Elmar Nascimento quer que governo defina que tipo
de relação irá estabelecer com deputados
Foto: Arquivo Pessoal /
Facebook / Divulgação / CP
O protagonismo dos militares no governo de Jair
Bolsonaro está incomodando potenciais aliados. Para o líder do DEM na Câmara,
deputado Elmar Nascimento (BA), o presidente precisa melhorar muito sua relação
com o Congresso, se não quiser ter problemas em votações consideradas
prioritárias, como a reforma da Previdência. "O governo saiu da política
de sindicato e passou para a república da caserna", afirmou o deputado, em
uma referência ao número de militares no primeiro, segundo e terceiro escalões
da máquina federal, em contraposição à quantidade de sindicalistas nas gestões
petistas.
Além de comandar a bancada do DEM, Elmar é líder
do "blocão", grupo que reúne 301 dos 513 deputados e ajudou a
reconduzir Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara. Na avaliação do
deputado, Bolsonaro precisa chamar a classe política para ser "sócia"
de seu projeto. Nesta entrevista, ele negou, porém, que isso signifique um toma
lá, dá cá.
Ao falar da agenda econômica, Nascimento declarou
que há ideias que estão alinhadas, mas elas só poderão crescer quando há um
relacionamento entre governo e deputados. "A agenda econômica converge com
a nossa, mas um casamento só se faz quando se é pedido em casamento. Até agora
não teve pedido do presidente. O governo está saindo de uma república de
sindicato para uma república da caserna. Eu respeito muito os militares, são
patriotas, dedicados ao Brasil, mas na política tem gente tão honesta quanto
eles. É preciso se estabelecer qual o tipo de relação que o presidente quer com
a classe política", disse.
Questionado sobre a presença de Onyx Lorenzoni
como ministro civil dentro do Palácio do Planalto, Nascimento elogiou o
político gaúcho, mas criticou a ideia de sustentar um militar como articulador
do governo. "É bom. Ele é do ramo, é político. Agora, acho que para a
articulação política, o presidente tem de escolher um: seja o Onyx, seja o
general Santos Cruz (Secretaria de Governo). Quando o presidente escolheu o
(Luiz Henrique) Mandetta para o Ministério da Saúde, não foi pela capacidade
política dele. Foi porque, tecnicamente, ele (que é médico) estava preparado
para ser ministro. Na política, para que inventar? Sou contra se botar um
general (como articulador)", afirmou.
O deputado baiano ainda comentou que não se sente
intimidado com o general Santos Cruz no comando da Secretaria de Governo e nem
com a ideia de que a figura dele não permitiria a realização de "pedidos
impróprios" . "Se um ministro aceitar que alguma proposição desse
tipo seja feita, e não denunciar, está prevaricando. O presidente tem de partir
do pressuposto de que nenhum aceita (pedidos impróprios), não é só o
militar", resumiu.
Elmar Nascimento ainda chamou o pacote do
ministro Sérgio Moro de imprudente. "O pacote do ministro Sérgio Moro é um
pouco imprudente. Quem no Congresso não é a favor da lei do crime hediondo, de
impedir progressão de pena para quem comete homicídio qualificado, como
estuprador? Só que a nossa Constituição não permite, e isso o STF já decidiu
reiteradas vezes. Seria mais prudente ele enviar uma Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) e cada deputado que votar contra esse tema que assuma a
responsabilidade perante seus eleitores", argumentou.
Por AE
Correio do Povo
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