quarta-feira, 26 de junho de 2013

Manifestantes acampam na Câmara de Vereadores de Santa Maria

Grupo pede renúncia de vereadores da CPI da boate Kiss


Um grupo de manifestantes passou a noite dessa terça-feira acampado na Câmara de Vereadores de Santa Maria, na região central do Estado, após dezenas de pessoas invadirem a Casa na tarde de ontem. Em entrevista à Rádio Guaíba nesta quarta-feira, um dos coordenadores do Diretório Central de Estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Alex Monaiar, afirmou que a ocupação prossegue até a renúncia de três vereadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as mortes no incêndio da boate Kiss. 

O principal motivo da ocupação foi o vazamento da gravação de uma conversa entre dois vereadores que integram a CPI e um assessor. No áudio, com mais de 42 minutos, a presidente da comissão, Maria de Lourdes Castro (PMDB), o vice, Tavores Fernandes (DEM), e o assessor, que seria o autor da gravação, tece críticas à mudança de posicionamento da vereadora Sandra Rebelato (PP), relatora da CPI. Na gravação, o trio diz que a investigação não pode chegar ao secretário de Relações de Governo e Comunicação, Giovani Mânica, nem ao prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer. 

Os vereadores analisaram a gravação com os líderes da manifestação e anunciaram que o caso será examinado pela Comissão de Ética. O advogado da Associação dos Familiares Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss (AVTSM), Jonas Stecca, pediu uma cópia do áudio, já repassado à Polícia Civil e ao Ministério Público. 

O secretário municipal de Relações de Governo e Comunicação de Santa Maria, Giovani Mânica, emitiu uma nota à imprensa na tarde desta terça-feira (leia abaixo). No comunicado, Mânica prometeu ingressar com representação na Câmara para investigar a falta de decoro para cassação do parlamentar.

Depoimento de prefeito é cancelado

A CPI que investiga a tragédia da boate Kiss cancelou as oitivas previstas para esta quarta-feira, nas quais o prefeito Cezar Schirmer e a procuradora jurídica do município, Anny Desconzi, iriam prestar depoimentos. 

Manifestação é motivada pelo transporte

Os manifestantes se reuniram na tarde dessa terça-feira na Praça Saldanha Marinho, na área central do município, e foram direto para o prédio da Câmara de Vereadores. A Brigada Militar (BM) tentou conter a ocupação, mas o protesto avançou para o interior da Casa, interrompendo a sessão por volta das 17h.  A manifestação foi motivada por duas causas: redução na tarifa do transporte público e anulação do relatório da CPI da boate Kiss.

Nota oficial:

"Tomei conhecimento informalmente que fui citado numa reunião da CPI da Kiss que foi gravada. Não sei seu teor, mas por esse motivo já tomei as seguintes providências:

1- Antecipadamente me coloquei a disposição das Autoridades Policiais;
2- Conversei com o Sr. Adherbal Ferreira, Pres. da Associação das Vítimas, e com o Dr. Jonas Stecca, advogado das vítimas, e informei que assim como eles, e até conjuntamente, irei até as últimas conseqüências para apurar os fatos;
3- Vou acionar através de Interpelação Judicial Criminal as pessoas que citaram meu nome para que informem o motivo e o verdadeiro sentido da citação, bem como que provem o afirmado;
4- Ingressarei com representação na Câmara de Vereadores para investigar a falta de decoro, para cassação do parlamentar;

As pessoas podem falar o que querem desde que se responsabilizem por suas afirmações, e essa responsabilidade vou buscar até as últimas consequências.

Sou pai, santa-mariense, perdi amigos e familiares nessa tragédia que deixa a uma sensação de impunidade na cidade, a qual não sou, não fui, e não serei conivente, e não vou aceitar que as mais baixas condutas políticas ataquem minha pessoa. 

Vão responder por qualquer tipo de leviandade, suspeição ou canalhice comigo. Sou formalista e cumpridor da lei, e quem trabalha comigo sabe disso.

E mais, fui a CPI e concedi o mais longo e esclarecedor depoimento. Se não queriam que fosse será que é porque algumas pessoas sabem que falo a verdade? Dito isso dentro de uma CPI governista parece muito evidente que trata-se de uma “trama política”, para desviar o foco de quem realmente deve prestar esclarecimentos e resultados, se aproveitando do momento de fragilidade das pessoas envolvidas."


Fonte: Correio do Povo e Rádio Guaíba

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