Autoridades concederam entrevista coletiva
sobre sequestro de jornalistas | Foto: Rodrigo Arangua / AFP / CP
Dois jornalistas e um motorista do jornal El
Comercio, um dos principais do Equador, foram sequestrados na fronteira com a Colômbia,
em meio às operações militares nos dois países contra rebeldes dissidentes
colombianos envolvidos no narcotráfico.
O sequestro eleva ainda mais a tensão na área
fronteiriça, após a ofensiva lançada por guerrilheiros que se distanciaram do
processo de paz com a já dissolvida guerrilha das Farc. "Três funcionários
do meio de comunicação diário El Comercio foram sequestrados nessa
segunda-feira. Isso aconteceu de manhã, na área de Mataje, cantão San Lorenzo,
província de Esmeraldas", informou o ministro do Interior, César Navas, em
coletiva de imprensa. "Presumimos que estejam na Colômbia. Sabemos que
estão bem. Já houve contato", acrescentou.
Embora mantenham as identidades em segredo, a
equipe é integrada por um redator, um fotógrafo e um motorista do jornal, e
estava em trabalho em Esmeraldas, a noroeste e na fronteira com o departamento
colombiano de Nariño.
Sindicatos de jornalistas e fotógrafos
expressaram sua solidariedade com os sequestrados e exigiram às autoridades que
sejam resgatados o mais rápido possível. "Exigimos que nossos colegas
sejam recuperados sãos e salvos. O tema deve ser uma prioridade para o Estado,
que precisa tomar ações imediatas sobre isso", manifestaram cerca de 200
comunicadores que assinaram uma carta, acrescentando que "é dever do
Estado precaver a segurança do exercício profissional do Jornalismo".
Também
convocaram vigílias para esta terça à noite em frente à casa de governo em
Quito e em uma praça de Guayaquil. Navas explicou que os três sequestrados
"passaram pelo posto de controle militar" e que "receberam as
advertências correspondentes sobre o risco de circulação" na área.
Embora
todas as suspeitas apontem para uma ação de grupos de origem rebelde, o governo
evitou apontá-los diretamente. O El Comercio, por sua vez, também falou com
cautela do sequestro, o primeiro a atingir a imprensa equatoriana nas últimas
três décadas.
As
Forças Armadas do Equador enfrentam na fronteira uma incomum arremetida pelas
mãos do grupo dirigido por "Guacho", ex-guerrilheiro das Farc que
também estaria por trás de ataques com explosivos contra tropas colombianas do
outro lado da fronteira.
"O
que é novo é a violência, consequência em grande parte do processo de paz com
as Farc. Há anos, a fronteira entre a Colômbia e o Equador tem sido cenário de
atividades ilegais, como tráfico de drogas, mineração ilegal e tráfico de todos
os tipos", explica à AFP o general reformado Oswaldo Jarrín, ex-ministro
da Defesa.
O governo
do Equador atribui os recentes ataques a uma represália dos dissidentes, que
segundo a Inteligência militar colombiana têm cerca de 1,2 mil combatentes.
"Desde o último trimestre, nossa presença na fronteira norte foi reforçada
e tivemos resultados muito positivos: apreensão de drogas, agentes químicos,
armas, logística e, acima de tudo, a detenção de membros desses grupos armados
dissidentes organizados", explicou o Ministro Navas.
"O
que temos que entender é onde a ameaça opera, a ameaça não opera em nosso
território", acrescentou. Depois dessa ofensiva, Equador e Colômbia
concordaram em fortalecer a colaboração de suas Forças Armadas, sem fazer
referência a operações militares conjuntas, para combater o "crime
transnacional".
AFP
Correio
do Povo
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