quarta-feira, 13 de abril de 2016

“Se o governo ganhar, vou propor um pacto; se perder, sou carta fora do baralho”, diz Dilma

Presidente recebeu jornalistas no Palácio do Planalto nesta quarta

Dilma pretende negociar até com oposição se evitar impeachment  | Foto: Roberto Stuckert Filho / PR / CP
   Dilma pretende negociar até com oposição se evitar impeachment | Foto: Roberto Stuckert Filho / PR / CP

Em conversa com um grupo de jornalistas nesta quarta-feira, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff disse estar confiante em uma vitória na Câmara contra o pedido de abertura de processo de impeachment. Caso isso aconteça, Dilma vai propor um amplo pacto nacional com todas forças políticas, inclusive da oposição. Indagada se participaria de um pacto no caso de derrota, Dilma respondeu: “Se eu perder sou carta fora do baralho”.

A presidente não deixou claro se a proposta de repactuação será apresentada após a votação do impeachment na Câmara ou no Senado. “Digo qual é o meu primeiro ato pós votação na Câmara. A proposta de um pacto, de uma nova repactuação entre todas as forças políticas, sem vencidos e sem vencedores. Seja pós-Câmara, mas também pós-Senado, sobretudo. No pós-Senado é que isso será mais efetivo”, disse ela.

De acordo com Dilma, a proposta de repactuação vai se estender à oposição. “A oposição existe”, declarou.

Às vésperas da votação que vai selar seu destino político, Dilma recebeu os jornalistas para uma conversa em seu gabinete que se estendeu por mais de duas horas no final da manhã e início da tarde na qual falou sobre suas expectativas para os próximos dias.

Aparentando tranquilidade e em vários momentos bom humor, Dilma se mostrou confiante no resultado da votação, a despeito das notícias negativas dos últimos dias como a decisão do PP de desembarcar do governo.

Dilma disse que vai lutar até o fim pelo seu mandato em todas as instâncias possíveis e descartou fazer como o ex-presidente Fernando Collor, que renunciou depois de ser derrotado na Câmara, em 1992. “O governo vai lutar até o último minuto do último tempo por uma coisa que acreditamos que seja factível que é ganhar contra esta tentativa de golpe que estão tentando colocar contra nós através de um relatório que é uma fraude”, afirmou.

Ela comparou o momento a uma guerra psicológica na qual os dois lados tentam usar os números a seu favor para influenciar os indecisos. “Nós agora nessa reta final estamos sofrendo e vamos sofrer uma guerra psicológica que tem um objetivo que é construir uma situação de efeito dominó”, disse ela.

Dilma minimizou a saída do PP do governo. “É muito difícil neste momento você dizer que um partido desembarcou do governo. Tem situações as mais variadas. Os partidos saem do governo e as pessoas ficam”, disse ela, que não descartou a possibilidade de recorrer ao Judiciário em caso de derrota no Congresso. Ela citou supostas falhas no rito do impeachment em relação ao direito de defesa como possível argumento para a judicialização do caso.

“Não garanto ainda o que nós vamos fazer, porque não tenho a avaliação completa do jurídico do governo. Não sabemos se vamos. E se formos, quando”, disse ela.

Ao final da conversa Dilma foi perguntada sobre o cenário em caso de derrota e também sobre seus planos para o futuro se conseguir terminar o mandato. “Vou embora para a minha casa em Porto Alegre. Tenho direito à aposentadoria”, afirmou.


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Correio do Povo

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