Índios mobilizados na Reserva do Guarita |
Foto: Marcos Nunes / Observador Regional / CP
O procurador da República Guilherme Augusto
Velmovitsky van Hombeeck, do Ministério Público Federal (MPF) de Palmeira das
Missões, encaminhou documento ao presidente Jair Bolsonaro solicitando
intervenção federal na área que corresponde à Reserva Indígena do Guarita. A
motivação foi uma ameaça de conflito entre dois grupos rivais, que divergem
sobre uma eleição para cacique que ocorreu no ano passado. O MPF teme a evolução
da crise para um estágio mais crítico e grave de caos, morte e destruição.
A reserva está localizada em território dos
municípios de Tenente Portela, Erval Seco e Redentora. São 23 mil hectares,
onde residem cerca de sete mil índios, a maior população indígena do Estado. O
procurador lembra que em 2017 ocorreu o primeiro impasse. “O então cacique foi
preso, o que gerou um desconforto na reserva para definir uma nova liderança
indígena.”
Então, os indígenas solicitaram auxílio no MPF e
Funai para a realização de uma eleição na comunidade. No mês de março de 2018,
o derrotado pediu providências para a comissão eleitoral sobre a legitimidade
do processo, o que foi negado. Em novembro, foi feita uma nova solicitação ao
Ministério. “O MPF reafirmou a legitimidade do processo, e isso está
incomodando o grupo que perdeu as eleições”, destacou.
O segundo impasse ocorreu em no final do ano
passado quando se definiram dois grupos rivais. O MPF chegou a tentar um acordo
pacífico entre os grupos. No dia 10 ocorreu a primeira ameaça de confronto, com
disparo de armas de fogo. Desde então os grupos estão em iminência de conflito.
O documento, com data de 16 de janeiro, justificou ainda a preocupação de
prefeituras da região, órgãos de segurança pública e da comunidade sobre a
segurança na região.
Famílias indígenas sofrem com situação
Em nota, o prefeito de Tenente Portela, Clairton
Carboni, alertou que famílias indígenas que não estão evolvidas na disputa
sofrem com a situação. “Famílias indígenas têm procurado o município para
relatar fatos de ameaças e até de agressões”. O MPF afirmou no documento que a
situação é grave e tem levado pânico aos integrantes da comunidade com diversos
dos seus integrantes temendo por danos à sua vida e integridade física.
Há duas semanas a Brigada Militar
(BM) deslocou efetivos da região para garantir a segurança. O major Diego
Munari, responsável pelo 7º Batalhão de Polícia Militar (BPM) em Três Passos,
contou que as equipes fazem patrulhamento interno e externo na reserva. “Em
alguns locais existem bloqueios, o que impede a aproximação dos policiais. Nosso
trabalho é realiza o policiamento ostensivo”, revelou.
Nesta sexta-feira ocorrerá uma reunião na Polícia
Federal em Santo Ângelo, com a presença de representantes dos grupos rivais e
MPF, na busca de um acordo pacífico. A reportagem não conseguiu contato com as
lideranças indígenas. Também contatou a Funai e aguarda retorno.
Felipe Dorneles
Correio do Povo
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