Lori Heller trabalhou na casa de Leandro Boldrini quando ele era
casado com Odilaine Uglione. Ela foi a primeira testemunha arrolada pela defesa
do médico a ser ouvida no Tribunal do júri.
Seu depoimento foi rápido. Disse que Leandro era um bom pai
e que não conhecia Graciele. Bernardo chegou a visitá-la. Devido às
condições de saúde da testemunha, assim defesas abriram mão da
incomunicabilidade dela, que foi dispensada.
A técnica em Enfermagem Cecília Henz falou em seguida. Ela
trabalhou com Leandro na clínica. Disse que a relação de pai e filho era
"tranquila". Graciele trabalhava na a higienização de materiais, mas
tinha acesso aos medicamentos.
A testemunha disse que deu falta de medicamentos e contou para a
companheira de Boldrini. "Ela disse que teriam que por um cadeado no
local."
Pai manso
Cecília conhecia Bernardo desde pequeno. Na avaliação dela,
Leandro era um "pai manso". "Nunca vi desamor em relação a
Bernardo." Ela disse que não sabia dos conflitos dentro da casa dos
Boldrini e que só soube pelas pessoas da cidade, depois que Bernardo
morreu. "Pessoal da cidade, depois do acontecido, sabia tudo."
Quando Leandro recebeu a intimação para a audiência no Juizado da
Infância e Juventude, Graciele ficou muito irritada. "Talvez tenha
se sentido confrontada por Bernardo." Já o médico demonstrou tristeza.
"Ele estava imensamente triste."
Matador de aluguel
Graciele era uma pessoa vaidosa, sempre bem vestida. A testemunha
não conheceu o núcleo familiar dos acusados. Disse que no início do
relacionamento, Graciele era mais próxima de Bernardo. "Após o
nascimento de Maria Valentina eu nunca mais vi ela com Bernardo."
Cecília e Andressa Wagner foram colegas no consultório de
Boldrini. A ex-secretária contou para ela sobre as declarações da
madrasta quanto a mandar matar Bernardo depois dele ter pedido ajuda à Justiça.
"Andressa disse que Graciele bateu forte na mesa e que teria dinheiro para
contratar um matador de aluguel." A testemunha declarou que chegou a
cogitar ir até a Polícia, mas a colega afirmou não acreditar que a madrasta
Faria Isso. "Nunca imaginamos que a mãe da Maria iria matar o irmão da
Maria. Até hoje é difícil acreditar."
Ela disse que Graciele chegou a reclamar de Bernardo, e que quis
mostrar o vídeo em que o menino aparece ameaçando o pai com um
facão. "Eu não quis ver."
Testemunha assistiu vídeo pela primeira vez
"Fico muito emocionada de falar sobre isso", disse
Cecília. "Porque, assim como ele (Leandro) não teve capacidade de
ver, eu também não tive. Não acredito que ele tenha participado do crime. Ele
confiou nela. Ela era enfermeira e jurou cuidar da vida dos outros",
explicou.
O Promotor de Justiça mostrou à testemunha um vídeo em que
Bernardo grita por socorro e discute com a madrasta e o pai. Ela ameaça o
menino. "Tu não sabe do que eu sou capaz, Bernardo. Eu prefiro apodrecer
na cadeia do que continuar vivendo contigo nesta casa." Na briga, o casal
ofende Odilaine. "Eu tenho pena de ti, Bernardo, tua mãe te
abandonou", disse Boldrini. "Era uma vagabunda", frisou a
madrasta. Quando a polícia chega, o menino é intimado pelos dois a atender a
porta e é chamado de palavras de baixo calão. O menino chora, e diz que foi
agredido. Em seguida, a criança diz que vai se matar. E a madrasta retruca:
"Dá uma faca, Leandro."
Rosangela Pinheiro trabalhava no hospital de Três Passos e seu
depoimento foi bem rápido. Seu relacionamento com Leandro Boldrini era
estritamente profissional. Viu poucas vezes Bernardo no hospital em 2014,
respondendo a pergunta do MP.
O julgamento segue amanhã, às 9h. Restam seis testemunhas de
defesa para serem ouvidas.
Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul
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