"ARA San
Juan" foi encontrado a uma profundidade de 800 metros na região da
Península Valdés, na Patagônia
Embarcação tinha 44 tripulantes a bordo | Foto:
Marinha Argentina / Divulgação / CP Memória
O
submarino San Juan, da Marinha da Argentina, que desapareceu há um ano no
Oceano Atlântico, com 44 tripulantes a bordo, foi localizado na sexta-feira,
informou a força armada em sua conta no Twitter. "Tendo investigado o
ponto de interesse No. 24 relatado pela Ocean Infinity, através da observação
feita com um ROV de 800 metros de profundidade, identificação positiva foi dada
a #AraSanJuan", diz a mensagem da Marinha, referindo-se à empresa que
estava buscando o submarino há meses.
O último contato com o submarino "ARA San
Juan" ocorreu em 15 de novembro de 2017, quando navegava no Golfo de São
Jorge, a 450 km da costa. Ele voltava de Ushuaia, no extremo sul da Argentina,
e se dirigia para Mar del Plata. "O navio da Ocean Infinity decidiu
realizar uma nova busca e graças a Deus localizou a zona onde o submarino está
afundado", declarou o porta-voz da Marinha Rodolfo Ramallo à emissora de
televisão TN. "Agora se abre um novo capítulo", acrescentou Ramallo,
observando que uma vez que o estado do submarino seja conhecido, será decidido
como proceder.
A busca por "ARA San Juan" começou 48
horas após o último contato. Treze países colaboraram, mas a maioria se retirou
antes do final de 2017, sem resultados.
"Estamos destruídos"
Antes de
anunciar publicamente a descoberta do submarino, as autoridades alertaram aos
parentes da tripulação que todos a bordo morreram. "Eu ainda tinha
esperanças de que eles pudessem estar vivos", declarou Luis Niz, pai de um
dos marinheiros, aos jornalistas, visivelmente emocionado.
Yolanda
Mendiola, mãe do cabo Leandro Cisneros, 28 anos, disse que está reunida com
membros de outras famílias que aguardam mais detalhes. "Estamos todos
destruídos", afirmou. "Agora queremos saber o que aconteceu. Houve
falhas, claro. A justiça tem que investigar. Se houver culpados, que sejam
punidos. Dá para imaginar. São 44 meninos, e quando entraram naquele submarino,
estavam vivos", acrescentou.
A maioria
dos familiares dos 44 tripulantes, entre os quais havia uma mulher, permaneceu
por um ano em Mar del Plata, aguardando notícias. A pressão delas, que juntaram
recursos e acamparam 52 dias na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência,
em Buenos Aires, levou à contratação da empresa americana Ocean Infinity para
retomar o rastreamento.
O
navio da Ocean Infinity partiu no dia 7 de setembro e estava prestes a
interromper a busca quando ocorreu a descoberta. Apenas um dia antes, a Marinha
organizou um ato em homenagem à tripulação do submarino San Juan, em Mar del
Plata, por ocasião do aniversário de um ano de seu desaparecimento.
A
cerimônia contou com a presença do presidente Mauricio Macri e também de vários
parentes dos marinheiros. O investimento nos trabalhos de buscas alcança 920
milhões de pesos (25,5 milhões de dólares).
Explosão
Lançado
na Alemanha em 1983 e incorporado à Marinha argentina em 1985, o "San
Juan" era um dos três submarinos do país e seu processo de reparos havia
terminado em 2014. No dia do acidente, uma explosão foi registrada três horas
depois da última comunicação com o submarino, quando o capitão da embarcação
reportou a superação de uma falha no sistema de baterias devido à entrada de
água pelo snorkel.
A
tragédia motivou a destituição do comandante da Marinha, Marcelo Srur. Alguns
tripulantes comentaram que a embarcação tinha sido seguida por navios ingleses.
Isso fez que alguns familiares pensassem que poderiam ter passado pela zona de
exclusão das Ilhas Malvinas, cuja soberania motivou um conflito entre Argentina
e Grã-Bretanha em 1982.
AFP
Correio
do Povo
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