sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Professores decidem por greve a partir da próxima segunda





 Gigantinho recebeu milhares de professores para a assembleia da categoria | Foto: Cristiano Estrela

     Os professores estaduais decidiram, em assembleia na tarde desta sexta-feira, pela suspensão das aulas a partir da próxima segunda-feira, a 25 dias do final do ano letivo. A decisão foi tomada por ampla maioria no Ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, e a paralisação não tem data para terminar.
     Durante o encontro, as manifestações em defesa do início da greve no próximo ano letivo eram bastante vaiadas. O indicativo já havia sido aprovado por 29 dos 42 núcleos regionais do Cpers/Sindicato. Depois da decisão pela greve, outros pontos da categoria foram votados na assembleia, sob coordenação da presidente do Cpers, Rejane de Oliveira.
     Com o fim do encontro, os professores caminharam em direção ao Palácio Piratini, na Praça da Matriz. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) orienta os motoristas a evitar trafegar pelo Centro da Capital. A avenida Borges de Medeiros será bloqueada.
     A categoria reivindicava a implantação imediata do piso salarial para professores, aprovado em 2008, de R$ 1.187. Hoje, o professor recebe R$ 790 para 40 horas semanais. O governo aceitava pagar o piso até o fim do mandato de Tarso Genro, em 2014. Os professores protestavam ainda contra a reforma educacional, que inclui novo sistema de avaliação do magistério, alteração no plano de carreira e no Ensino Médio.
    
O Estado soma 75 mil alunos matriculados no 3º ano do Ensino Médio, aptos a fazer vestibular e a entrar em uma universidade a partir de 2012. Os alunos que não concluírem o ano letivo podem participar do processo seletivo, mas ficarão impedidos de fazer a matrícula se não conseguirem comprovar a conclusão do 3º ano. Ao todo, há 1,2 milhão de estudantes matriculados na rede estadual de ensino.

Mobilização


     Em entrevista após o encontro, Rejane considerou ofensiva a suspeita de que a mobilização dos professores tenha sido menor em relação a anos anteriores. “Quem diz que a categoria não tem força tenta enfraquecer a luta do Cpers”, afirmou. Ela acrescentou que espera mobilização da sociedade em defesa da pauta. “O tamanho da mobilização da nossa categoria é o tamanho do apoio que recebemos.”
     Ontem, o secretário estadual da Educação, José Clóvis de Azevedo, havia afirmado que se o Cpers decidisse pela greve haveria um rompimento unilateral da categoria com o governo. A negociação com o sindicato ocorria desde fevereiro. O governador Tarso Genro disse que aceitaria uma eventual paralisação por motivos concretos, e não por "mentiras e promessas" que nunca teria feito durante a campanha.

Crítica interna

     Antes da decisão, a integrante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ex-presidente do Cpers/Sindicato, Simone Goldschmidt criticou a mobilização. A sindicalista afirmou que, em 30 dias, não se constrói um movimento grevista. "Não acreditamos em greve de vanguarda, como já tivemos em 2009, com mil ou 2 mil pessoas. Isso não leva a discussão à sociedade", salientou.
     Conforme a ex-dirigente, os encontros contavam com poucos filiados. "Já foi a época em que o Cpers reunia 10 mil, 20 mil pessoas. Quem não vem à assembleia é porque não vai aderir ao movimento grevista e prefere permanecer na escola dando suas aulas sem discutir. É uma minoria. Foi o que ocorreu em 2008 ", acrescentou. Ela apoiava o início da greve no ano que vem.

Fonte: Correio do Povo, com informações do repórter Voltaire Porto, da Rádio Guaíba

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