quinta-feira, 14 de março de 2019

Graciele afirma que Leandro Boldrini está preso injustamente

A madrasta do menino Bernardo foi a primeira a depor na manhã desta quinta-feira, quarto dia do julgamento.

Graciele tentou afastar a participação de Leandro Boldrini e de Edelvânia no homicídio. (Fotos: Thomás Silvestre/Rádio Alto Uruguai)

A ré Graciele Ugulini foi a primeira a ser ouvida neste quarto dia de julgamento do Caso Bernardo, em Três Passos. O depoimento durou cerca de 1h50min. Terminada a leitura da denúncia por parte da juíza, ficou no salão do júri apenas a madrasta do menino. Os demais réus foram retirados. Às 9h35min iniciou efetivamente o depoimento. Ela apenas respondeu a questionamentos da juíza, de sua própria defesa e das defesas de Edelvânia e Evandro Wirganovicz. A defesa de Leandro Boldrini não fez perguntas. Antes de iniciarem os questionamentos, o advogado Vanderlei Pompeo de Mattos referiu que ela não responderia às perguntas do MP. A acusação, portanto, não teve a oportunidade de realizar questionamentos.

Graciele tentou afastar a participação de Leandro Boldrini e de Edelvânia no homicídio do menino Bernardo. Quanto a Leandro, ela disse que ele não era sabedor e nem arquitetou esse homicídio. O médico está preso injustamente, conforme Graciele. “Só quero o perdão dele”. Ela teria tentado esconder de todas as formas que o menino havia morrido no dia 4 de abril, inclusive participando das buscas junto com Leandro e outros familiares.

Em seu depoimento, a madrasta referiu que tentou transparecer o máximo de normalidade em sua rotina, para que Leandro não desconfiasse. Ela conformou que foi a uma festa em Três de Maio, com Leandro, um dia após a morte de Bernardo. Também disse que nada foi premeditado, afastando a participação no homicídio de Edelvânia Wirganovicz.

Graciele relatou como conheceu e iniciou seu relacionamento com Leandro. Ela disse que percebia a carência de Bernardo. “No começo éramos muito próximos”. A madrasta disse que a relação começou a ficar abalada a partir do momento em que tentou engravidar e sofreu um aborto espontâneo. “A partir disso muita coisa mudou em minha vida”, relatou.

Um ano após o aborto, Graciele engravidou novamente. “Era uma gravidez de risco. A partir daí não consegui mais dar atenção ao Bernardo”. Ela relatou que estava sobrecarregada em função de que Leandro trabalhava muito no hospital. A ré disse que se tratava com um psiquiatra e que algumas brigas aconteciam porque a bebê Maria Valentina estava dormindo e Bernardo chegava agitado em casa, batendo portas e fazendo barulho. “Isso me assustava”.

A versão de Graciele é de que o menino Bernardo, no caminho a Frederico Westphalen, teria tomado cinco a seis medicamentos ao mesmo tempo e que isso teria resultado em sua morte. Ela citou que, ao chegar para se encontrar com Edelvânia, após entrarem no carro da amiga, constatou que o menino não tinha mais batimentos, após cinco ou 10 minutos. “Fiquei desesperada”.

Graciele refere que Edelvânia sugeriu que levassem o menino ao hospital. Ela afirmou que negou essa sugestão por medo de que as pessoas pensassem que ela própria teria dado medicamentos em excesso ao garoto. Na sequência, decidiram esconder o corpo do menino no interior do município. Edelvânia teria participado apenas da ocultação de cadáver, segundo Graciele, já que o menino foi enterrado no interior de Frederico Westphalen, próximo à residência de sua mãe. Ela também disse, ao responder à defesa de Evandro, que não o conhecia e nem sabia que Edelvânia tinha irmão.

Na últimas perguntas encaminhadas pela juíza, a madrasta não soube dizer como Edelvânia tinha soda cáustica (elemento que foi encontrado no corpo de Bernardo). Ao responder questões de seu advogado, Graciele nega que tenha realizado qualquer tipo de injeção em Bernardo e que não é “esse monstro que a imprensa sensacionalista criou”. Em diversos momentos Graciele chorou ao relembrar de sua filha, Maria Valentina, que tem com Leandro Boldrini. “Eu não vi ela caminhar, não vi ela falar, era bebê de colo a última vez que vi ela”. Desde que foi presa, Graciele nunca mais viu a filha.

Sobre o dia em que foi presa, Graciele disse que foi o fim de sua vida. Ela também, se dirigindo aos jurados, falou: “Eu só quero cuidar da minha filha, só isso. Eu quero ter a chance de cuidar dela. Tudo foi um acidente, tudo foi um estúpido de um acidente. Tudo foi uma sucessão de erros, eu admito. Eu errei do começo ao fim, eu errei. Eu fiz tudo errado, mas tudo que aconteceu não foi por querer. Tudo foi uma consequência, um monte de erros”.


Fonte: Rádio Alto Uruguai

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