sexta-feira, 6 de julho de 2018

PF liga Marun a investigados em operação

Ministro reagiu com irritação às acusações feitas pela órgão

PF liga Marun a investigados na operação | Foto: Wilson Dias / Agência Brasil / CP Memória
   PF liga Marun a investigados na operação | Foto: Wilson Dias / Agência Brasil / CP Memória

Em pedido para realizar busca e apreensão em endereços do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, a Polícia Federal afirmou ter evidências de que o emedebista e um dos mais próximos assessores do presidente Michel Temer também manteria contato com pessoas ligadas ao Ministério do Trabalho e suspeitas de integrar o grupo que fraudava a emissão de registro sindical.

A solicitação não foi aceita pelo ministro Edson Fachin, relator da operação no Supremo Tribunal Federal (STF). A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também havia se posicionado contra o pedido, argumentando que não há elementos da participação do ministro nos crimes investigados pela operação. A decisão foi no mesmo despacho em que autorizou o afastamento de Helton Yomura, ministro do Trabalho, que pediu demissão. Ao solicitar busca contra Marun e ainda sua chefe de gabinete, Vivianne Melo, a Polícia Federal citou conversas interceptadas de investigados.

Essas conversas, segundo a PF, mostram que o ministro se valeria de sua posição e cargo político para solicitar registros sindicais a entidades de seu interesse. A PF cita mensagens entre a chefe de gabinete de Marun e o ex-coordenador de registro sindical do MTE Renato Araújo, preso na primeira fase da Registro Espúrio. Nas mensagens, também aparece Júlio de Souza Bernardo, chefe de gabinete do Ministério do Trabalho, preso nesta quinta. Sobre as conversas, a PF afirma: "Júlio elogia essas reuniões e diz que precisa apresentar Renato ao ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun.

Araújo afirma que será deferido o segundo registro sindical pedido pelo ministro Marun, evidenciando que ele se vale de sua força política para solicitar concessões de registros das entidades de seu interesse". Em depoimento concedido ontem à PF, Júlio Bernardo confirma ter recebido pedidos de informações de Marun sobre andamento de processos. Filiado ao PTB, respondeu afirmativamente à pergunta da PF se Marun falou com ele sobre um pedido de registro do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias e Cooperativas de Carnes e Derivados, Indústrias da Alimentação de São Gabriel do Oeste (Sintrael).

Ainda no depoimento, afirmou que já conversou com Marun quatro ou cinco vezes e que eles chegaram a assistir juntos ao jogo da Seleção Brasileira na segunda-feira, contra o México, na casa de um amigo em comum. Eles teriam assistido ao jogo por coincidência, segundo o depoimento.

"Safadeza"

Em entrevista no Palácio do Planalto, Marun reagiu irritado às acusações da PF. "Estou sendo enxovalhado por causa de uma safadeza", afirmou. O ministro leu uma nota para relatar que "nunca" pisou no Ministério do Trabalho, mas disse que mandou, num procedimento de "rotina", uma assessora acompanhar sindicalistas de Mato Grosso do Sul numa visita à pasta.

"Solicitei a uma assessora que acompanhasse esses sindicalistas ao ministério para que fosse verificada possibilidade ou não às reivindicações apresentadas, uma coisa de rotina que faço diariamente em relação a várias questões. Eu vou apresentar uma queixa-crime contra esse vazamento pusilânime, canalha e vagabundo que me faz passar por esse constrangimento e deixou minha família sofrendo. Meu pai, de 87 anos, acaba de sair do hospital, e minha, está com 86", disse o ministro, exaltado. "Se alguém fez isso pensando que ia me assustar, se enganou redondamente", afirmou.

Marun ainda afirmou que a iniciativa será uma conspiração de baixo nível.  "É uma conspiração asquerosa contra governo e presidente Temer." O ministro pediu ainda aos "companheiros" do Congresso que analisassem uma lei contra "abuso de autoridades". Procurada, a defesa de Vivianne Melo não foi localizada.


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Correio do Povo

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