quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Polícia apreende adolescentes suspeitos de matar taxista

Dupla foi detida pela Brigada Militar em Santo Antônio da Patrulha

Taxistas realizaram protesto na tarde desta terça, após morte de colega | Foto: Guilherme Almeida
   Taxistas realizaram protesto na tarde desta terça, após morte de colega | Foto: Guilherme Almeida

Foram capturados, na tarde desta terça-feira, os dois adolescentes suspeitos de terem assassinado o taxista Ermínio Oliveira da Silva, 39 anos. O corpo do homem foi encontrado em uma área de vegetação, na localidade conhecida como Passo da Canoa, em Gravataí, na região Metropolitana, nas proximidades da ERS 118 com a BR 290, pela manhã. Os menores, que não tiveram os nomes divulgados pela polícia, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foram detidos pela Brigada Militar (BM) em Santo Antônio da Patrulha, no litoral Norte, por volta das 17h, pelo envolvimento em outro delito.

De acordo com o responsável pela investigação, o titular da 2ª Delegacia de Polícia (DP) de Gravataí, delegado Gustavo Bermudes Menegazzo da Rocha, o caso é tratado como latrocínio – roubo seguido de morte. “Ainda não ouvi os adolescentes, mas ao que tudo indica o crime ocorreu no trajeto de Porto Alegre a Gravataí. Não sabemos se ele reagiu ou o que motivou o assassinato”, declarou. Pelos ferimentos, possivelmente ele tenha sido morto a pauladas.

Bermudes ouviu também colegas de Silva, que viram a dupla na Estação Rodoviária de Porto Alegre. “Representaremos pela detenção dos dois para o Judiciário, tendo em vista a gravidade do crime e crueldade.” Segundo ele, o corpo foi localizado no início da manhã, em uma região em que não há residências no entorno. O carro do profissional foi encontrado às margens da freeway, em Santo Antônio da Patrulha, às 10h40min, segundo a Polícia Rodoviária Federal, com uma grande quantidade de sangue no interior.

A auxiliar jurídico do ponto de táxi da rodoviária, Morgana Murat Niffa, detalhou que a vítima estava no carro há duas semanas. Atuava junto com Theo Lima dos Santos, 30 anos. Ainda chocada com a crueldade da execução, disse que a dupla havia solicitado a corrida para outros motoristas, que desconfiados, recusaram. “O pessoal estranhou porque eles pediram para seguir até Santo Antônio da Patrulha e que quando chegassem lá, a tia de um deles faria o pagamento. Ninguém aceitou, tanto que até se queixaram para o nosso orientador (profissional que indica o veículo aos passageiros)”, revelou a auxiliar.

Santos conta que falou com Silva, na segunda-feira, apenas por um aplicativo de troca de mensagens. “Eles chegaram nele e disseram que iriam até Gravataí. Uma viagem que custaria cerca de R$ 150. Foram até ele com a história diferente daquela dita para os outros. Então, ele aceitou, infelizmente se arriscou demais, porque não é o perfil de passageiro que costumamos carregar aqui, que geralmente são pessoas que estão em viagem, vão passear ou para alguma consulta médica”, expressou.

Protesto

Segundo ele, desde 21 de dezembro o número de assaltos a taxistas aumentou. “Infelizmente, agora ocorreu essa tragédia. Ele deixa a companheira, que teve alta do hospital devido a problemas de saúde no último fim de semana, além de três filhos.” Morgana também lamentou o ocorrido. “Ele era uma pessoa calma, tranquila e até introspectiva. O Ermínio foi muito agredido, foi uma covardia o que fizeram, há muito tempo não havia um crime como esse.” Na tarde desta terça, das 15h até por volta das 16h, os colegas fizeram uma manifestação na cidade, para protestar pelo que ocorreu.

O presidente do Sindicato dos Taxistas (Sintaxi) de Porto Alegre, Luiz Nozari, lamentou o ocorrido. Ele pediu mais segurança para a categoria e enalteceu a prisão feita pela polícia. “Infelizmente ele se arriscou, era uma pessoa experiente, mas não sabemos a necessidade que ele tinha em fazer a corrida. Ele resolveu arriscar, não é crítica, mas uma observação aos profissionais”, disse. Nozari afirmou que o uso de aplicativos para chamar os táxis são mais seguros para os condutores. “Sempre digo que os profissionais precisam ter clientes e não passageiros. Foi um crime muito grave, uma morte violenta. A primeira do ano, esperamos que seja a última.”


Franceli Stefani
Correio do Povo

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