A Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil do
município do Rio de Janeiro informou nesta segunda-feira que mantém interditado
o prédio do Museu Nacional após o incêndio ocorrido na
noite do domingo. Técnicos do órgão fizeram nova vistoria no local e verificaram
que existe grande risco de desabamento interno.
Podem desabar trechos remanescentes de laje,
parte do telhado e paredes divisórias. Na área externa, não há risco iminente,
mas há problemas pontuais, como possível queda de revestimento, adornos e
estátuas, o que provocou isolamento das fachadas.
A Defesa Civil mantém, desde a noite de domingo,
uma base avançada na Quinta da Boa Vista. Cinco técnicos participaram, ao longo
da noite e madrugada, das ações de combate ao fogo e rescaldo junto ao Corpo de
Bombeiros e demais órgãos.
Causas
O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, afirmou
que o incêndio de grandes proporções que destruiu o Museu Nacional, na zona
norte do Rio, na noite deste domingo, é uma "tragédia
incomensurável". Ao Estado de S. Paulo, ele afirmou que há duas possibilidades
sobre as causas do incêndio em investigação: o fogo pode ter sido causado por
um balão ou por um curto-circuito.
O ministro afirmou ainda ser fundamental uma
apuração rigorosa em relação às causas do incêndio. Segundo Leitão, parte do
acervo que estava fora do Palácio foi preservada. Técnicos estão estimando o
que foi possível recuperar. "É preciso dizer que uma parte do Museu que
fica no Horto como a botânica, biblioteca central que tem cerca de 500 mil
volumes, parte da coleção de arqueologia e uma parte de coleção de vertebrados
foram preservados", explicou Leitão.
O incêndio
O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro,
situado na Quinta da Boa Vista, na capital fluminense, foi controlado apenas
por volta das 3h da manhã desta segunda-feira. Vários diretores, funcionários e
pesquisadores do Museu Nacional passaram a noite no local acompanhando os
trabalhos e tentando colaborar. Havia preocupação com as dificuldades em
controlar as chamas, a ausência de água e o risco de desabamento. Oficialmente,
o Corpo de Bombeiros informou que não há ainda dados sobre as causas do
incêndio.
O comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de
Janeiro, coronel Roberto Robadey, afirmou que um problema no funcionamento dos
hidrantes contribuiu para o fogo se alastrar na região do parque, na Quinta da
Boa Vista onde está o Museu Nacional. Segundo o coronel, foi preciso pedir
apoio à Companhia de Águas e Esgotos do Rio (Cedae) para ceder carros-pipa.
Também foi utilizada água do lago da Quinta da Boa Vista.
"Pedimos apoio a eles (da Cedae) de
carros-pipa e também trouxemos os nossos carros da Baixada Fluminense. Os dois
hidrantes mais próximos estavam sem carga", disse o militar. Ele lembrou
que, ao chegar ao local do incêndio, o fogo estava de média para grande proporção.
O comandante não confirmou as primeiras informações de que o fogo teria
começado no primeiro andar.
Museu abrigava esqueleto mais antigo das Américas
O museu, ligado à Universidade Federal do Rio de
Janeiro, reunia algumas das mais importantes peças da história natural do País,
como Luzia, o esqueleto mais antigo já encontrado nas Américas. Com cerca de 12
mil anos de idade, foi achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974.
Trata-se de uma mulher que morreu entre os 20 e os 25 anos e foi uma das primeiras
habitantes do Brasil. A descoberta de Luzia mudou as teorias sobre o povoamento
das Américas.
Outra peça marcante do museu é o meteorito
Bendegó, o maior já encontrado no Brasil e que tinha destaque no saguão do
prédio. Com 5,36 toneladas, a rocha é oriunda de uma região do Sistema Solar
entre os planetas Marte e Júpiter e tem cerca de 4,56 bilhões de anos. O
meteorito foi achado em 1784, em Monte Santo, no sertão da Bahia. Está na
coleção desde 1888.
ESTADÃO conteúdo
Correio do Povo
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