quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Uso de fake news nas eleições não tem precedente, diz OEA

Para a chefe da missão que acompanha o processo eleitoral no Brasil, o uso de notícias falsas para mobilizar eleitores é um fenômeno novo

Para a chefe da missão que acompanha o processo eleitoral no Brasil, o uso de notícias falsas para mobilizar eleitores é um fenômeno novo | Foto: Nelson Almeida / AFP / CP
Para a chefe da missão que acompanha o processo eleitoral no Brasil, o uso de notícias falsas para mobilizar eleitores é um fenômeno novo | Foto: Nelson Almeida / AFP / CP

A presidente da missão de observadores da Organização de Estados Americanos (OEA) para as eleições brasileiras, Laura Chinchilla, disse nesta quinta-feira que o Brasil enfrenta um fenômeno "sem precedentes" em relação a difusão de notícias falsas.

Segundo ela, o fato preocupa o grupo de especialistas que deu o alerta já no primeiro turno das eleições. "Outro fator que tem nos preocupado, e isso alertamos desde o primeiro turno, e que se intensificou neste segundo, foi o uso de notícias falsas para mobilizar vontades dos cidadãos. O fenômeno que estamos vendo no Brasil talvez não tenha precedentes, fundamentalmente, porque é diferente de outras campanhas eleitorais em outros países do mundo."

Análise

Para a presidente da missão de observadores, o uso do aplicativo de mensagens particulares dificulta o controle das autoridades em relação à disseminação de informações falsas, por ser uma rede privada e protegida.

"Se está usando uma rede privada, que é o WhatsApp, que apresenta muitas complexidades para ser investigada pelas autoridades. É uma rede que gera muita confiança porque são pessoas próximas que difundem as notícias e é a mais utilizada, com um alcance que nunca se tinha visto antes."

Segundo Laura Chinchilla, o controle está na concientização do eleitorado brasileiro. "Continuaremos insistindo na necessidade que os cidadãos aprendam e façam um grande esforço para distinguir o que é certo e o que não é. Existem muitas iniciativas que estão tentando colocar isso na mesa. Iniciativas que estão se organizando na sociedade civil, nas universidades e nos meios de comunicação."

Violência

Laura Chinchilla disse que além das fake news, preocupa a missão o tom utilizado em alguns discursos incitando a violência a partir de divergências políticas.

Apesar de episódios isolados, ela afirmou que não houve irregularidades registradas no primeiro turno. "Temos que reconhecer que esse processo eleitoral, onde não encontramos nenhum tipo de irregularidade no primeiro turno e esperamos que seja assim no segundo, foi fortemente impactado por alguns fenômenos ligados ao clima político, sobretudo o discurso, que alertamos, tende a dividir, tende a incentivar a violência política."


Agência Brasil
Correio do Povo

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