sexta-feira, 21 de junho de 2013

Frederico Westphalen: Envenenamentos de animais – Uma “cultura” criminosa

     Segundo relatos de moradores de FW, alguns casos de envenenamento aconteceram dentro dos pátios das casas
     (Foto: Fábio Pelinson)

As mobilizações de representantes de entidades em relação aos direitos dos animais não fizeram com que os casos de maus-tratos, como abandono, violência, e até mesmo envenenamentos, diminuíssem em Frederico Westphalen. Na cidade, tornou-se comum a onda de cães e gatos mortos com veneno. “A questão é que essa história de envenenamento de animais está se arrastando há muito tempo. Envenenar animais é uma atitude que está incorporada à cultura da cidade e ela precisa ser mudada”, ressaltou a presidente da Associação dos Melhores Amigos dos Animais (Amaa) de FW, Liège Copstein.

Os últimos relatos de cães e gatos envenenados são do centro da cidade, supostamente mortos criminalmente com estricnina. “Os gatos de rua, os quais cuidávamos e alimentávamos, apareceram no pátio de casa espumando pela boca, gritando muito e com os olhos dilatados. Sinais de extrema dor. E ficaram por quase uma hora nesse desespero”, contou a pedagoga Miriam Deise Keske Marazini, que presenciou a morte de mais animais por envenenamento neste último mês de maio. Fato semelhante aconteceu no bairro Barril, onde o cão e o gato de Aline Magri também foram envenenados. “Não sei o que pensar de pessoas que fazem esse tipo de maldade. Os bichinhos estavam no pátio da minha casa, qualquer reclamação poderia ser feita diretamente a nós, mas preferem tirar a vida de um ser vivo”, desabafou a moradora.

De acordo com Mirian, situações como essa acontecem há muito tempo na cidade. “Desde a minha infância é uma cultura, se tem um cachorro ‘incomodando’, se envenena. Exterminar é o meio mais ‘fácil’ e a impunidade ajuda nisso”, salientou a pedagoga.

Segundo Liège, o volume de envenenamentos que acontecem na cidade é completamente inaceitável. “Eles são tão frequentes, porque a venda da estricnina, que é ilegal, e que é penalizada com até quatro anos de prisão para quem vender, acontece indiscriminadamente em FW”, denunciou a presidente da Amaa.

O tema já foi reportagem no jornal O Alto Uruguai e também resultou em uma ação da entidade, que deu uma recompensa para uma pessoa que documentou a venda ilegal do veneno em um estabelecimento comercial da cidade. A denúncia gerou um inquérito, aberto na Delegacia de Polícia Civil de FW. “Isso já vai fazer um ano, e até onde sabemos, ainda não houve nenhuma repressão sobre a venda desse veneno no município”, comentou Liège.

Método para o controle de animais

A Prefeitura de FW mantém, com mediação da Amaa, um projeto de castrações gratuitas de fêmeas, como forma de controle populacional de animais, mas mesmo assim, as mortes cruéis não cessaram. “Acredito que as pessoas não saibam que envenenar animais é um crime de maus-tratos, que pode ser penalizado com três meses a um ano de prisão, com acréscimo caso ateste a morte do animal. A população continua praticando extermínio de animais, ignorando as medidas modernas civilizadas de controlar a população de animais de rua, isso precisa ter um fim”, ressaltou Liège.

Isso precisa ter um fim:
É preciso registrar ocorrência

Nos casos de suspeita de envenenamento, os donos dos animais devem buscar registrar o fato com fotos, para tentar a comprovação da autoria do delito. É preciso encaminhar o animal, restos de alimentos e secreções suspeitas de conter o veneno para um veterinário, que emitirá um laudo especificando se houve a ingestão e o tipo de substância utilizada. É preciso também fazer o boletim de ocorrência na DP, junto com a apresentação das provas e de testemunhas, se tiverem. Segundo a presidente da Amaa, a situação em FW é alarmante. “Não tem uma pessoa que você fale que não tenha tido um animal envenenado, nós só não temos uma estatística exata disso, porque as pessoas não têm o hábito de registrar ocorrência. Por isso, quando os moradores tiverem um animal envenenado, eles precisam ir até a delegacia registrar ocorrência, mesmo que não saibam quem foi, pois se os casos não chegam até lá, não se tem uma dimensão da gravidade do problema”, concluiu Liège. 


Fonte: Jornal O Alto Uruguai

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