PF liga Marun a investigados na operação |
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil / CP Memória
Em pedido para realizar busca e apreensão em
endereços do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, a Polícia Federal
afirmou ter evidências de que o emedebista e um dos mais próximos assessores do
presidente Michel Temer também manteria contato com pessoas ligadas ao
Ministério do Trabalho e suspeitas de integrar o grupo que fraudava
a emissão de registro sindical.
A solicitação não foi aceita pelo ministro Edson
Fachin, relator da operação no Supremo Tribunal Federal (STF). A
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também havia se posicionado
contra o pedido, argumentando que não há elementos da participação do ministro
nos crimes investigados pela operação. A decisão foi no mesmo despacho em que
autorizou o afastamento de Helton Yomura, ministro do Trabalho, que pediu
demissão. Ao solicitar busca contra Marun e ainda sua chefe de gabinete,
Vivianne Melo, a Polícia Federal citou conversas interceptadas de investigados.
Essas conversas, segundo a PF, mostram que o
ministro se valeria de sua posição e cargo político para solicitar registros
sindicais a entidades de seu interesse. A PF cita mensagens entre a chefe de
gabinete de Marun e o ex-coordenador de registro sindical do MTE Renato Araújo,
preso na primeira fase da Registro Espúrio. Nas mensagens, também aparece Júlio
de Souza Bernardo, chefe de gabinete do Ministério do Trabalho, preso nesta
quinta. Sobre as conversas, a PF afirma: "Júlio elogia essas reuniões e
diz que precisa apresentar Renato ao ministro-chefe da Secretaria de Governo da
Presidência da República, Carlos Marun.
Araújo afirma que será deferido o segundo
registro sindical pedido pelo ministro Marun, evidenciando que ele se vale de
sua força política para solicitar concessões de registros das entidades de seu
interesse". Em depoimento concedido ontem à PF, Júlio Bernardo confirma
ter recebido pedidos de informações de Marun sobre andamento de processos.
Filiado ao PTB, respondeu afirmativamente à pergunta da PF se Marun falou com
ele sobre um pedido de registro do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias e
Cooperativas de Carnes e Derivados, Indústrias da Alimentação de São Gabriel do
Oeste (Sintrael).
Ainda no depoimento, afirmou que já conversou com
Marun quatro ou cinco vezes e que eles chegaram a assistir juntos ao jogo da
Seleção Brasileira na segunda-feira, contra o México, na casa de um amigo em
comum. Eles teriam assistido ao jogo por coincidência, segundo o depoimento.
"Safadeza"
Em entrevista no Palácio do Planalto, Marun
reagiu irritado às acusações da PF. "Estou sendo enxovalhado por causa de
uma safadeza", afirmou. O ministro leu uma nota para relatar que
"nunca" pisou no Ministério do Trabalho, mas disse que mandou, num
procedimento de "rotina", uma assessora acompanhar sindicalistas de
Mato Grosso do Sul numa visita à pasta.
"Solicitei a uma assessora que acompanhasse
esses sindicalistas ao ministério para que fosse verificada possibilidade ou
não às reivindicações apresentadas, uma coisa de rotina que faço diariamente em
relação a várias questões. Eu vou apresentar uma queixa-crime contra esse
vazamento pusilânime, canalha e vagabundo que me faz passar por esse
constrangimento e deixou minha família sofrendo. Meu pai, de 87 anos, acaba de
sair do hospital, e minha, está com 86", disse o ministro, exaltado.
"Se alguém fez isso pensando que ia me assustar, se enganou
redondamente", afirmou.
Marun ainda afirmou que a iniciativa será uma
conspiração de baixo nível. "É uma conspiração asquerosa contra
governo e presidente Temer." O ministro pediu ainda aos
"companheiros" do Congresso que analisassem uma lei contra
"abuso de autoridades". Procurada, a defesa de Vivianne Melo não foi
localizada.
ESTADÃO
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Correio do Povo
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