Corpo foi localizado às margens do rio Gravataí | Foto: Alina
Souza
A Polícia
Civil não descarta nenhuma hipótese para a morte de Eduarda
Herrera de Mello, de nove anos, que havia sido sequestrada na
noite de domingo no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre. O corpo da menina foi
encontrado no início da manhã desta segunda-feira, na margem do rio Gravataí,
junto de um barranco ao lado do km 23 da ERS 118, perto da cabeceira da ponte,
em Alvorada.
“É muito
prematuro mas já temos algumas linhas de investigação. Temos de aguardar o que
realmente aconteceu”, declarou a diretora do Departamento Estadual da Criança e
do Adolescente (Deca), delegada Adriana Regina da Costa, logo após a
identificação oficial do corpo no próprio local. “A família reconheceu”,
explicou. “A causa de morte será apurada com a necropsia”, acrescentou.
O
trabalho investigativo será realizado junto com a Delegacia de Homicídios e
Proteção à Pessoa de Alvorada sob comando do delegado Edimar Machado. Pelo
Deca, o caso está com a titular da Delegacia de Polícia da Criança e do
Adolescente Vítima, delegada Andrea Magno. “Não descartamos nenhuma hipótese”,
afirmou Andrea, referindo-se por exemplo à prática de uma vingança ou a ação de
um maníaco. A possibilidade da participação algum conhecido da vítima
também será levada em conta. “Tudo está sendo apurado para verificar
efetivamente o que aconteceu. Não vamos revelar nada nesse momento para não
prejudicar as investigações”, enfatizou.
Sobre o envolvimento
de um Fiat Siena, de cor vermelha, encontrado abandonado no bairro São
Sebastião, a delegada Andrea Magno disse que “preliminarmente” não ficou
comprovada a participação do automóvel no crime, mas mesmo assim está sendo
feita uma perícia no carro. O carro que levou a menina também era
vermelho. No interior do veículo, que encontrava-se roubado, havia cordas
no banco traseiro.
“Começamos
imediatamente as investigações”, frisou, observando que agentes estão buscando
imagens de câmeras de monitoramento no bairro Rubem Berta e de testemunhas. Os
laudos periciais do Departamento de Criminalística e Departamento Médico Legal
estão sendo aguardados. “Dependemos deles para saber as causas da morte dela”,
lembrou.
Sobre os
boatos que circularam há vários dias nas redes sociais referentes às tentativas
de sequestros de crianças na região Metropolitana, a delegada relatou que
nenhuma ocorrência havia sido registrada nesse sentido, mas admitiu que estão
sendo investigadas “todas as linhas”. A suspeita levantada pela família de que
a menina pode ter sido morta em um ritual também merecerá análise por parte dos
policiais civis.
Corpo encontrado às margens do rio
O corpo
da menina, até então de identidade desconhecida, havia sido
encontrado por um homem que caminhava no acostamento da
rodovia. Vestida, a vítima estava de bruços e parcialmente submersa nas águas
do rio Gravataí, ao lado de um barranco. Ainda não se sabe se o corpo foi
atirado da ERS 118 ou se foi levado até a margem do rio.
Acionados
sobre a descoberta, os policiais militares do 17º BPM e do 24º BPM compareceram
no local e isolaram a área. O tráfego ficou lento no trecho durante o
atendimento da ocorrência sendo necessário o apoio dos fiscais de trânsito da
Secretaria Municipal de Segurança e Mobilidade Urbana. A Polícia Civil,
Departamento de Criminalística e Departamento Médico Legal também estiveram
presentes.
Luto e dor
A notícia
do encontro do corpo de uma menina fez com que os familiares de Eduarda Herrera
de Mello fossem até a ERS 118. Houve momentos de grande apreensão. Ao ser
confirmado de que se tratava da menina, os familiares entraram em completo
desespero, choro e dor. Muitos tentaram invadir a área isolada para chegar mais
próximo de onde estava o corpo, mas foram contidos. Uma ambulância do Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada para atendê-los.
Inconformada
e chorando muito no local, a mãe Kendra Camboim Herrera desconfiava que a filha
tivesse sido sacrificada em um ritual. “Estava cheio de balas em cima dela e
outras coisas. Nenhuma roupa foi tirada dela. Acredito que foi um ritual”,
desabafou.
“Estavam
preocupados com meus antecedentes e minha filha sendo morta na (ERS) 118.
Tinham que se preocupar era com os matadores de criança”, desabafou o pai, um
apenado do regime semiaberto. Ambos negaram a existência de ameaças.
Carro teria rondado todo o bairro
No início
da manhã, antes da descoberta do corpo, Kendra Camboim Herrera deu entrevista à
reportagem do Correio do Povo. Ela
relatou que a filha brincava na rua com roller, sendo sequestrada por um
motorista de um veículo de cor vermelha. O condutor teria
chamado a vítima e o irmão dela, que conseguiu escapar do sequestro. A mãe
contou que havia entrado para dentro da casa para verificar se a energia
elétrica havia retornado quando tudo aconteceu. “Foi tudo rápido...em dez
minutos”, calculou.
Conforme
ela, o carro vermelho já tinha sido visto rondando a área, parando
ocasionalmente nas ruas. “Ele rodou bastante o dia inteiro”, assegurou. Um
morador contou que suas filhas também estavam na rua e recém haviam entrado
para dentro de casa. “Logo em seguida deu a correria com os vizinhos gritando”,
relatou, pedindo para não ser identificado.
“Pelo
amor de Deus quem estiver com minha filha me devolve. Pegou minha filha,
devolve. Para que fazer isso com uma criança?”, pedia a mãe ainda na noite de
domingo à reportagem da Record TV RS. “Parece um pesadelo que vou acordar”,
garantia. O sequestro foi então postado nas redes sociais. Familiares e
vizinhos passaram a madrugada aguardando noticias da menina. Todos comentaram a
imagem gravada por uma câmera de monitoramento de uma casa na mesma rua em que
menina estava brincando. O carro suspeito passa pelo local e faz um retorno em
seguida.
Correio
do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário