Presidente da Cotrijuí, Vanderlei Fragoso (D),
e o vice-presidente, Paulo Schossler (E) falam em entrevista sobre a auditoria
que está sendo realizada na Cotrijuí e sobre a situação da Cotrijuí.
Visando assinalar os 90 dias à frente da
Cotrijuí que se completam nesta segunda-feira, 6, o presidente da
cooperativa, Vanderlei Ribeiro Fragoso, concedeu uma entrevista exclusiva ao
Portal Ijuhy.com, juntamente com o vice-presidente Paulo Dari Schossler.
A entrevista foi gravada na tarde de
sábado, 4, na sala de reuniões do Conselho de Administração da Cotrijuí.
Durante a entrevista, Fragoso fez um
balanço dos primeiros três meses e falou sobre assuntos polêmicos como a
chamada Terceira Via, se assina ou não documentos e sobre a contratação do seu
irmão Gilmar Fragoso.
Ainda em entrevista, presidente e
vice-presidente falam sobre a auditoria que já está sendo realizada há 20 dias
e que começa a produzir os primeiros e surpreendentes resultados.
Auditoria
“Apuramos que há muitas irregularidades”,
revela o vice-presidente Paulo Schossler.
Além de dívidas antigas que não foram
pagas, a auditoria revelou que a cooperativa possui terras nos estados de Mato
Grosso e Goiás.
“Existem áreas de terra no Mato
Grosso e em Goiás que não se sabe o que está acontecendo com essas terras. Se
existe arrendamento ou alguma coisa a auditoria está procurando e nos próximos
dias a auditoria terá um resultado”, disse o vice.
O presidente da Cotrijuí explicou que a
cooperativa tinha um passivo de 2 bilhões de reais no ano passado e que somente
para o ano de 2013, a cooperativa já somava 500 milhões em dívidas.
Desses 500 milhões, 200 milhões são
referentes à dívidas com os associados, principalmente devido ao dinheiro
retido em julho de 2012.
Fragoso ainda explica que boa parte da
safra já estava comprometida, faltando embarcar quase dois milhões de sacas de
soja. “Porque a cooperativa já no ano passado já havia vendido”, explica.
“Na auditoria já foi possível identificar
algumas falhas na gestão e essas falhas podem ter contribuído para a situação
financeira que a Cotrijuí vive”, disse Fragoso.
Balanço
Durante a entrevista, o presidente da
Cotrijuí fez um balanço dos três primeiros meses à frente da cooperativa.
Fragoso destacou que a direção tem
setorizado as atividades da cooperativa para que elas sejam sustentáveis.
“Porque cada setor da cooperativa ele tem que ser sustentável”, diz.
Ele ainda explica que com a setorização já
foi possível devolver mais de R$ 2 milhões que eram devidos aos associados que
depositaram trigo na cooperativa. A dívida chega a R$ 3 milhões.
Ainda durante a entrevista, o presidente
mencionou que os salários dos colaboradores estão praticamente regularizados e
que na área da indústria, o fornecimento de matéria prima para a fábrica de
ração também já foi regularizado.
Fragoso ainda destacou que a Cotrijuí vem
mantendo contatos e está trabalhando em um projeto de recuperação, além de
estar recredenciando as unidades em armazém geral junto à Conab.
Projeto de
recuperação
Em entrevista, o presidente da Cotrijuí
falou que 60% do projeto de recuperação está pronto e que a direção tem
conversado com técnicos do Governo para a sua realização.
Fragoso ainda disse que a cooperativa
pretende protocolar até o dia 10 de junho no BNDES, através de uma ação
compartilhada, o projeto de pedido de crédito.
Serão pedidos R$450 milhões que serão
usados em ações da cooperativa e também para o pagamento da dívida com os
associados.
De acordo com o presidente, o projeto está
sendo construído junto com o Governo do Estado para que ele possa ir
diretamente para a análise e que não volte novamente para a cooperativa para
receber complementos.
Nomeação de
Gilmar Fragoso
Uma das polêmicas em que a Cotrijuí se
envolveu nos últimos meses foi em relação à nomeação do irmão do presidente
como representante legal em diversos processos da cooperativa.
O presidente disse em entrevista que o
nome de Gilmar Fragoso foi indicado pelo vice-presidente Paulo e aprovado pelo
Conselho Administrativo.
Disse ainda que seu irmão é um empregado
da cooperativa e negou que fosse uma indicação pessoal do presidente.
O presidente ainda garantiu em entrevista
que o seu irmão não faz parte do departamento jurídico da cooperativa. Ele
explicou que o nome do seu irmão e dele próprio aparece nos processos da
cooperativa, pois precisavam acompanhar o andamento dos processos enquanto o
departamento jurídico estava sendo formado.
“Eu não advogo para a Cotrijuí, meu irmão
não advoga para a Cotrijuí”, disse. “Nós estávamos em transição de
remanejamento e reestruturação do nosso departamento jurídico. Para que pudesse
acompanhar os processos até então ele [Gilmar] se habilitou em alguns
processos, mas ele não é o advogado da Cotrijuí”, disse.
Assinaturas
Fragoso ainda afirmou em entrevista que
vem assinando documentos em nome da cooperativa, mas não de forma pessoal.
Ele alega que o presidente não pode
misturar a vida pessoal com a vida da cooperativa e por isso não tem assinado
avais pessoais.
“A cooperativa tem que firmar o seu
negócio e ela tem que firmar sabendo que ela vai poder cumprir. Então os
negócios que ela vai firmar daqui pra frente nós estamos cientes que vamos
cumprir com esses negócios. Não necessita de aval pessoal do diretor”, explica.
“Nós assinamos como presidente da
Cotrijuí”, disse.
“Terceira
Via pra mim não é Terceira Via”, diz Fragoso
Na sexta-feira, 3, um grupo de associados
denominado Terceira Via entregou um abaixo-assinado junto à Cotrijuí pedindo a
convocação de uma assembleia para a destituição da atual diretoria.
“Terceira Via pra mim não é Terceira Via”,
disse Fragoso. “A meu ver esse grupo não se contentou com o resultado”, disse.
Fragoso explica que sua eleição foi
legítima e que durante a eleição apenas duas chapas concorreram. Ele ainda diz
que durante a votação não houve um número expressivo de votos em branco que
contestasse as duas chapas que participavam da eleição.
Ele ainda diz que esse grupo ainda não
apresentou uma proposta clara para a cooperativa e alega que o grupo somente
ataca a atual direção. “O grupo inclusive nos ataca de forma infundada porque
dizer que nós causamos prejuízo à cooperativa, aonde é que está o prejuízo que
nós causamos?”, disse.
Ele ainda acusa que por detrás do grupo há
pessoas que possuem dívidas com a cooperativa. “Estamos desenvolvendo uma ação
forte para cobrar nossos créditos junto aos devedores”, disse.
Fragoso ainda apontou que a auditoria já
revelou que ex-dirigentes da cooperativa devem quantias grandes à Cotrijuí.
Sobre a assembleia, Fragoso diz que o
documento será analisado pelo departamento jurídico que verá se preenche todos
os requisitos para convocar a assembleia. Em caso positivo, a assembleia será
convocada e também será presidida pelo presidente.
Fragoso ainda afirmou que a data deverá
ser escolhida pelo presidente e o Conselho Administrativo.
Renúncia
“Nós não vamos renunciar”, disse Fragoso ao
ser indagado sobre a possibilidade de renúncia.
Ele ainda destacou que a diretoria
permanecerá durante os quatro anos de mandato para o qual foram eleitos.
Fragoso ainda complementa dizendo que
pretende reformular o estatuto, dando o poder de decisão para todos os
associados e não somente para delegados nomeados.
Desse modo, todos os associados teriam
poder de voto em uma assembleia, assinala.
Fonte e Fotos:
PORTAL IJUHY. COM
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