Ex-secretária teve que mudar de cidade após sofrer com
linchamentos nas redes sociais. (Foto: Reprodução/TJ RS)
A terceira testemunha que depôs
no julgamento do Caso Bernardo, nesta terça-feira, foi a ex-secretária no
consultório do médico Leandro Boldrini. Andressa Wagner foi a última testemunha
arrolada pela acusação e a primeira da defesa a ser ouvida. Durante cerca de
1h35min ela respondeu a questionamentos tanto do Ministério Público como dos
advogados de defesa dos quatro réus.
Andressa
afirmou, em seu depoimento, que nunca viu Leandro maltratar o filho. Após o
desaparecimento de Bernardo, a então secretária não chegou a notar mudanças na
rotina do médico. Ele teria seguido normalmente com seu trabalho, conforme
ela. Conforme o depoimento, Leandro nunca lhe autorizou a preencher ou
assinar receitas em seu nome. Receitas em branco deixadas no consultório, já
assinadas, eram fatos excepcionais, conforme Andressa.
Graciele
pedia para que o menino não perambulasse pelas ruas de Três Passos, pois já
havia um comentário de que isso acontecia, disse Andressa. A madrasta, de
acordo com a ex-secretária, dizia que o menino devia ir para casa estudar. A
testemunha relatou também que Graciele ordenava que o menino não ficasse na
clínica, pois lá não seria o lugar dele. Bernardo esteve na clínica na semana
em que morreu e falou para a secretária que iria ganhar um aquário.
A
testemunha contou que Edelvânia e Graciele se encontraram no consultório dias
antes de o menino acabar morto. O homicídio ocorreu numa sexta-feira e esse
encontro, na terça. Edelvânia teria estado na sala de Leandro, onde ficavam as
receitas médicas do profissional.
Um
dos momentos de maior tensão no depoimento foi quando o Ministério Público
demonstrou vários exemplos de assinaturas que supostamente haviam sido
realizadas por Leandro Boldrini. Primeiramente, a testemunha disse que ele
usava a mesma assinatura sempre, porém, ao ser confrontada por diversas
assinaturas diferentes uma da outra, Andressa não soube precisar quais eram
realmente de Leandro.
Testemunha
diz que sua vida acabou em Três Passos
Outro
momento tenso foi quando o advogado de defesa de Leandro Boldrini, Ezequiel
Vetoretti, relembrou a reabertura da investigação sobre a morte da mãe de
Bernardo, Odilaine Uglione. Ela se suicidou em 2010, mas o caso acabou sendo
reaberto em 2016. Levantou-se a suspeita, na época, que Andressa teria assinado
a carta de despedida que Odilaine deixou um dia antes de se matar. Essa
hipótese foi levantada por uma perícia técnica contratada pela família de
Odilaine em parceria com a Rede Record de televisão.
Ao
tocar no assunto sobre a perícia que lhe atribuiu a assinatura, Andressa chorou
e afirmou que não gostaria de responder. Ela se limitou a dizer que sua vida
acabou em Três Passos. A testemunha teve que se mudar para a cidade de Dois
Irmãos por causa de ameaças e linchamentos que sofreu nas redes sociais. Por fim,
Andressa ainda confirmou que foi pressionada em seu depoimento concedido à
delegada Caroline Bamberg Machado em 2014. Ao tocar neste tema, novamente ela
se emocionou.
Fonte: Rádio Alto Uruguai
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