Presidente da OAB recebeu ameaças em redes
sociais
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) pediu à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar
"ameaças e ofensas" ao presidente da entidade, Felipe Santa Cruz. Em
mensagem publicada em rede social, um usuário escreveu: "Você não passa de
um comunista igual ao seu pai. Se acha um semideus porque anda de carro
blindado. Não se esqueça que existe .50 BMG (cartucho de arma de fogo) e
explosivo C-4 (explosivo plástico de uso bélico)".
A OAB ingressou com duas notícias-crime na segunda-feira
passada, mas a iniciativa só foi divulgada nesta sexta-feira, 2. Procurada, a
Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal informou que
recebeu as notificações e que, agora, vai avaliar os conteúdos e identificar a
necessidade ou não de abertura do inquérito.
O presidente da OAB entrou em atrito nesta semana
com Jair Bolsonaro, depois de o presidente ter colocado em dúvida a versão
oficial sobre a morte do pai de Santa Cruz. Em repetidas declarações, Bolsonaro
disse que Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira teria sido executado por
integrantes do próprio grupo de esquerda do qual fazia parte, durante o regime
militar - o que é contestado por registros do próprio governo.
A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos
Políticos emitiu uma retificação de atestado de óbito de Oliveira, na qual
reconhece que sua morte ocorreu "em razão de morte não natural, violenta,
causada pelo Estado brasileiro".
Falando a jornalistas antes de almoço do
Instituto dos Advogados de São Paulo, Santa Cruz disse que "confia que a
Polícia Federal vai identificar o perfil e esclarecer, antes de mais nada, se é
um destempero, uma loucura que as pessoas às vezes falam, ou se é algo que
devemos mesmo nos preocupar e enfrentar como algo relevante e uma ameaça grave
contra minha segurança ou de minha família".
Em seu discurso, ele disse que o Brasil vive um
momento de "ódio". "Temos dois caminhos nessa encruzilhada. Um
poderia ser aceitar o caminho do ódio, responder, bater boca, rolar no chão.
Esse não serve a ninguém", afirmou. "O outro (caminho) é dizer basta,
dizer aos democratas de todos os matizes, da esquerda à direita, que é
importante reconstruir um campo racional de debate."
Por AE
Correio do Povo
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