terça-feira, 23 de outubro de 2018

Boato faz população tentar invadir delegacia na zona Norte de Porto Alegre

Populares atiraram pedras contra o prédio por acharem que preso por sequestro de criança estava no local

Moradores tentaram invadir delegacia motivados por boato | Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP
   Moradores tentaram invadir delegacia motivados por boato | Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP

*Com informações do repórter Paulo Tavares

Moradores tentaram invadir uma delegacia da Polícia Civil no bairro Mário Quintana, na zona Norte de Porto Alegre, na tarde desta terça-feira. O motivo foi um boato de que um homem que havia tentado sequestrar uma criança estava preso no local.

A polícia informou que tratava-se apenas de um boato e que nenhuma tentativa de sequestro foi registrada no bairro nesta terça-feira. Apesar disso, os moradores seguiram insistindo em entrar no local, o que gerou momentos de tensão.

Alguns populares atiraram pedras contra o prédio, até mesmo quebrando alguns vidros das janelas. Para conter a multidão, policiais chegaram a dar tiros para o alto. A polícia aceitou negociar com o grupo para que dois representantes dos moradores entrasse na delegacia para confirmar que não havia nenhum preso no local.

O boato ocorreu após o caso da menina Eduarda Herrera de Mello, de nove anos, encontrada morta na manhã dessa segunda-feira após ser sequestrada enquanto brincava na frente de sua casa no bairro Rubem Berta, na zona Norte de Porto Alegre. A polícia ainda não conseguiu encontrar o responsável pelo crime.

Nesta terça-feira, a Polícia Civil mostrou preocupação com a proliferação, nas redes sociais, de fotos de diversos homens parecidos com o autor do crime, elevando os riscos de injustiças e até linchamentos. Na internet, já circula, inclusive, uma suposta conclamação em nome de apenados de todos os presídios gaúchos para que qualquer uma das facções criminosas capture o assassino da criança.

“Divulgamos na segunda-feira o retrato falado e muitas denúncias chegaram. Pedimos que a população continue repassando informações, mas tome cautela e não faça justiça com as próprias mãos. Estamos atentos às situações em que estão achando pessoas parecidas com o retrato falado. Solicitamos que informem somente à Polícia Civil ao invés das redes sociais”, pediu a diretora do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), delegada Adriana Regina da Costa. “A gente conta com o apoio da população nas denúncias”, acrescentou.

O retrato falado do suspeito de sequestrar a vítima foi elaborado pelo Instituto Geral de Perícias com base na descrição de uma única testemunha. “Tem cerca de 80% de semelhança com o sequestrador. A testemunha viu ele conversando com a menina”, observou a delegada. “Porém, não descartamos a participação de mais pessoas na morte da menina”, revelou. Enfatizando que a população não faça “justiça pelas próprias mãos”, ela reiterou que “é preciso ter cautela para chegar realmente a quem praticou o ato”.


Correio do Povo

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