Para a chefe da missão que acompanha o processo
eleitoral no Brasil, o uso de notícias falsas para mobilizar eleitores é um
fenômeno novo | Foto: Nelson Almeida / AFP / CP
A
presidente da missão de observadores da Organização de Estados Americanos (OEA)
para as eleições brasileiras, Laura Chinchilla, disse nesta quinta-feira
que o Brasil enfrenta um fenômeno "sem precedentes" em relação a
difusão de notícias falsas.
Segundo
ela, o fato preocupa o grupo de especialistas que deu o alerta já no primeiro
turno das eleições. "Outro fator que tem nos preocupado, e isso alertamos
desde o primeiro turno, e que se intensificou neste segundo, foi o uso de
notícias falsas para mobilizar vontades dos cidadãos. O fenômeno que
estamos vendo no Brasil talvez não tenha precedentes, fundamentalmente, porque
é diferente de outras campanhas eleitorais em outros países do
mundo."
Análise
Para
a presidente da missão de observadores, o uso do aplicativo de mensagens
particulares dificulta o controle das autoridades em relação à disseminação de
informações falsas, por ser uma rede privada e protegida.
"Se
está usando uma rede privada, que é o WhatsApp, que apresenta muitas
complexidades para ser investigada pelas autoridades. É uma rede que gera muita
confiança porque são pessoas próximas que difundem as notícias e é a mais
utilizada, com um alcance que nunca se tinha visto antes."
Segundo
Laura Chinchilla, o controle está na concientização do eleitorado brasileiro.
"Continuaremos insistindo na necessidade que os cidadãos aprendam e façam
um grande esforço para distinguir o que é certo e o que não é. Existem muitas
iniciativas que estão tentando colocar isso na mesa. Iniciativas que estão se
organizando na sociedade civil, nas universidades e nos meios de
comunicação."
Violência
Laura
Chinchilla disse que além das fake news, preocupa a missão o tom utilizado em
alguns discursos incitando a violência a partir de divergências políticas.
Apesar
de episódios isolados, ela afirmou que não houve irregularidades
registradas no primeiro turno. "Temos que reconhecer que esse processo
eleitoral, onde não encontramos nenhum tipo de irregularidade no primeiro turno
e esperamos que seja assim no segundo, foi fortemente impactado por alguns
fenômenos ligados ao clima político, sobretudo o discurso, que alertamos, tende
a dividir, tende a incentivar a violência política."
Agência Brasil
Correio do Povo
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