quinta-feira, 17 de maio de 2018

No RS, 22 são presos em operação contra exploração sexual de crianças

Polícia Civil cumpriu 48 ordens judiciais em 23 cidades gaúchas

Operação prendeu 22 pessoas no RS | Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP
   Operação prendeu 22 pessoas no RS | Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP

operação em combate a crimes de exploração sexual de crianças prendeu, até o meio-dia desta quinta-feira, 22 pessoas no Rio Grande do Sul. Nos locais alvo da ação, os policias civis apreenderam computadores, discos rígidos, arquivos digitais e outros materiais contendo pornografia infantil em fotos e vídeos.

A ação Luz na Infância 2 ocorre simultaneamente no RS e em outros 23 Estados e no Distrito Federal. No Rio Grande do Sul, são 200 policiais civis e 25 peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) que cumprem ao longo do dia 48 ordens judiciais em 23 cidades. Já em todo o Brasil, são 2,6 mil agentes que cumprem 579 mandados de busca e apreensão em 284 cidades. Em todo o País, o número de prisão chega a 149.

Em Porto Alegre, um dos locais foi um condomínio residencial na avenida Princesa Isabel, no bairro Santana. Em um dos apartamentos foi detido um jovem, de 26 anos, com uma enorme quantidade de conteúdo pedófilo baixado da internet, cujo volume foi avaliado em gigabites, onde aparecem sobretudo crianças entre 10 e 15 anos de idade. A mãe e o padrasto ficaram chocados com a descoberta do filho que confessou ter cometido a prática criminosa nos últimos dez anos.

Já em Canoas, um jovem foi preso com farto material, estimado com 5,5 mil imagens, na residência onde reside com os pais que igualmente ficaram estupefatos. O Chefe de Polícia Civil, delegado Emerson Wendt, destacou o emprego de “modernas técnicas de investigação” na internet durante os seis meses de trabalho para chegar até os suspeitos, o que significa a impossibilidade dos autores conseguirem ficar ocultos mesmo na web. Ele revelou o que mais chocou-o ao saber de imagens até de bebês e crianças pequenas sendo abusadas sexualmente. “É a capacidade humana horrenda de fazer a exploração sexual de crianças e armazenar e compartilhar”, lamentou, acrescentando também que muitos pedófilos produzem material próprio violentando as vítimas.

Ele criticou a legislação penal branda para os pedófilos ao lembrar os danos que “representam na formação de nossas crianças e adolescentes”. O delegado Emerson Wendt recordou a possibilidade de que 85% dos pedófilos na internet podem partir para os abusos sexuais físicos em crianças e adolescentes.

Um caso peculiar foi constatado durante a operação em Porto Alegre. Em um dos endereços, o material de pedofilia estava no computador usado por um menino de apenas, 11 anos. A diretora do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), delegada Adriana Regina da Costa, admitiu surpresa diante do fato. “Será avaliada a situação pois a criança nem mesmo se enquadra como adolescente infrator. Os pais serão ouvidos e faremos os encaminhamentos necessários”, afirmou, frisando que o caso será melhor apurado para verificar se o responsável pelo material descoberto era realmente o menino. O perfil dos detidos são os mais variados, sendo de todas as classes sociais, faixas etárias, ocupações profissionais ou somente estudantes. “Inclusive têm pessoas que já estavam sendo investigadas por estupro”, salientou. “Vamos continuar o trabalho de investigação”, assegurou a delegada Adriana Regina da Costa.

O titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos do Deic, delegado Marco Guns, enfatizou a importância da operação em prol do “acolhimento, preservação da vida, da intimidade e da boa formação da personalidade da criança e do adolescente”. De acordo com ele, o foco da ação deflagrada ontem foi o compartilhamento e armazenamento de material de caráter pedófilo nas mídias sociais na internet. Ele apontou que, por enquanto, não foi possível confirmar a existência de uma rede ou uma única organização interligando os suspeitos. “Neste primeiro momento, o que temos é que são pessoas isoladas”, assinalou. “Aos pedófilos: não há mais maneira de se esconder...é só uma questão de tempo chegarmos a esses criminosos”, garantiu, referindo-se ao avanço das técnicas policiais de investigação no ambiente virtual.

Já a diretora do Departamento de Criminalística do Instituto-Geral de Perícias, Sheila Cristina Wendt, explicou que os peritos vão agora debruçar-se sobre todo o material apreendido na operação. “Será feita uma análise mais aprimorada”, disse, referindo-se ao conteúdo, mesmo criptografado ou escondido, dentro dos discos rígidos dos computadores dos suspeitos. Além do armazenamento, os peritos vão mapear o compartilhamento ou produção das imagens, o que poderá desencadear novas investigações por parte dos policiais civis. Ela esclareceu ainda que a atuação da equipe do IGP nos locais de cumprimento dos mandados judiciais foi no sentido de apurar, em uma avaliação preliminar, a existência de fotos e imagens de pornografia infantil. Nos casos positivos, os suspeitos presentes nos endereços foram imediatamente presos em flagrante. “Esse procedimento inicial visou configurar o crime”, destacou.


Correio do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário