Ricardo Vélez deixou o Ministério da Educação
nesta segunda-feira
O presidente Jair Bolsonaro confirmou na manhã
desta segunda-feira a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez
Rodríguez, alvo de críticas dentro e fora do governo. O ministro enfrentava uma
crise que vem desde sua posse, com disputa interna entre grupos adversários,
medidas contestadas, recuos e quase 20 exonerações.
Bolsonaro informou em seu Twitter que Abraham
Weintraub será o novo chefe da Pasta. "Abraham é doutor, professor
universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário
para a pasta. Aproveito para agradecer ao Prof. Velez pelos serviços
prestados", escreveu.
Vélez viu um aumento do desgaste nas últimas
semanas com uma série de demissões. Em café da manhã com jornalistas, na última
sexta-feira, Bolsonaro indicou
que tomaria uma decisão sobre o Ministério da Educação nesta segunda-feira.
Logo após o presidente se manifestar em Brasília,
Vélez, que participava do 18º Fórum do Grupo de Líderes Empresariais (Lide) em
Campos do Jordão (SP), rapidamente reagiu. "Não vou entregar o cargo, não
fui informado". E ainda declarou: "Única coisa insustentável é a
morte".
Polêmicas
Ainda em janeiro, após ter tomado posse, Vélez se
envolveu em trocas de comando consecutivas no Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em três semanas, o
aparelho administrativo do MEC registrou 15 exonerações. À época, Vélez atribuiu
a saída do então dirigente do Inep, Marcus Vinicius Rodrigues, a uma reação à
decisão de alterar de maneira unilateral as medidas na área da educação básica.
"Ele puxou o tapete. Mudou um acordo e não me consultou. Ele se alicerçou
em pareceres técnicos que não foram debatidos", resumiu na oportunidade.
A saída de Marcus Vinicius Rodrigues estaria
ligada à iniciativa do MEC de não avaliar em 2019 o nível de afalbetização das
crianças brasileiras. Após receber críticas de especialistas na área, a própria
pasta informou a
revogação da portaria. O documento que tornou a medida sem efeito foi assinado
pelo próprio ministro Ricardo Vélez.
Em fevereiro, Vélez, em entrevista à revista
Veja, afirmou que "o brasileiro viajando é um canibal". A declaração
gerou até protestos e no dia 18 do mesmo mês o então ministro decidiu
se desculpar com uma
manifestação no Twitter. "Amo o Brasil e o nosso povo, de forma
incondicional, desde a minha chegada aqui, em 1979 e, especialmente, desde a
minha naturalização como brasileiro, em 1997. A entrevista à revista Veja
colocou palavras minhas fora de contexto. Peço desculpas a quem tiver se
sentido ofendido", escreveu.
Logo no começo de sua trajetória como ministro,
Vélez enviou uma carta a todas as escolas do país solicitando que fosse lido o
slogan de campanha do presidente Jair Bolsonaro e que fossem feitas filmagens
dos alunos cantando o hino nacional. Depois disso, o Inep anunciou a criação
de uma comissão para fiscalizar o conteúdo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A mais
recente polêmica envolveu a ditadura militar e a ideia de Vélez em fazer uma revisão
nas referências ao período nos livros escolares.
Por AE
Correio do Povo
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