Estudantes se reuniram na Praça do Relógio, na Cidade Universitária, para um ato em apoio à presença da Polícia Militar no campus da USP, na Zona Oeste de São Paulo, nesta terça-feira (1º). O evento contou com a presença de alunos de diversas faculdades, como da Escola Politécnica, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), Escola de Educação e Artes (ECA) e até da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
O protesto acontece dias depois de alunos da FFLCH entrarem em confronto com policiais. Na quinta-feira (27), três jovens que, segundo a PM, estavam com porções de maconha foram detidos dentro do campus. Revoltados com a abordagem, outros estudantes tentaram evitar que o trio fosse levado a uma delegacia.
Após horas de negociação, polícia e estudantes chegaram a um acordo. A caminho da saída da USP, porém, a PM foi cercada por alunos e um bate-boca começou. Um cavalete foi jogado nos PMs, que reagiram usando cassetetes e bombas de gás para dispersar o grupo. Na mesma noite, alunos invadiram o prédio da administração da FFLCH em protesto contra a presença da corporação no campus.
Organizado por meio de redes sociais, a manifestação desta terça estava prevista para reunir ao menos de 1.100 pessoas. No entanto, o número foi aquém, chegando a cerca de 200. Uma das responsáveis pelo protesto, a estudante de letras Marina Grilli disse que a maior parte dos alunos é a favor da PM, inclusive na FFLCH. “Lá dentro [FFLCH] o pessoal tem medo de falar sobre isso [apoio à PM], porque têm alguns radicais. Não são maioria, mas como costumam convocar assembleias, fazer votações, acabam encaminhando sua vontade. Mas é algo duvidoso.”
Ela é a favor que a polícia continue no campus até que a Guarda Universitária esteja mais bem capacitada. “Não faz sentido se livrar da única forma de se ter segurança aqui dentro da USP.” O aluno de engenharia elétrica Henrique Ianelli, de 19 anos, disse que “uma pequena minoria é que tem feito essa baderna”. Ele defende, inclusive, a abordagem dentro da USP.
Oradores se mostraram a favor da realização de um plebiscito para decidir se a polícia deve ou não ficar no campus. A manifestação estava prevista para terminar no estacionamento da FEA, onde o estudante Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, foi assassinado. Os alunos que são contra a PM marcaram para a noite desta terça uma assembleia para decidir se continuam com a ocupação.
O tenente-coronel da PM José Luiz de Souza, que acompanhou de longe a manifestação, disse que a abordagem de alunos é normal. “Não é um excesso. A abordagem é um dos recursos para reprimir ilícitos de maneira geral. É um poder legal da polícia.” Para ele, a maioria dos alunos quer que a integrantes da corporação permaneçam no campus. “Entendo que seja uma minoria que quer a saída da PM. Temos manifestações de apoio aqui no campus e pelas redes sociais.”
Convênio
Em 8 de setembro, representantes da USP e do comando da Polícia Militar formalizaram um convênio de cinco anos para aumentar a segurança na Cidade Universitária. Firmaram o documento Antonio Ferreira Pinto, secretário estadual da Segurança Pública, o coronel Álvaro Batista Camilo, comandante do policiamento do estado, e o professor João Grandino Rodas, reitor da USP.
Na prática, com o convênio, foi combinado um aumento do efetivo que atua no campus da USP. A medida foi tomada após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, ocorrida na noite de 18 de maio. O jovem foi baleado quando se aproximava de seu carro em um estacionamento da FEA. Dois homens presos pelo crime foram indiciados por latrocínio.
Na ocasião, o reitor da USP disse que o objetivo de manter policiais militares no campus não era o de coibir manifestações por parte dos alunos e funcionários. "As manifestações são parte da democracia. Elas não serão impedidas", afirmou.
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