quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Grêmio é campeão da Recopa com sofrimento nos pênaltis contra o Independiente

Tricolor foi melhor o tempo todo, mas precisou das penalidades para resolver o título

Grêmio é bicampeão da Recopa | Foto: Ricardo Giusti
   Grêmio é bicampeão da Recopa | Foto: Ricardo Giusti

O Grêmio amassou, desperdiçou chances e foi sempre melhor que o Independiente, mas a taça da Recopa veio apenas nas cobranças de penalidades máximas nesta quarta-feira, numa Arena aflita e lotada. Mesmo com um jogador a mais ao longo de todo o segundo tempo, o Tricolor não conseguiu tirar o 0 a 0 do placar no tempo normal e nem na prorrogação. A esperada taça veio apenas na última das dez cobranças previstas. E veio pelas mãos do goleiro Marcelo Grohe, que fez a defesa redentora.

Com a obrigação de vencer para confirmar o título, o Grêmio tomou a iniciativa do jogo durante todo o primeiro tempo. O Independiente, por sua vez, era perigoso em rápidas transições nos contra-ataques. Além disso, as travas das chuteiras argentinas também levavam perigo aos gremistas.

Logo aos sete minutos, Éverton perdeu um gol daqueles para definir campeonato com categoria. Luan fez bela finta no meio e tocou para Cícero na entrada da área. O meia tocou para Éverton que correu nas costas da defesa e driblou o goleiro. Só que o garoto chutou fraco para o gol, dando a chance de Amorebieta tirar em cima da linha.

Na resposta dos hermanos, Marcelo Grohe teve que trabalhar. Menéndez recebeu no contra-ataque e lançou Fernandez nas costas da zaga. O atacante chutou à queima-roupa para boa defesa de Grohe. No rebote, Geromel dividiu com Menéndez e ganhou o tiro de meta.

Campaña faz mágica

O Tricolor foi para cima e a Arena prendeu a respiração com três bruxarias dos argentinos que evitara o gol. Éverton roubou bola no erro de passe zaga. Ele driblou dois e rolou para o meio. Alisson bateu em cima da marcação. O rebote voltou para Éverton a dois passos do gol, mas Campaña conseguiu tirar de soco no mais puro reflexo.

Aos 21, Léo Moura sentiu lesão e foi substituído por Paulo Miranda, improvisado na lateral direita. Quatro minutos depois, foi por aquele lado que Fernandez iniciou contragolpe. A bola acabou com Gaibor e Geromel fez falta para evitar o lance de gol. Na cobrança, frontal e na meia-lua, Gaibor bateu com efeito, tirando tinta do poste esquerdo.

Dois lances capitais ainda marcaram o jogo antes do intervalo. Aos 37, Cícero desviou de cabeça para Luan, que correu livre nas costas da zaga. Ele bateu de chapa, tirando do goleiro, mas caprichosamente passou tirando faísca do poste direito. Dois minutos depois. Amorebieta foi afastar bola na área e deixou o pé no tórax de Luan. As travas do jogador ficaram marcadas nas costelas do gremista e o juiz revisou no árbitro de vídeo. Dito e feito, cartão vermelho para o zagueirão pela jogada violenta.

A vantagem numérica após o intervalo fez a bola grudar no pé dos gremistas, com argentinos contentes em defender e esperar algum espaço para contragolpe. A torcida continuava sofrendo em gritos de "uh!", porém, e a bola demorava para ir para a rede.

Tricolor pressiona, mas continua no zero

Aos dois minutos, Éverton tentou o chute da risca da área, pela esquerda, mas parou nas mãos de Campaña. O garoto voltou a desperdiçar aos oito minutos. Tentou lançar Alisson pelo meio, a zaga rebateu e devolveu nos pés do atacante. Na cara do gol, ele chutou em cima do goleiro. Luan pedia na direita livre, mas não levou.

No lado do Independiente o mais perigoso era Meza. Aos 15, ele deslizou por dois marcadores gremistas e chutou forte de fora da área. Grohe fez boa defesa. Na busca do gol, Renato lançou Jael no lugar de Jailson e, depois, Maicosuel no lugar de Alisson.

Com a bola oferecida pelo Independiente chegou um momento em que por cinco minutos o Grêmio teve praticamente 100% da posse de bola. Ao fim desse período, Jael teve a chance ao receber na meia-lua. Só que ao invés do giro com o chute voltou bola com Cícero. A marcação despachou.
Mas Jael chutou, sim. Ele tabelou com Luan e bateu forte da meia-lua. Campaña espalmou bem posicionado. No rebote, Vidal afastou. No lance seguinte, Éverton recebeu de costas na área, protegeu para o chute de Cícero e a bola explodiu na zaga. A partida estava fadada à prorrogação.

Prorrogação com drama

Ela veio, com o Tricolor no cangote da zaga do Independiente, entretanto sem conseguir romper o bloqueio defensivo. Aos 3, Luan ganhou no meio e correu para o ataque. Abriu grande bola para Jael. O centroavante disparou o chute cruzado, mas mandou para fora.

Dois minutos depois, Jael perdeu a oportunidade do jogo. Maicosuel disparou na direita e achou um grande cruzamento. Jael saltou livre na marca do pênalti e torneou no capricho. Faltou estrela: a bola explodiu no travessão.

Ao se atirar para o ataque, o Grêmio levou aquele susto aos 11 minutos. Paulo Miranda errou o desarme na direita e foi superado por Benitez. Tentou o carrinho e ficou estirado no chão. Benítez fez o cruzamento na risca da pequena área e só não foi gol porque Romero furou em bola. Intervalo da prorrogação e ainda nada do placar mudar.

Começou a parte final do tempo estendido e logo veio a chance do Grêmio marcar. Luan foi derrubado perto da meia-lua e Jael se posicionou para bater. O centroavante bateu forte, a bola desviou na barreira e Campaña quase foi traído. Conseguiu encostar com a ponta dos dedos e evitar o gol.

Aos 5 minutos, Jael fez duas grande assistências e nenhuma foi para o gol. Primeiro, Maicosuel recebeu na área, mas se enrolou na bola e chutou em cima da zaga. No rebote, Jael recebeu na direita e cruzou com carinho, Geromel errou o tempo da bola e Cícero não alcançou no segundo pau.
Só que o Independiente também perdeu chance incrível aos 9 minutos. Gaibor cobrou escanteio e a bola sobrou livre para Meza. Com o gol todo aberto, o argentino cabeceou cruzado e passou por todo mundo sem entrar.

Penalidades perfeitas para espantar o bruxo

A maior bruxaria do Independiente, entretanto, era o goleiro Campaña. Aos 15 minutos, Maicosuel recebeu na intermediária, fugiu de dois marcadores e chutou cruzado. Tinha tudo para ser gol, mas o goleiro fez a defesa. Era hora dos dramas dos pênaltis.

Só que o Tricolor estava afiadíssimo e acertou todas as suas cobranças. Maicon, Cícero, Jael, Éverton e Luan bateram com perfeição, sem chances para o destaque da partida Campaña. O Independiente espetava de volta, guardando quatro gols. Coube a Marcelo Grohe virar ídolo. Na última cobrança, ele saltou certeiro e defendeu para cair no gramado. Campeão, já com braços abertos e comemorando mais título.

Recopa Sul-Americana

Grêmio 0 (5)

Marcelo Grohe; Leonardo Moura (Paulo Miranda), Pedro Geromel, Kannemann e Cortez (Lima); Jaílson (Jael), Maicon, Alisson (Maicosuel), Luan e Everton; Cícero. Técnico: Renato Gaúcho.

Independiente 0 (4)

Martín Campaña; Bustos (Jonás Gutiérrez), Alan Franco, Amorebieta e Gastón Silva; Gaibor, Domingo, Meza e Diego Rodríguez (Martín Benítez); Menéndez (Silvio Romero) e Leandro Fernández (Figal). Técnico: Ariel Holan.

Árbitro: Enrique Cáceres (Fifa/Paraguai).

Cartões amarelos: Alisson, Pedro Geromel, Paulo Miranda (Grêmio); Diego Rodríguez, Gastón Silva, Gaibor (Independiente).

Cartão vermelho: Amorebieta (Independiente).

Público: 40.009 pagantes (42.921 total).

Local: Arena.


Bernardo Bercht
Correio do Povo

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