Corpo de Eduarda foi encontrado às margens do
rio Gravataí | Foto: Alina Souza
A Polícia
Civil fez um apelo na manhã desta terça-feira para que todas as informações
sobre suspeitos de envolvimento na morte da menina
Eduarda Herrera de Mello, de nove anos, sejam repassadas mesmo
sob anonimato somente à instituição através do telefone 0800-642-6400. Há uma
preocupação com a proliferação nas redes sociais de fotos de diversos homens
parecidos com o autor do crime, elevando os riscos de injustiças e até
linchamentos. Na internet, já circula, inclusive, uma suposta conclamação em
nome de apenados de todos os presídios gaúchos para que qualquer uma das
facções criminosas capture o assassino da criança.
“Divulgamos
na segunda-feira o retrato falado e muitas denúncias chegaram. Pedimos que a
população continue repassando informações, mas tome cautela e não faça justiça
com as próprias mãos. Estamos atentos às situações em que estão achando pessoas
parecidas com o retrato falado. Solicitamos que informem somente à Polícia
Civil ao invés das redes sociais”, pediu a diretora do Departamento Estadual da
Criança e do Adolescente (Deca), delegada Adriana Regina da Costa. “A gente
conta com o apoio da população nas denúncias”, acrescentou.
O retrato
falado do suspeito de sequestrar e matar a vítima foi elaborado pelo
Instituto-Geral de Perícias com base na descrição de uma única testemunha. “Tem
cerca de 80% de semelhança com o sequestrador. A testemunha viu ele conversando
com a menina”, observou a delegada Adriana Regina da Costa. “Não descartamos
porém a participação de mais pessoas na morte da menina”, revelou. Enfatizando
que a população não faça “justiça pelas próprias mãos”, ela reiterou que “é
preciso ter cautela para chegar realmente a quem praticou o ato”.
Investigação
A
diretora do Deca adiantou ainda que inexiste por enquanto uma única linha de
investigação sobre o crime. “Não descartamos nenhuma”, resumiu. Sem lesões
aparentes e com roupas, o corpo da menina
foi encontrado parcialmente submerso e de bruços nas
margens do rio Gravataí, ao lado de um barranco no km 23 da ERS 118 na manhã de
segunda-feira em Alvorada. Ela havia sido sequestrada na noite de domingo perto
de casa no bairro Rubem Berta.
A
delegada Adriana Regina da Costa aguarda os laudos periciais do Departamento de
Criminalística e do Departamento Médico Legal, mas preliminarmente já foi
constatado que a vítima morreu
afogada. A equipe da delegada Andrea Magno, titular da Delegacia
de Polícia da Criança e do Adolescente Vítima, quer saber agora, por exemplo,
se a criança reagiu antes de ser morta, se foi dopada, entre outras dúvidas.
O próprio
fato do afogamento chamou a atenção dos agentes que rejeitam a possibilidade de
algum ritual sinistro praticado. Outra observação dos investigadores é de que a
menina não estava com o roller que usava quando brincava na rua e foi
arrebatada pelo motorista do veículo de cor vermelha. “Não foi localizado esse
roller”, destacou a diretora do Deca. A hipótese de alguém conhecido da menina
estar envolvido no caso é igualmente apurada.
Sobre
o Fiat Siena, de cor vermelha, encontrado no bairro São Sebastião horas depois
do sequestro da menina, a delegada Adriana Regina da Costa confirmou que as
perícias descartaram a ligação com o caso. “Segundo o rastreador, ele não
passou no local do sequestro da vítima. Se fala em um carro vermelho mas a
marca ainda não foi definida”, observou.
Agentes
estão em busca de imagens de câmeras de monitoramento em todo o bairro Rubem
Berta. O trabalho investigativo também está sendo realizado pela Delegacia de
Homicídios e Proteção à Pessoa de Alvorada sob comando do delegado Edimar
Machado.
No
final da manhã de hoje, o corpo de Eduarda Herrera de Mello foi sepultado no
Cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre. A família realizou a cerimônia
fúnebre de modo reservado e sem a presença da imprensa.
Correio
do Povo
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