Equipe de segurança de barragens da Agência
Nacional de Mineração tem nove servidores responsáveis pelo trabalho
Um relatório assinado por dois representantes da
Agência Nacional de Mineração (ANM) indica que o órgão precisaria de, ao
menos, cinco anos e dois meses para vistoriar todas as barragens de
mineração do Brasil, caso seja mantido o atual número de funcionários.
Segundo o documento, a equipe de segurança de barragens tem nove servidores
responsáveis pelo trabalho. Atualmente, existem 769 estruturas registradas no
país e que devem ser vistoriadas.
Contudo, o prazo pode ser ainda maior, uma vez
que o levantamento leva em consideração apenas as vistorias em campo, o que
segundo a própria equipe “é utópico” devido às “diversas outras atribuições”
que têm sob sua responsabilidade. O relatório é assinado pelo gerente de
Segurança de Barragens de Mineração, Luiz Paniago Neves, e pelo chefe da
Divisão Executiva de Segurança de Barragens de Mineração, Eliezer Júnior.
Os profissionais relatam aumento das demandas
após o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, na Região
Metropolitana de Belo Horizonte, no dia 25 de janeiro. Segundo eles, os
técnicos nas Unidades Regionais, assim como a equipe de Brasília, está, desde
então, dormindo apenas de três a quatro horas por noite.
Isso,
porque são acionados por “diversos entes, como as defesas civis, as
prefeituras, esferas governamentais, consultores da área de geotecnia e o
próprio empreendedor, que entra em contato com a equipe para reportar as
evoluções das inspeções e análises das barragens com situações de emergência
instauradas“.
Solução
Os dois gerentes sugerem que a estrutura do órgão
seja “reanalisada imediatamente, pois os prazos não param e as barragens
continuam “vivas”, com estrutura adequada ou não”. Para o Roberto Galery,
professor chefe do departamento de engenharia de Minas da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), a contratação de mais servidores é extremamente
necessária. Contudo, ele destaca que o investimento em tecnologia é um bom
aliado para reduzir os custos das operações.
Para amenizar a falta de efetivo, Galery sugere a
implantação de sistemas de monitoramento 24 horas nas barragens, tecnologia
que, segundo ele, já existe. O professor ressalta que para a tecnologia ser
efetiva, é preciso que os agentes fiscalizadores, a Defesa Civil e as empresas
donas da barragem tenham acesso aos mesmos dados simultaneamente para que todos
fiquem em alerta.
"Nós vivemos na era da internet das coisas,
onde tudo é controlado por sistemas remotos. O sistema de controle à distância
favorece o monitoramento das barragens com menos pessoas envolvidas".
O engenheiro civil Carlos Martinez, professor do
departamento de engenharia da Universidade Federal de Itajubá, critica o
tamanho da equipe responsável pelas vistorias. Contudo, ele não acredita no
aumento do quadro de funcionários da ANM como medida para agilizar as
vistorias. Para o pesquisador, o Governo deve aproveitar a mão de obra já
disponível.
"Nove pessoas é muito pouco. Até uma padaria
tem mais pessoas. Nós precisamos fazer como nos Estados Unidos e incorporar a
equipe de engenharia do Exército nas fiscalizações com a ANM. Não é colocar
tanque de guerra nas ruas, é aproveitar a tecnologia deles e a mão de
obra".
Embora o relatório indique um efetivo de nove
servidores, o MME (Ministério de Minas e Energia), que é o responsável pela
ANM, alegou ao R7 que o quadro conta atualmente "oito fiscais e
mais 26 servidores, com formação específica em segurança de barragens, que dão
suporte à fiscalização, contribuindo para a agilidade dos trabalhos dos
fiscais". A pasta alegou ainda que "estão sendo formados mais 20
servidores aptos a trabalharem em fiscalização, e deverão concluir o curso em
abril de 2019".
Por R7
Correio do Povo
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