quinta-feira, 21 de julho de 2011

Deborah Guerner sai de sessão em meio a julgamento e desmaia

Debora Guerner (Foto: AE)
A promotora Debora Guerner ao ser socorrida
após desmaio (Foto: Ed Ferreira / AE)

     A promotora Deborah Guerner deixou a sessão em meio ao julgamento por volta de 11h desta quinta-feira (21), ao lado do marido, Jorge Guerner, dizendo que ele estava passando mal. Antes de chegar ao posto de atendimento, que fica do lado de fora do tribunal, a promotora desmaiou.

     Guerner disse que o marido estava sofrendo um Acidente Vascular Cerebral (AVC). "Eu sei que ele vai morrer de tanta injustiça", gritou a promotora. Antes de chegar ao serviço médico, ela desmaiou e foi carregada. Posteriormente, um dos advogados afirmou que Jorge Guerner sofreu um princípio de AVC há duas semanas.
     A Corte Especial do TRF-1 decide nesta quinta se Deborah Guerner e o ex-procurador de Justiça do Distrito Federal Leonardo Bandarra responderão a ação penal por crimes relacionados ao escândalo conhecido como mensalão do DEM. Por conta do tumulto, o julgamento teve um intervalo de 10 minutos, mas prosseguiu normalmente. A sessão foi suspensa por volta de 12h30 para o almoço e será retomada à tarde com o julgamento do mérito da denúncia.
     Após o tumulto, a defesa do casal Guerner informou que Jorge e Deborah ficaram em observação por recomendação médica. “O seu Jorge teve um mal estar, provavelmente problema de pressão e veio para o atendimento. E a dra. Deborah ficou nervosa, sofreu um desmaio e eles vão ficar em observação, seguindo orientação do médico do tribunal”, afirmou o advogado Maurício Araújo.
     Perguntado sobre a possibilidade de o episódio de desmaio ser uma simulação, o advogado da promotora afirmou que seus clientes estão sob pressão.
     “Não teria porque ela simular qualquer coisa acho que ela ficou bastante aflita porque o marido estava se sentindo muito mal. São inúmeras emissoras, todo mundo em cima, eu acho que a situação de pressão, o processo, eles estão com o emocional fragilizado e não é fácil para ninguém”, disse.

Interrupção da sessão

     Minutos antes do desmaio, o presidente da Corte, Olindo Menezes, havia ameaçado retirar a promotora do plenário após ela interromper a votação na qual os desembargadores decidiam se o julgamento seria aberto ou fechado ao público. A promotora se dirigiu à Corte, em voz alta, sem pedir permissão. “O Arruda não foi denunciado, o Paulo Octavio não foi denunciado”, gritou Guerner.
     O presidente da Corte alertou a promotora de que ela não poderia falar naquele momento. “Se tumultuar mais uma vez, vai ser retirada. A senhora não pode falar, será que não escuta?, disse o desembargador. Após a ameaça do desembargador, Guerner voltou a assistir a sessão ao lado do marido e do advogado.

Julgamento

     Pela manhã, durante o julgamento, foram ouvidos os advogados de defesa e julgadas as preliminares levantadas pela defesa. Os advogados dos réus sustentaram que houve problemas no processo como falta de provas, cerceamento de defesa, nulidade da investigação e incompetência do TRF-1 para julgar o caso. Todas as alegações foram rejeitadas pelo plenário da Corte Especial.
     O presidente do tribunal decidiu que cada advogado de defesa poderia falar por 10 minutos. Os advogados se reuniram e fizeram uma reclamação dizendo que o tempo era insuficiente para apresentar os argumentos.
     Também são réus neste processo o delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, Marcelo Carvalho, homem de confiança do ex-vice-governador do DF, Paulo Octávio, a ex-assessora de Durval Barbosa, Cláudia Marques.
     Os crimes de violação de sigilo funcional, concussão e formação de quadrilha foram desmembrados em um outro inquérito que será julgado após o caso de extorsão.

Denúncia

     Em outubro do ano passado, Guerner e Bandarra foram denunciados pelo Ministério Público por crimes de extorsão, quebra de sigilo funcional, concussão (exigir dinheiro ou vantagem em razão da função que ocupa) e formação de quadrilha dentro do suposto esquema envolvendo integrantes do governo do Distrito Federal e do Poder Legislativo.
     Segundo denúncias do delator do suposto esquema, Durval Barbosa, os dois acusados teriam cobrado R$ 2 milhões do ex-governador José Roberto Arruda para não divulgarem o vídeo em que ele aparece recebendo dinheiro de Durval Barbosa.   O ex-procurador-geral do Ministério Público e a promotora negam as acusações.
     No início do julgamento, em maio, a Corte Especial começou a analisar um pedido da defesa da promotora que alegou insanidade. A intenção era evitar que ela respondesse pelos crimes dos quais é acusada.
     Um pedido de vista adiou para o dia 2 de junho a decisão do colegiado que negou o pedido e considerou, por unanimidade, que a promotora não sofre de insanidade.
     Além disso, de acordo com Barbosa, Bandarra e Guerner teriam cobrado propina para vazar informações da Operação Megabyte da Polícia Federal para Durval Barbosa. Caso a denúncia do MP seja aceita, o primeiro passo da ação penal é o interrogatório dos réus e a oitiva das testemunhas, que poderão ser arroladas pela acusação e pelos advogados de defesa.

Fonte: Débora Santos / Do G1, em Brasília

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