sexta-feira, 29 de abril de 2016

Pesquisa em Campo Novo mostra que morte de índios originou localidade Pontão da Mortandade



Pesquisa feita por estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio São Francisco de Sales, de Campo Novo, trouxe à tona o confronto ocorrido há 182 anos entre famílias indígenas e bandeirantes. A pesquisa foi apresentada durante o Encontro Interétnico, realizado nesta quarta-feira (27/04) no auditório da Escola e apresentado também para estudantes da Escola de Ensino Fundamental Campo Novo.

A pesquisa foi feita no ano passado (2015) pelas alunas do ensino médio Thamara Woll, Lara Masarro e Maria Mombach, sob a coordenação dos professores da área das Humanas, Gilce Sampaio e Joares Pires.

De acordo com a pesquisa, o local onde os indígenas foram mortos pelos bandeirantes, em 1834, é hoje chamado de Pontão da Mortandade. O cacique Fongue, que à época liderava os indígenas, teria sobrevivido à chacina, indo morar onde atualmente é a Terra Indígena do Guarita. 

De acordo com dados históricos, a maioria dos bandeirantes era descendente de portugueses, que adentravam pelo interior do Brasil em busca de ouro e escravos. Eles seriam responsáveis pela escravização e extermínio de centenas de indígenas. 

Convivência, um exercício de valor

A iniciativa de pesquisar a origem do povoamento de Campo Novo faz parte de um projeto pedagógico mais amplo, em curso na escola. De acordo com a diretora, professora Jane Gonçalves Lena, a pesquisa se insere no Projeto Convivência, um exercício de valor, que está sob a responsabilidade da área das Humanas, da qual também fazem parte os professores Elise de Moura Rosa, Antônio Dorneles, Hélio Katzer, Márcia Antônia da Silva, Alcides Grassi e Claudia Fassini. 

Ainda de acordo com a diretora Jane, existem outras três grandes áreas do conhecimento na escola São Francisco de Sales: Matemática, Ciências da Natureza e Linguagens. Todas essas áreas desenvolvem projetos, tendo em vista um único tema, definido no início de cada ano letivo. O tema deste ano, por exemplo, é Todos por uma Escola Melhor. 

Indígenas 

Ainda dentro da programação do Encontro Interétnico, a Emater/RS-Ascar apresentou ações que desenvolve com o público indígena no Rio Grande do Sul, em especial na Terra Indígena do Guarita, que abrange os municípios de Tenente Portela, Redentora e Erval Seco. Nos últimos dois anos, aproximadamente 855 famílias das etnias Kaingang e Guarani, que vivem na Terra Indígena do Guarita, receberam Assistência Técnica e Social da Unidade Indígena da Emater/RS-Ascar, com sede em Tenente Portela. Os extensionistas executaram uma série de atividades propostas pelos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário (MDA). De acordo com a extensionista da Emater/RS-Ascar, Elise de Moura, é preciso estar atento para que o diálogo não seja contaminado pelas regras de um discurso verticalizado, cujos princípios estabelecem superioridade de uma cultura em relação à outra. 

O grupo Gakrã, da etnia Kaingang da Terra Indígena do Guarita, também se apresentou no evento de Campo Novo. O professor Kaingang Guilherme Ferreira explicou que a pintura no corpo dos indígenas serve para identificar as famílias. No grupo Gakrã, por exemplo, há dois tipos de pintura, correspondentes às famílias Kame e Kanhru. No fim de maio, o grupo Gakrã viaja para Brasília, onde fará apresentação.


Informações
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar Regional de Ijuí
Jornalista Cleuza Noal Brutti

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