Secretário de
Saúde, João Gabbardo dos Reis, disse que sistema fica prejudicado e que não
existe mágica
O governo
do Estado do Rio Grande do Sul comunicou que, pela primeira vez, não terá
condições de efetuar o pagamento dos hospitais e municípios, nem mesmo os com
determinações judiciais referentes às ações ajuizadas.
“Desde
janeiro de 2015 isto não havia acontecido. Pela primeira vez neste governo não
conseguimos pagar hospitais e municípios. Desta forma fica inviabilizado o
funcionamento dos hospitais e das prefeituras, isso prejudica todo o sistema”,
ressaltou Gabbardo. Nenhum dos 700 hospitais do Rio Grande do Sul vai receber
recursos do tesouro do Estado.
De acordo
com o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, a situação é muito
preocupante. “Mágica a gente não consegue fazer, a gente tem feito o possível
para administrar. Esperávamos pagar sexta-feira e não foi possível. Agora a
determinação é efetuar o pagamento depois de quitar a folha do funcionalismo,
quando começam a entrar recursos novamente”, explicou.
Segundo
Gabbardo, o não pagamento dos recursos do tesouro do Estado é uma bola de neve
que tem uma tendência de crescimento. “Daqui pra frente as coisas só vão
piorar”, anunciou. Somente para atender as determinações judiciais, a
Secretaria Estadual da Saúde (SES) repassa R$ 70 milhões para 71 prefeituras e
64 hospitais que ajuizaram ações contra o Estado. Deste total, R$ 50 milhões
são destinados para o pagamento dos incentivos hospitalares e R$ 20 milhões
para os programas municipais na área da Saúde.
O
presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul
(Famurs), Salmo Dias de Oliveira, afirmou que a entidade vê com extremo
desgosto com a nota oficial divulgada pela SES a respeito do não pagamento aos
hospitais e aos municípios. “Muitos municípios já vinham sofrendo há uma longa
data com esta questão dos atrasos do governo. O Estado deve R$ 360 milhões aos
municípios”, afirmou Oliveira.
De acordo
com ele, na última assembleia realizada pela Famurs com as associações
regionais, ficou acordado que todas as prefeituras iriam judicializar a questão
das dívidas. “Cerca de 60 municípios estão aguardando decisão judicial e, quem
ainda não ajuizou, vai ajuizar, pois os municípios não têm outra forma de
cobrar do governo, que não seja através do poder judiciário. Precisamos fazer o
governo cumprir com os repasses para a saúde”, enfatizou. Oliveira ainda
ressaltou que, no entendimento da Famurs, saúde é inegociável. “Essa situação
deixa os municípios em completo desespero. Não temos como deixar de atender as
pessoas”, disse.
A
expectativa, conforme Oliveira, é que o Estado priorize a saúde. “Sabemos das
dificuldades, mas no nosso entendimento, saúde é uma questão de extrema
prioridade. Nós vamos continuar cobrando do governo. Vamos paralisar o estado
se for necessário, mas ele vai ter que cumprir com os repasses para a saúde”,
destacou.
Jessica Hübler
Correio do Povo
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