Diretora diz que alunas estavam indo
à aula com roupas curtas e salto alto.
Escola está localizada em
região de periferia de Sorriso
(Foto: MT Notícias)
(Foto: MT Notícias)
Alunas de uma escola
estadual no município de Sorriso, na
região Norte do estado, a 420 km de Cuiabá, foram impedidas de entrar na sala
de aula nesta terça-feira (19) porque usavam saias, shorts e sapato alto. Elas
tiveram que voltar para casa e, somente depois de trocar de roupa, conseguiram
a liberação para assistirem às aulas. “Eram mini-saias, mini-shorts, como se
estivessem indo para a balada. O tipo de vestimenta é totalmente impróprio e
tem gerado muitos problemas nas classes”, declarou a diretora da Escola
Estadual Ignácio Schevinski, Shirlei Aparecida Melo Faria, em entrevista ao G1.
Como novo regimento
interno da unidade neste ano, ela proibiu às alunas o uso de saias e shorts na
escola por conta dos “abusos” nas vestimentas das roupas curtas que, segundo a
diretora, foi a melhor alternativa encontrada para evitar que as próprias estudantes
deixem de ser classificadas como “periguetes”. Dessa forma, os estudantes podem
apenas usar calças.
"Pela escola
estar localizada em um bairro periférico já sofremos muita discriminação.
Estamos tentando criar uma identidade e sermos respeitados. Não queremos que as
alunas sofram preconceito ou sejam rotuladas de periguetes, como já podemos
observar que está ocorrendo. Com uma imagem negativa, os alunos só têm a
perder", avaliou.
A diretora explica
que a decisão foi tomada em conjunto com o Conselho Deliberativo, em que
participam os pais dos estudantes e a comunidade, após verificar que muitas
reclamações também partiam dos próprios pais dos alunos. Shirlei Aparecida
declarou também que no último ano foi liberado o uso das saias mais compridas e
bermudas, o que, conforme ela, não foi obedecido.
“Até tentamos evitar
a proibição, mas temos casos aqui que as próprias alunas saem de casa com um
tipo de roupa e dentro da escola trocam a vestimenta. Mas nenhum aluno deixará
de assistir à aula por causa disso. Eles vão ser notificados, trocam de roupa e
entram na sala de aula. O regimento está sendo avisado desde o final do ano
passado, na matrícula, rematrícula e ninguém pode dizer que não sabia da
determinação”, pontuou a diretora, que atua no cargo há dois anos.
Uma alternativa
elaborada pela escola é a confecção de calça em tecido que servirá como
uniforme padrão. Shirlei contou que o valor da calça será de R$ 35 e os alunos
terão o prazo de três meses para se adequarem ao uniforme. No entanto, conforme
ela, o uso da calça não será obrigatório e nenhum aluno será impedido de entrar
na escola, caso não compre a peça.
A escola possui 1.200
alunos, com idade entre 12 e 20 anos, que estudam nos três períodos do dia. Ela
está localizada no Bairro Novos Campos, região de periferia. Uma das
problemáticas que a nova regra está gerando é com os estudantes evangélicos,
que fazem parte de igrejas que vedam o uso de calça para mulheres.
Na tentativa de sanar
a questão, a diretora Shirlei Aparecida disse que deverá realizar uma
reunião nesta quarta-feira (20) com os estudantes e pais que são evangélicos
para que o assunto seja discutido. “Não vai ser proibido para eles o uso da
vestimenta. Mas a intenção é deixá-los cientes do regimento e ainda assinarem
um termo de responsabilidade com os filhos sobre as roupas”, frisou.
Outras escolas da
região também estão adotando a mesma regra, com o objetivo de impedir que as
estudantes sejam discriminadas dentro da própria escola e para evitar problemas
entre os próprios alunos.
Fonte: Kelly Martins |
Do G1 MT
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