Dominguez: moradores e ambientalistas não são ouvidos
O tema do debate era o risco de desaparecimento do Salto do Yucumã em decorrência do projeto do governo Lula, que da categoria secreto passou a de desconhecido, ao menos no Rio Grande do Sul, da construção da Usina Hidrelétrica Binacional Garabi. Mas o público presente na noite da última terça (13) na Fabico/UFRGS, acabou sofrendo a primeira inundação destrutiva do projeto incluído no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Ele foi informado que o maior salto longitudinal do mundo, com
A palestra do professor do curso de Jornalismo do Centro de Educação Superior Norte/UFSM, campus de Frederico Westphalen, Carlos Dominguez, chocou os presentes. Segundo ele, quando a Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó abre as comportas, a água sobe e cobre o Salto, gerando muita queixa dos turistas, mais argentinos e de outros países, do que de brasileiros. Em apenas três ou quatro horas o que era visível, fica invisível. “Recentemente”, conta o professor, “participei de uma reunião da Rota do Yucumã, e constatei que finalmente os prefeitos estão se mobilizando através de um abaixo-assinado para cobrar do Ministério de Minas e Energia e do Ministério de Meio Ambiente, a invisibilidade do Salto”.
Ele diz ainda que o consórcio da usina nega qualquer responsabilidade. "Os prefeitos", acrescenta, "estão vendo que o problema chegou até eles com esta usina que ninguém percebeu que traria alguma consequência. Então, mesmo que tenham baixado a altura das barragens de 135 para 130 metros , não acredito que o Salto não ficará submerso. Cinco metros é muito pouco, ainda que Garabi seja construída no rio antes dele chegar ao Parque. A única prefeitura que comemora a construção de Garabi é a de Santa Rosa porque vai receber ICMS dela, mas os municípios abaixo no mapa que poderiam explorar o turismo ficarão muito prejudicados.” A esperança do professor Dominguez está na mobilização dos hermanos. Ele contou que um senador argentino tenta realizar um plebiscito através do qual o país deverá se posicionar contrário ou favorável à construção da UHE Binacional Garabi.
SEM RESPOSTAS - São muitas as perguntas sem resposta também por parte das cinco mil pessoas que vivem em torno do Parque Estadual do Turvo. Sobre se onde construíram suas casas e constituíram suas famílias será inundado devido o barramento, se serão retirados, se vai acabar com a pesca – que já está prejudicada pelas UHE’s Itá, Machadinho e a recente Foz do Chapecó -, como será o futuro dos filhos que sonham ainda em viver na pequena propriedade rural familiar, do que vão viver, o que vai ser dos animais do parque, das seis onças que transitam entre o lado brasileiro e argentino do parque. A angústia é expressa no vídeo-documentário de 30min, o Projeto Ribeirinhos, realizado por Dominguez e seus alunos em três anos de investigação para o projeto de extensão.
O professor do curso de Jornalismo do CESNORS também destacou o papel da imprensa na publicação de informações de interesse público. Segundo constatação do seu grupo de pesquisa, enquanto o jornal Página 12 divulgou 31 notícias entre 2007 e 2010 sobre a questão da UHE Garabi e o Parque Estadual do Turvo, o jornal Folha de São Paulo, divulgou 19 notícias no período. Já o jornal Zero Hora, um dos principais do Rio Grande do Sul, divulgou apenas cinco notícias em três anos. “As fontes nestas notícias são as oficiais, quem fala é o secretário, é o ministro. Não se escuta o morador, o ambientalista, é um discurso de uma voz só, não foram ouvir o outro lado. E os movimentos sociais, especialmente o Movimento dos Atingidos por Barragens, o MAB, não fala nada, não está mobilizado,” concluiu.
Salto do Yucumã foi o tema do debate em Porto Alegre
Texto: EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais e blog RS Urgente
Fotos: Arquivo SEDUFSM e divulgação
Edição: Fritz R. Nunes
Ass. de Imprensa da SEDUFSM
Fotos: Arquivo SEDUFSM e divulgação
Edição: Fritz R. Nunes
Ass. de Imprensa da SEDUFSM
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