quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Santo Augusto corre risco de perder curso de Agronomia

Projeto que visava venda de bens para comprar área agrícola sofreu alteração na Câmara de Vereadores


Após anos de trabalho e muita expectativa, no primeiro semestre de 2018 o Instituto Federal Farroupilha campus Santo Augusto iniciou a oferta do tão sonhado curso de Bacharelado em Agronomia. Porém, por divergências políticas, em menos de um ano, o município corre risco de perder o curso superior. 
 
Devido à ampla divulgação, todos são sabedores que a oferta somente seria viável se a instituição conseguisse uma área agrícola – em torno de 25 hectares, para as aulas praticas. Sem recursos próprios, a direção da instituição buscou apoio dos poderes Legislativo e Executivo do município (isso nas gestões 2013/2016), tendo, inclusive, sido assinado um termo de cooperação e comprometimento dos poderes, onde todos trabalhariam em prol da área para o IFFar. 
 
Em um cenário de crise, com escassez de recursos, a atual administração, consciente do termo assinado e da importância do curso, encaminhou no dia 03 de setembro o Projeto de Lei N° 47/2018 visando leiloar bens ociosos do município para viabilizar recursos. Porém, nessa segunda-feira, 12, na sessão da Câmara de Vereadores, o projeto sofreu uma mudança de última hora, com uma emenda apresentada por cinco vereadores de oposição – Claudiomar Nicoli, Douglas Bertolo, Horácio Ferrando Dornelles, Ultramar Luís de Souza e Valdez Krampe.

 

A emenda sugeriu a retirada de quatro itens que seriam leiloados, entre eles, o de maior valor, avaliado em quase R$ 1 milhão. O projeto foi aprovado com a emenda por cinco votos a favor e quatro contra. Votaram contra os vereadores Dione Dagmar Sperotto, Josias de Oliveira, Irani Oliveira da Rosa, Joel Antunes da Rosa. 

O que pensam os principais envolvidos 

Segundo o prefeito Naldo Wiegert, sem a provação do projeto na forma original, o município não tem como comprar a área para a instituição, com isso corre-se risco de perder o curso, o que seria prejudicial para a comunidade local e regional. “Fazer oposição também requer responsabilidade. Desgastar o governo é uma situação, mas atrapalhar o desenvolvimento do município é outra”, finalizou.
 
Para a Diretora Geral do IFFar, Verlaine Gerlach, a instituição está correndo um risco enorme de ter que deixar de ofertar o curso tão esperado, pois a área de terra é item fundamental para a manutenção das aulas. Ela disse que tomou por surpresa a atitude do Legislativo, principalmente porque nenhum representante do IFFAR – principal interessado no assunto – foi comunicado sobre a apreciação do projeto. Segundo a diretora, o termo assinado entre os poderes foi usado como garantia para que se conseguisse ofertar o curso. 

Verlaine também apresentou à reportagem um pedido feito à presidência do Legislativo, para que a sessão que votaria o projeto fosse realizada nas dependências do IIFar. Segundo ela, não houve retorno sobre essa solicitação feita no dia 08 de outubro. Para a diretora, “as diferenças políticas não poderiam interferir em uma decisão tão importante como essa. Ela concluiu dizendo que teme o futuro do curso em Santo Augusto”.
 
Questionado sobre a situação, o vereador Douglas Bertolo presidente da Câmara de Vereadores, informou que os vereadores entenderam que os bens inservíveis citados no projeto ainda podem ser utilizados, e que a justificativa apresentada pelo Executivo não serve como obrigatoriedade para a aplicação dos recursos. Para o presidente da casa, a destinação das verbas teria que estar no “corpo da lei”.
 
Douglas admitiu a falha em não comunicar sobre a votação do projeto e de não ter respondido ao pedido da direção do IFFAR quanto à realização da sessão na sede do campus. – Essa foi falha minha, disse ele. E justificou dizendo que “achava que o projeto ficaria mais tempo na comissão de agricultura da câmara” e que “não pretendia colocá-lo em votação na sessão de segunda-feira”. Por fim, ele pontuou que “a prefeitura tem dinheiro para comprar a área sem precisar vender bens públicos”. 

Entenda o impasse político 

Desde que assumiu a gestão de Santo Augusto, o prefeito Naldo Wiegert começou a fazer um estudo para viabilizar recursos visando a aquisição da área para o IFFar.
 
Segundo o prefeito, depois de um levantamento feito pela sua equipe, concluiu-se que a única maneira de conseguir dinheiro seria através de um leilão de bens do município. Diante disso, os gestores verificaram que alguns equipamentos e terrenos não estão sendo usados para as suas devidas finalidades - os equipamentos precisariam de reparos o que se torna oneroso aos cofres públicos, e os terrenos estão abandonados, porém, possuem um bom valor de mercado.
 
Diante disso, a prefeitura elaborou o Projeto de Lei Nº 47/2018 para leiloar esses bens, justificando que, o dinheiro arrecadado com a venda seria alocado em atividades de grande interesse do município e em especial a aquisição do imóvel rural para o IFFAR.
 
O PL 47 deu entrada na Câmara de Vereadores no dia 3 de setembro de 2018, e passou por todas as comissões da casa, com pareceres favoráveis em todas elas. Estranhamente, na última segunda-feira, 12, às 16h19min, 41 minutos antes do prazo limite determinado pela câmara, os cinco vereadores da oposição protocolaram uma emenda para ser votada no plenário da casa, que suprimia quatro itens do projeto original, e por sinal os de maior valor. Essa manobra pegou os vereadores da situação (minoria) de surpresa, fazendo com que eles não conseguissem barrar a votação do projeto. O PL então foi aprovado com a emenda por cinco votos a quatro.
 
Caso o projeto fosse aprovado na sua forma original, a prefeitura poderia arrecadar mais de um milhão e meio de reais. Da forma como passou, se vender tudo, a prefeitura fatura no máximo 200 mil reais. Segundo o prefeito, o imóvel rural para o IFFar custaria aproximadamente 1,3 milhão. 

Entre os quatro itens suprimidos com a emenda, estão dois terrenos. Um deles com valor mínimo avaliado em R$ 931.296,00 e outro em R$ 336. 900,00. O Prefeito Naldo disse que vai vetar o projeto, por que fazer um leilão sem a principal finalidade não tem sentido. 

Vale ressaltar que a sessão que aprovou o projeto não foi transmitida pelo rádio, como habitualmente acontece. A emissora responsável pela transmissão informou que houve problemas técnicos. 

Abaixo, o PL na íntegra e a relação de bens que seriam vendidos;

 








Postado por: Redação | Rádio Querência

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