Operação prendeu 22 pessoas no RS | Foto:
Polícia Civil / Divulgação / CP
A operação em combate
a crimes de exploração sexual de crianças prendeu, até o meio-dia desta quinta-feira, 22 pessoas
no Rio Grande do Sul. Nos locais alvo da ação, os policias civis apreenderam
computadores, discos rígidos, arquivos digitais e outros materiais contendo
pornografia infantil em fotos e vídeos.
A ação Luz na Infância 2 ocorre simultaneamente
no RS e em outros 23 Estados e no Distrito Federal. No Rio Grande do Sul, são
200 policiais civis e 25 peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) que
cumprem ao longo do dia 48 ordens judiciais em 23 cidades. Já em todo o Brasil,
são 2,6 mil agentes que cumprem 579 mandados de busca e apreensão em 284
cidades. Em todo o País, o número de prisão chega
a 149.
Em Porto Alegre, um dos locais foi um condomínio
residencial na avenida Princesa Isabel, no bairro Santana. Em um dos
apartamentos foi detido um jovem, de 26 anos, com uma enorme quantidade de
conteúdo pedófilo baixado da internet, cujo volume foi avaliado em gigabites,
onde aparecem sobretudo crianças entre 10 e 15 anos de idade. A mãe e o
padrasto ficaram chocados com a descoberta do filho que confessou ter cometido
a prática criminosa nos últimos dez anos.
Já em Canoas, um jovem foi preso com farto material,
estimado com 5,5 mil imagens, na residência onde reside com os pais que
igualmente ficaram estupefatos. O Chefe de Polícia Civil, delegado Emerson
Wendt, destacou o emprego de “modernas técnicas de investigação” na internet
durante os seis meses de trabalho para chegar até os suspeitos, o que significa
a impossibilidade dos autores conseguirem ficar ocultos mesmo na web. Ele
revelou o que mais chocou-o ao saber de imagens até de bebês e crianças
pequenas sendo abusadas sexualmente. “É a capacidade humana horrenda de fazer a
exploração sexual de crianças e armazenar e compartilhar”, lamentou,
acrescentando também que muitos pedófilos produzem material próprio violentando
as vítimas.
Ele criticou a legislação penal branda para os
pedófilos ao lembrar os danos que “representam na formação de nossas crianças e
adolescentes”. O delegado Emerson Wendt recordou a possibilidade de que 85% dos
pedófilos na internet podem partir para os abusos sexuais físicos em crianças e
adolescentes.
Um caso peculiar foi constatado durante a
operação em Porto Alegre. Em um dos endereços, o material de pedofilia estava
no computador usado por um menino de apenas, 11 anos. A diretora do
Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), delegada Adriana
Regina da Costa, admitiu surpresa diante do fato. “Será avaliada a situação
pois a criança nem mesmo se enquadra como adolescente infrator. Os pais serão
ouvidos e faremos os encaminhamentos necessários”, afirmou, frisando que o caso
será melhor apurado para verificar se o responsável pelo material descoberto
era realmente o menino. O perfil dos detidos são os mais variados, sendo de
todas as classes sociais, faixas etárias, ocupações profissionais ou somente
estudantes. “Inclusive têm pessoas que já estavam sendo investigadas por
estupro”, salientou. “Vamos continuar o trabalho de investigação”, assegurou a
delegada Adriana Regina da Costa.
O titular da Delegacia de Repressão aos Crimes
Informáticos do Deic, delegado Marco Guns, enfatizou a importância da operação
em prol do “acolhimento, preservação da vida, da intimidade e da boa formação
da personalidade da criança e do adolescente”. De acordo com ele, o foco
da ação deflagrada ontem foi o compartilhamento e armazenamento de material de
caráter pedófilo nas mídias sociais na internet. Ele apontou que, por enquanto,
não foi possível confirmar a existência de uma rede ou uma única organização
interligando os suspeitos. “Neste primeiro momento, o que temos é que são
pessoas isoladas”, assinalou. “Aos pedófilos: não há mais maneira de se
esconder...é só uma questão de tempo chegarmos a esses criminosos”, garantiu,
referindo-se ao avanço das técnicas policiais de investigação no ambiente
virtual.
Já a diretora do Departamento de Criminalística
do Instituto-Geral de Perícias, Sheila Cristina Wendt, explicou que os peritos
vão agora debruçar-se sobre todo o material apreendido na operação. “Será feita
uma análise mais aprimorada”, disse, referindo-se ao conteúdo, mesmo
criptografado ou escondido, dentro dos discos rígidos dos computadores dos
suspeitos. Além do armazenamento, os peritos vão mapear o compartilhamento ou
produção das imagens, o que poderá desencadear novas investigações por parte
dos policiais civis. Ela esclareceu ainda que a atuação da equipe do IGP nos
locais de cumprimento dos mandados judiciais foi no sentido de apurar, em uma
avaliação preliminar, a existência de fotos e imagens de pornografia infantil.
Nos casos positivos, os suspeitos presentes nos endereços foram imediatamente
presos em flagrante. “Esse procedimento inicial visou configurar o crime”,
destacou.
Correio do Povo
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