domingo, 5 de maio de 2013

"Não renuncio, auditoria continua e cobro dívidas de ex-diretores", diz Fragoso com três meses de Cotrijuí

Em entrevista exclusiva ao Portal Ijuhy.com, o presidente da Cotrijuí, Vanderlei Fragoso, e o vice-presidente, Paulo Schossler, falam sobre primeiros resultados da auditoria e ainda apontam que associados que devem para cooperativa serão cobrados.
Presidente da Cotrijuí, Vanderlei Fragoso (D), e o vice-presidente, Paulo Schossler (E) falam em entrevista sobre a auditoria que está sendo realizada na Cotrijuí e sobre a situação da Cotrijuí. 


     Visando assinalar os 90 dias à frente da Cotrijuí  que se completam nesta segunda-feira, 6, o presidente da cooperativa, Vanderlei Ribeiro Fragoso, concedeu uma entrevista exclusiva ao Portal Ijuhy.com, juntamente com o vice-presidente Paulo Dari Schossler.

     A entrevista foi gravada na tarde de sábado, 4, na sala de reuniões do Conselho de Administração da Cotrijuí.

     Durante a entrevista, Fragoso fez um balanço dos primeiros três meses e falou sobre assuntos polêmicos como a chamada Terceira Via, se assina ou não documentos e sobre a contratação do seu irmão Gilmar Fragoso.

     Ainda em entrevista, presidente e vice-presidente falam sobre a auditoria que já está sendo realizada há 20 dias e que começa a produzir os primeiros e surpreendentes resultados.

Auditoria

     “Apuramos que há muitas irregularidades”, revela o vice-presidente Paulo Schossler.

     Além de dívidas antigas que não foram pagas, a auditoria revelou que a cooperativa possui terras nos estados de Mato Grosso e Goiás.

      “Existem áreas de terra no Mato Grosso e em Goiás que não se sabe o que está acontecendo com essas terras. Se existe arrendamento ou alguma coisa a auditoria está procurando e nos próximos dias a auditoria terá um resultado”, disse o vice.

     O presidente da Cotrijuí explicou que a cooperativa tinha um passivo de 2 bilhões de reais no ano passado e que somente para o ano de 2013, a cooperativa já somava 500 milhões em dívidas.

     Desses 500 milhões, 200 milhões são referentes à dívidas com os associados, principalmente devido ao dinheiro retido em julho de 2012.

     Fragoso ainda explica que boa parte da safra já estava comprometida, faltando embarcar quase dois milhões de sacas de soja. “Porque a cooperativa já no ano passado já havia vendido”, explica.

     “Na auditoria já foi possível identificar algumas falhas na gestão e essas falhas podem ter contribuído para a situação financeira que a Cotrijuí vive”, disse Fragoso.

Balanço

     Durante a entrevista, o presidente da Cotrijuí fez um balanço dos três primeiros meses à frente da cooperativa.

     Fragoso destacou que a direção tem setorizado as atividades da cooperativa para que elas sejam sustentáveis. “Porque cada setor da cooperativa ele tem que ser sustentável”, diz.

     Ele ainda explica que com a setorização já foi possível devolver mais de R$ 2 milhões que eram devidos aos associados que depositaram trigo na cooperativa. A dívida chega a R$ 3 milhões.

     Ainda durante a entrevista, o presidente mencionou que os salários dos colaboradores estão praticamente regularizados e que na área da indústria, o fornecimento de matéria prima para a fábrica de ração também já foi regularizado.

     Fragoso ainda destacou que a Cotrijuí vem mantendo contatos e está trabalhando em um projeto de recuperação, além de estar recredenciando as unidades em armazém geral junto à Conab.

Projeto de recuperação

     Em entrevista, o presidente da Cotrijuí falou que 60% do projeto de recuperação está pronto e que a direção tem conversado com técnicos do Governo para a sua realização.

     Fragoso ainda disse que a cooperativa pretende protocolar até o dia 10 de junho no BNDES, através de uma ação compartilhada, o projeto de pedido de crédito.

     Serão pedidos R$450 milhões que serão usados em ações da cooperativa e também para o pagamento da dívida com os associados.

     De acordo com o presidente, o projeto está sendo construído junto com o Governo do Estado para que ele possa ir diretamente para a análise e que não volte novamente para a cooperativa para receber complementos.

Nomeação de Gilmar Fragoso

     Uma das polêmicas em que a Cotrijuí se envolveu nos últimos meses foi em relação à nomeação do irmão do presidente como representante legal em diversos processos da cooperativa.

     O presidente disse em entrevista que o nome de Gilmar Fragoso foi indicado pelo vice-presidente Paulo e aprovado pelo Conselho Administrativo.

     Disse ainda que seu irmão é um empregado da cooperativa e negou que fosse uma indicação pessoal do presidente.

     O presidente ainda garantiu em entrevista que o seu irmão não faz parte do departamento jurídico da cooperativa. Ele explicou que o nome do seu irmão e dele próprio aparece nos processos da cooperativa, pois precisavam acompanhar o andamento dos processos enquanto o departamento jurídico estava sendo formado.

     “Eu não advogo para a Cotrijuí, meu irmão não advoga para a Cotrijuí”, disse. “Nós estávamos em transição de remanejamento e reestruturação do nosso departamento jurídico. Para que pudesse acompanhar os processos até então ele [Gilmar] se habilitou em alguns processos, mas ele não é o advogado da Cotrijuí”, disse.

Assinaturas

     Fragoso ainda afirmou em entrevista que vem assinando documentos em nome da cooperativa, mas não de forma pessoal.

     Ele alega que o presidente não pode misturar a vida pessoal com a vida da cooperativa e por isso não tem assinado avais pessoais.

     “A cooperativa tem que firmar o seu negócio e ela tem que firmar sabendo que ela vai poder cumprir. Então os negócios que ela vai firmar daqui pra frente nós estamos cientes que vamos cumprir com esses negócios. Não necessita de aval pessoal do diretor”, explica.

     “Nós assinamos como presidente da Cotrijuí”, disse.

“Terceira Via pra mim não é Terceira Via”, diz Fragoso

     Na sexta-feira, 3, um grupo de associados denominado Terceira Via entregou um abaixo-assinado junto à Cotrijuí pedindo a convocação de uma assembleia para a destituição da atual diretoria.

     “Terceira Via pra mim não é Terceira Via”, disse Fragoso. “A meu ver esse grupo não se contentou com o resultado”, disse.

     Fragoso explica que sua eleição foi legítima e que durante a eleição apenas duas chapas concorreram. Ele ainda diz que durante a votação não houve um número expressivo de votos em branco que contestasse as duas chapas que participavam da eleição.

     Ele ainda diz que esse grupo ainda não apresentou uma proposta clara para a cooperativa e alega que o grupo somente ataca a atual direção. “O grupo inclusive nos ataca de forma infundada porque dizer que nós causamos prejuízo à cooperativa, aonde é que está o prejuízo que nós causamos?”, disse.

     Ele ainda acusa que por detrás do grupo há pessoas que possuem dívidas com a cooperativa. “Estamos desenvolvendo uma ação forte para cobrar nossos créditos junto aos devedores”, disse.

     Fragoso ainda apontou que a auditoria já revelou que ex-dirigentes da cooperativa devem quantias grandes à Cotrijuí.

     Sobre a assembleia, Fragoso diz que o documento será analisado pelo departamento jurídico que verá se preenche todos os requisitos para convocar a assembleia. Em caso positivo, a assembleia será convocada e também será presidida pelo presidente.

     Fragoso ainda afirmou que a data deverá ser escolhida pelo presidente e o Conselho Administrativo.

Renúncia

     “Nós não vamos renunciar”, disse Fragoso ao ser indagado sobre a possibilidade de renúncia.

     Ele ainda destacou que a diretoria permanecerá durante os quatro anos de mandato para o qual foram eleitos.

     Fragoso ainda complementa dizendo que pretende reformular o estatuto, dando o poder de decisão para todos os associados e não somente para delegados nomeados.

     Desse modo, todos os associados teriam poder de voto em uma assembleia, assinala.


Fonte e Fotos: PORTAL IJUHY. COM

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