quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Morre Eva Sopher, presidente da Fundação Theatro São Pedro

Produtora cultural tinha 94 anos

Eva Sopher faleceu nesta quarta-feira | Foto: Paulo Nunes / CP Memória
   Eva Sopher faleceu nesta quarta-feira | Foto: Paulo Nunes / CP Memória

A presidente da Fundação Theatro São Pedro, Eva Sopher, morreu nesta nesta quarta-feira, aos 94 anos. Ela estava no Hospital Moinhos de Vento, que informou que Dona Eva faleceu às 19h10min após ter dado entrada em decorrência de uma broncopneumonia, que evoluiu para falência orgânica múltipla e parada cardiorrespiratória.

Informações sobre velório e sepultamento serão divulgadas pelo Theatro São Pedro. Funcionários do local, que estavam em recesso, foram até o teatro na noite desta quarta para definir as homenagens.

Dona Eva, como era conhecida no meio cultural, estava há mais de quatro décadas à frente do Theatro São Pedro. Em meados dos anos 70, assumiu a direção do icônico centro cultural gaúcho. Até 1984, também foi responsável por coordenar a restauração e reconstrução do espaço como monumento histórico-cultural, preservando-o de uma possível demolição. Um ano depois, reuniu 18 amigos e juntos fundaram a Associação Amigos do Theatro São Pedro, que atualmente tem mais de mil associados.

Amor ao Theatro São Pedro

 
“Eu amo o Theatro São Pedro. Amo este espaço cênico. Foi amor à primeira vista, apesar da condição precária em que o vi pela primeira vez, em 1960. Em 1975, quando fui convidada para coordenar sua restauração, primeiramente recusei – estava demasiado envolvida com outros projetos culturais. Mas meu esposo Wolf convenceu-me com o alerta de que eles então certamente demoliriam o São Pedro, assim como haviam feito com o teatro do outro lado da rua. Neste ponto eu aceitei a tarefa de adotar aquele 'templo secular' como parte de minha vida”, contou ela no prefácio do catálogo “Theatro São Pedro: 150 anos – Porto Alegre”.

Nascida em 18 de junho de 1923, em Frankfurt, na Alemanha, Eva Sopher e seus pais fugiram do nazismo para o Brasil nos anos 30. Em 1960, ela fundou em Porto Alegre uma filial da “ProArte Sociedade de Artes Letras e Ciências”, iniciativa que começou em São Paulo e organizava eventos culturais internacionais. Em pouco tempo, o resultado já apareceu e ela conseguiu promover temporadas com até 24 espetáculos do mais alto nível na capital gaúcha. Já com o Theatro São Pedro, a empreendedora cultural instituiu na região um espaço excepcional para artistas locais iniciantes e estrelas internacionais.

Ao longo de sua vida, Dona Eva recebeu diversas homenagens locais por seu trabalho, como os títulos de “Personalidade do Ano” (Porto Alegre) e “Cidadã Honorária do Estado” (Rio Grande do Sul). Mas sua atuação também foi reconhecida internacionalmente e já em 1970 ela foi condecorada pelo presidente da Alemanha por promover difusão cultural entre Brasil e Alemanha com a Bundesverdienstkreuz Erster Klasse (Cruz de Honra ao Mérito da República Federal da Alemanha, Primeira Classe).

Dentre as demais distinções que recebeu ainda estão a Ordre des Arts et des Lettres (Medalha de Letras e Artes), na França, e o Prêmio “Preservação da Memória”, no Brasil – entregues, respectivamente, em 1978 e 1995. Em 2015, ela também foi agraciada com a Medalha Goethe, concedida pelo governo alemão a personalidades que se destacaram de maneira especial na promoção do intercâmbio cultural internacional. Em função da idade avançada, que a impediu de fazer uma longa viagem, ela não pôde receber o prêmio pessoalmente.

“Exemplo”

Diretor artístico do Theatro São Pedro, Dilmar Messias exaltou o trabalho de Dona Eva: “Foi uma figura, uma pessoa muito importante para a cultura da cidade. Além da restauração do Theatro São Pedro e da construção do Multipalco, ela deixou uma marca de administração, de cuidado com o público, de cuidado com o espaço cênico. É um exemplo de mulher dedicado à cultura”, afirmou.


Fonte: Correio do Povo

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