PF cumpre 91 mandados
judiciais em cinco Estados | Foto: Geraldo Bubniak /
AGB / Estadão Conteúdo / CP
A Operação Trapaça, nova fase da Carne Fraca,
deflagrada nesta segunda-feira, mira fraudes laboratoriais perante o Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Um dos alvos é a empresa BRF, gigante
do setor de carnes e processados. O ex-presidente da empresa Pedro de Andrade
Faria (2015 a 2017) foi preso.
Em nota, a PF informou que agentes cumprem 91
ordens judiciais nos Estados do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do
Sul, de Goiás e de São Paulo: 11 mandados de prisão temporária, 27 mandados de
condução coercitiva e 53 mandados de busca e apreensão. Cerca de 270 policiais
federais e 21 auditores fiscais federais agropecuários participam das ação
coordenada entre a Polícia Federal e o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
A Trapaça aponta que cinco laboratórios
credenciados junto a Agricultura e setores de análises do grupo empresarial
fraudavam resultados de exames em amostras de seu processo industrial,
informando ao Serviço de Inspeção Federal dados fictícios em laudos e planilhas
técnicos.
Empresas burlavam exames da bactéria salmonela,
diz secretaria
A Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA)
divulgou nota sobre a operação, afirmando que uma equipe de auditoria
especializada atuando com a Policia Federal, "que pode adicionar
ferramentas de investigação para desvendar este processo de fraude que poderia
comprometer o sucesso de programas higiênico-sanitários no Brasil".
Conforme a nota, as empresas investigadas
burlavam a fiscalização preparando amostras, por meio dos laboratórios
investigados, com o objetivo de esconder a condição sanitária dos lotes de
animais e de produtos, evitando assim, uma medida corretiva restritiva do
Serviço Oficial.
A SDA esclarece que o alvo principal desta
operação é a fraude nos resultados de análises laboratoriais relacionados ao
grupo de bactérias Salmonella spp. A presença da bactéria salmonela é comum,
principalmente em carne de aves, pois faz parte da flora intestinal desses
animais. No entanto, quando utilizados os procedimentos adequados de preparo e
de consumo, minimizam os riscos no consumo da salmonela, uma vez que a bactéria
é destruída em altas temperaturas, como frituras e cozimento.
"Dentre os mais de 2 mil sorovares, existem
dois de preocupação para a saúde animal e dois de saúde pública, que devem
desencadear medidas específicas dentro das granjas avícolas e nos produtos
sabidamente positivos para salmonela, visando a melhoria do manejo, a redução de
riscos do campo à mesa do consumidor final", diz a SDA.
O órgão do Ministério da Agricultura acrescenta
"que o processo de fiscalização do Departamento de Inspeção de Produtos de
Origem Animal já havia identificado irregularidades nos procedimentos para respaldo
à certificação sanitária implementada em algumas unidades frigoríficas, o que
resultou em exclusão destes estabelecimentos para exportação aos 12 países que
exigem requisitos sanitários específicos de controle e tipificação de
Salmonella SPP".
Procedimentos
adotados pela SDA a partir da operação
-
Suspensão do credenciamento dos laboratórios alvo da operação, até finalização
dos procedimentos de investigação, que poderão resultar no cancelamento
definitivo do credenciamento;
-
Suspensão dos estabelecimentos envolvidos para exportar a países que exigem
requisitos sanitários específicos de controle e tipificação de Salmonella SPP.
-
Implementação de medidas complementares de fiscalização, com aumento de
frequência de amostragem para as empresas envolvidas, até o final do processo
de investigação.
-
Implementação pela SDA de novos modelos de controle de laboratórios
credenciados visando a redução de fraudes;
-
Aprimoramento de ferramentas de combate a fraudes em alimentos, como também
continuidade de ações já desempenhadas pelo Serviço de Inspeção Federal,
possibilitando redução de não conformidades a curto e médio prazo.
ESTADÃO conteúdo
Correio
do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário