como foi afastada a presidente da Fepam, Gabriele Gottlieb, investigada que não chegou a ser presa. Sobre os demais presos, a juíza entendeu que não foi comprovada a influência que podem exercer sobre a prova testemunhal.

     Karine Cordeiro sustentou, ainda, que a manutenção da prisão não impede que versões sejam ajustadas, sobretudo com os presos "recolhidos na mesma cela ou ala do presídio (Central)". Completou que "não tendo sido comprovada pela autoridade policial a extrema necessidade de prorrogação da medida cautelar, merece ser indeferida".

   Berfran Rosado deixou presídio e foi flagrado pelos fotógrafos (Crédito: Fabiano do Amaral)

   Maioria dos escondia o rosto para não ter imagens registradas pelos veículos de comunicação
   Crédito: Fabiano do Amaral

Fonte: Voltaire Porto/Rádio Guaíba e Correio do Povo

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