Taxistas realizaram protesto na tarde desta
terça, após morte de colega | Foto: Guilherme Almeida
Foram capturados, na tarde desta terça-feira, os
dois adolescentes suspeitos de terem assassinado o taxista Ermínio Oliveira da
Silva, 39 anos. O corpo do homem foi
encontrado em uma área de vegetação, na localidade conhecida como Passo da Canoa, em Gravataí,
na região Metropolitana, nas proximidades da ERS 118 com a BR 290, pela manhã.
Os menores, que não tiveram os nomes divulgados pela polícia, em respeito ao
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foram detidos pela Brigada Militar
(BM) em Santo Antônio da Patrulha, no litoral Norte, por volta das 17h, pelo
envolvimento em outro delito.
De acordo com o responsável pela investigação, o
titular da 2ª Delegacia de Polícia (DP) de Gravataí, delegado Gustavo Bermudes
Menegazzo da Rocha, o caso é tratado como latrocínio – roubo seguido de morte.
“Ainda não ouvi os adolescentes, mas ao que tudo indica o crime ocorreu no
trajeto de Porto Alegre a Gravataí. Não sabemos se ele reagiu ou o que motivou
o assassinato”, declarou. Pelos ferimentos, possivelmente ele tenha sido morto
a pauladas.
Bermudes ouviu também colegas de Silva, que viram
a dupla na Estação Rodoviária de Porto Alegre. “Representaremos pela detenção
dos dois para o Judiciário, tendo em vista a gravidade do crime e crueldade.”
Segundo ele, o corpo foi localizado no início da manhã, em uma região em que
não há residências no entorno. O carro do profissional foi encontrado às
margens da freeway, em Santo Antônio da Patrulha, às 10h40min, segundo a
Polícia Rodoviária Federal, com uma grande quantidade de sangue no interior.
A auxiliar jurídico do ponto de táxi da
rodoviária, Morgana Murat Niffa, detalhou que a vítima estava no carro há duas
semanas. Atuava junto com Theo Lima dos Santos, 30 anos. Ainda chocada com a
crueldade da execução, disse que a dupla havia solicitado a corrida para outros
motoristas, que desconfiados, recusaram. “O pessoal estranhou porque eles
pediram para seguir até Santo Antônio da Patrulha e que quando chegassem lá, a
tia de um deles faria o pagamento. Ninguém aceitou, tanto que até se queixaram
para o nosso orientador (profissional que indica o veículo aos passageiros)”,
revelou a auxiliar.
Santos conta que falou com Silva, na
segunda-feira, apenas por um aplicativo de troca de mensagens. “Eles chegaram
nele e disseram que iriam até Gravataí. Uma viagem que custaria cerca de R$
150. Foram até ele com a história diferente daquela dita para os outros. Então,
ele aceitou, infelizmente se arriscou demais, porque não é o perfil de
passageiro que costumamos carregar aqui, que geralmente são pessoas que estão
em viagem, vão passear ou para alguma consulta médica”, expressou.
Protesto
Segundo ele, desde 21 de dezembro o número de
assaltos a taxistas aumentou. “Infelizmente, agora ocorreu essa tragédia. Ele
deixa a companheira, que teve alta do hospital devido a problemas de saúde no
último fim de semana, além de três filhos.” Morgana também lamentou o ocorrido.
“Ele era uma pessoa calma, tranquila e até introspectiva. O Ermínio foi muito
agredido, foi uma covardia o que fizeram, há muito tempo não havia um crime
como esse.” Na tarde desta terça, das 15h até por volta das 16h, os colegas
fizeram uma manifestação na cidade, para protestar pelo que ocorreu.
O presidente do Sindicato dos Taxistas (Sintaxi)
de Porto Alegre, Luiz Nozari, lamentou o ocorrido. Ele pediu mais segurança
para a categoria e enalteceu a prisão feita pela polícia. “Infelizmente ele se
arriscou, era uma pessoa experiente, mas não sabemos a necessidade que ele
tinha em fazer a corrida. Ele resolveu arriscar, não é crítica, mas uma
observação aos profissionais”, disse. Nozari afirmou que o uso de aplicativos
para chamar os táxis são mais seguros para os condutores. “Sempre digo que os
profissionais precisam ter clientes e não passageiros. Foi um crime muito
grave, uma morte violenta. A primeira do ano, esperamos que seja a última.”
Franceli Stefani
Correio do Povo
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