Alan García esteve à frente da presidência do
Peru em dois mandatos e o mais recente terminou em 2011
O ex-presidente do Peru Alan García, alvo de uma
investigação por corrupção relacionada à Odebrecht, morreu nesta quarta-feira
após cometer suicídio durante uma operação da Polícia Nacional. O ex-chefe de
Estado, de 69 anos, estava internado no Hospital de Emergências Casimiro Ulloa,
em Lima, depois de atirar contra a própria cabeça ao saber que seria preso em
sua casa. Ele passou por uma cirurgia de emergência, mas não resistiu ao
ferimento e faleceu depois de sofrer três paradas cardiorrespiratórias.
Segundo informações do jornal El Comercio, do
Peru, agentes da Divisão de Investigação de delitos de Alta Complexidade foram
até a casa de García logo depois que o Judiciário autorizou a sua prisão
temporária por um prazo de 10 dias. A partir daí, conforme um dos advogados do
ex-presidente, Erasmo Reyna, o dirigente decidiu atirar contra si mesmo,
momento em que ele e os agentes responsáveis pela prisão ouviram o disparo.
Reyna anunciou que ingressará com ações judiciais
contra funcionários do Ministério Público e autoridades policiais que
realizaram a operação na casa do ex-presidente. Segundo o advogado, ocorreram
diversas irregularidades na entrada dos policiais no domicílio de García.
García esteve na presidência do Peru em dois
mandatos: de 1985 a 1990 e, mais recentemente, de 2006 a 2011.
O atual presidente do Peru, Martín Vizcarra, se
manifestou sobre a morte de Alan García. "Estou consternado pelo
falecimento do ex-presidente Alan García. Envio minhas condolências para a sua
família e seus entes queridos", escreveu no Twitter.
De acordo com a ordem judicial obtida pela
agência Associated Press, a autorização para prender García foi emitida sob o
argumento de que o ex-presidente teria recebido 100 mil dólares da Odebrecht,
dinheiro pago de forma disfarçada como um cachê de uma conferência realizada em
São Paulo, ainda em 2012. Em dezembro, o Uruguai rejeitou o pedido de asilo de
García, que buscou proteção no consulado uruguaio em Lima depois de um juiz
reter seu passaporte na investigação sobre propinas pagas pela Odebrecht.
Ao negar a solicitação de García, o presidente
uruguaio, Tabaré Vázquez, disse que não havia provas que respaldassem a
alegação do dirigente peruano, que se dizia perseguido politicamente pelo atual
chefe de Estado, Martín Vizcarra.
Ex-presidentes
na mira
A suposta relação de García com esquemas de
suborno era investigada pela procuradoria especial da Lava Jato. Além de
García, a investigação mira outros três ex-presidentes do Peru. Pedro Pablo
Kuczynski teve a prisão preventiva solicitada recentemente. Alejandro Toledo e
Olanta Humala são os outros dirigentes que teriam participado dos crimes
apurados.
Assim como García, Humala e Kuczynski estavam
proibidos de deixar o Peru. Toledo conseguiu fugir para os Estados Unidos, mas
atualmente enfrenta um pedido de extradição. A Odebrecht está no centro do
maior escândalo de corrupção na América Latina depois de admitir, em acordo
assinado em 2016 com o Departamento de Justiça dos EUA, que pagou mais de 800
milhões de dólares em propinas em diversos países da região para ser
beneficiada em grandes obras de infraestrutura. No Peru, a empresa disse que
pagou 29 milhões de dólares entre 2005 e 2014.
Rede de
apoio
O Brasil possui atendimento gratuito e anônimo
para apoio emocional e prevenção do suicídio para pessoas que estejam lutando
contra a depressão. O atendimento pode ser realizado por email ou bate-papo
pelo site do Centro de Valorização da Vida (CVV), ou pelo número de telefone 188, 24 horas por dia.
Por Correio
do Povo e AE
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