Espécie Aedes
albopictus ocupa usualmente habitats silvestres
Espécie Aedes albopictus ocupa usualmente
habitats silvestres | Foto: PHIL / Divulgação CP
O Instituto Evandro Chagas apresentou nesta
quinta-feira, durante coletiva de imprensa no Ministério da Saúde, pesquisa que
aponta que o mosquito Aedes albopictus, conhecido como Tigre Asiático, está suscetível ao vírus da
febre amarela em ambiente silvestre ou rural. Mosquitos infectados foram
capturados, no ano passado, em áreas rurais próximas aos municípios de Itueta e
Alvarenga, em Minas Gerais. O instituto é vinculado à Secretaria de Vigilância
em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde.
Diretor do Evandro Chagas, Pedro Vasconcelos
explicou que, se houver transporte do inseto para áreas urbanas, o mosquito
pode vir a servir de vetor de ligação entre os dois ciclos possíveis da doença
no Brasil: o ciclo urbano, que não tem sido mais registrado no país desde a
década de 40, e o silvestre, que é o responsável pelas transmissões atuais.
Essa possibilidade, no entanto, ainda não está confirmada.
“Em princípio, é uma evidência. A gente não pode
falar em risco ainda pelo encontro do vírus nesse mosquito. Ele é um mosquito
que, por sua filogenia, é mais silvestre que urbano ou periurbano. Como ele se
adapta bem às áreas florestais, ele pode ter sido infectado por macacos, mas
não se sabe ainda qual é a capacidade vetorial dele”, afirmou Vasconcelos.
Agora, o instituto deve trabalhar na avaliação
dessa capacidade, pois apenas a presença do vírus não significa que o Aedes
albopictus tenha adquirido o papel de vetor da febre amarela. Também será
estudado, nos próximos dois meses, se mosquitos do gênero continuam
apresentando presença do vírus nas cidades mineiras inicialmente investigadas.
O ministro Ricardo Barros avaliou que a
descoberta “mostra que temos sido diligentes na busca de fatos novos e de
entender por que houve aumento de casos (de febre amarela) no ano passado”.
Para ampliar o escopo do estudo e a capacidade de avaliação, o ministério
aprovou a realização de uma força-tarefa de captura de mosquitos em São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. “Nós esperamos ter o cuidado e a cautela,
como tivemos sempre, de averiguar todas as possibilidades, para que nós
possamos controlar todos os episódios de febre amarela no Brasil”, acrescentou
Barros. Ele também destacou a importância de a população manter-se vigilante e
no combate ao já conhecido Aedes aegypti, que até as primeiras décadas do
século 20 foi responsável por transmitir a febre amarela no ambiente urbano.
Número de casos
Na coletiva, o ministro descartou a ocorrência de
epidemia neste momento e reiterou que não há registro de febre amarela urbana.
O número de casos da doença é, inclusive, menor do que no ano passado. Entre 1°
de julho de 2017 e 15 de fevereiro de 2018, foram 407 casos confirmados no Brasil.
Em São Paulo, foram 118 até hoje; no Rio, 68; e no Distrito Federal, 1. No
mesmo período do ano passado, foram 532 ocorrências.
Quanto aos óbitos, até agora foram 118, contra
166 no mesmo período de 2017. “Nós temos tido menos casos e menos óbitos do que
no ano passado. Isso demonstra que as medidas preventivas foram adequadas”,
apontou Ricardo Barros.
Agência Brasil
Correio do Povo
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