quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Cultura: a juventude quer ter esse direito



     A cidade de Santa Maria é caracterizada pela alto contingente juvenil. Jovens de todas as regiões do Rio Grande do Sul, como também de outros estados, são atraídos para a cidade na perspectiva de cursar o ensino superior, a carreira militar ou ainda o mercado de trabalho. Além disso, os jovens conterrâneos formam um contingente de mais de 27 % da população total, espalhados pelos diversos bairros e regiões. 

     A juventude é uma fase da vida mais ou menos determinada entre os 14 e 29 anos e uma categoria social que possui características muito específicas. Compreender essas especificidades é fundamental para pensarmos as demandas próprias desse contingente, que mesmo sendo muito grande, tem sido, literalmente, negligenciado pelo poder público de nossa cidade.

     Uma das principais caracterizações do período juvenil, é que este se encontra em processo de definição e construção de perspectivas.  É um momento de experimentação, construção de identidade e de expectativas sobre o futuro. Nessa fase, os sujeitos tomam as principais escolhas de sua vida, seja na dimensão profissional, afetiva, afinidades políticas, entre outras. Assim a juventude necessita políticas publicas capazes de atender suas especificidades, como políticas de lazer e cultura, consideradas elementos de maior interesse dos jovens.  Refletir sobre essa questão é essencial neste momento, tanto pelas circunstâncias, como, por acreditar que a falta dessas políticas esta diretamente relacionada com os últimos acontecimentos que abalaram nossa cidade.

     Esta fase de experimentação é potencializada pela participação em grupos e atividades sociais. Não é a toa que espaços de cultura e diversão estão entre as questões mais importantes para os jovens, visto que são espaços fundamentais de sociabilidade, de elaboração de identidades individuais e coletivas. O jovem tem grande necessidade de se encontrar, de sair de casa, seja para conversar, dançar, se divertir. É por meio desses espaços que ele troca suas descobertas, preocupações com amigos, constrói seu estilo, sua forma de se expressar, de pensar e ver o mundo e se posicionar perante ele.

     As políticas de cultura são, ou deveriam ser, um direito da juventude, um direito de ter a oportunidade de vivenciar com segurança essa etapa. Compreendemos que o poder público tem a obrigação de olhar para essa categoria que compõe uma parcela significativa da população, visto que vivenciamos uma situação de direitos não garantidos: o direito à cultura, ao divertimento, à cidade ou ainda á própria juventude.

     Entretanto, o que vemos hoje em Santa Maria não é isso. O desleixo é tanto em relação às demandas da juventude, que apenas quando acontece algo muito grave que o poder público se manifesta em relação à juventude. Acreditamos que o acontecido da boate Kiss se relaciona com a necessidade de nossa cidade - que possui alto contingente juvenil – em vir a oferecer espaços públicos de cultura e lazer.

     Infelizmente o poder público pouco ou nada tem garantido em relação ao acesso a cultura para esse contingente. Sabes-se bem, que os espaços de lazer e os bens culturais em Santa Maria são dominados pelo setor comercial. Por outro lado, os espaços públicos de lazer de encontro e integração da juventude nos últimos anos foram se extinguindo, foram fechados, interditados e condenados. Cita-se como exemplo: o Bombril, a concha acústica do Itaimbé e a praça do “Brama”. Em todos esses casos, não houve esforço algum do setor público para viabilizar estes espaços, apenas decretos de fechamento. O acesso ao direito do lazer e da diversão tem ficado a mercê do mercado e sua pela lógica da lucratividade.

     Nós do Diretório Central dos Estudantes da UFSM, gostaríamos de convocar toda a juventude para travar essa luta pelo direito ao lazer e a cultura. Não podemos deixar que um acontecimento que levou sonhos e perspectivas de muitos jovens seja esquecido como se tudo estivesse bem. Temos que juntos superar essa realidade reivindicando o direito de vivenciar nossa juventude com segurança.  Temos que a partir de agora refletir sobre o que queremos para nossa cidade e para a juventude que merece espaços de lazer seguros, de qualidade e públicos. 

     Saudações juvenis! 

Fonte: Diretório Central dos Estudantes - UFSM

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