quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Operação Efeito Colateral III: delegado da Polícia Federal é suspeito de receber vantagem e não investigar desvios de verbas do HSVP


   Créditos: Arquivo/Rádio Uirapuru

O Ministério Público Federal em Passo Fundo e a Polícia Federal deflagraram na manhã de hoje (05) uma operação para desarticular o esquema de corrupção no fornecimento de dispositivos médico-hospitalares do HSVP, em continuidade às apurações da Operação Efeito Colateral. Trinta e cinco policiais federais cumpriram seis mandados de busca e apreensão.

Esta fase da operação visa apurar a conduta de um delegado de Polícia Federal que teria deixado de investigar o fato criminoso, em Inquérito Policial requisitado pelo MPF. Também foram identificados recebimentos de valores supostamente indevidos por parte do servidor.

Verificou-se ainda que o policial adquiriu cotas sociais de uma empresa que atuava no ramo da importação, exportação, distribuição e comercialização de equipamentos e materiais médico-hospitalares. Além do servidor, que foi afastado das funções por decisão judicial, outras pessoas são investigadas nesta fase, entre elas um médico.

Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica e associação criminosa.

RELEMBRE O CASO

Fase I da Operação Efeito Colateral:

No início da manhã de 20 de março, uma terça-feira, o Hospital São Vicente de Paulo foi alvo de uma ação desencadeada pela Polícia Federal de Passo Fundo. Tratava-se da primeira fase da Operação Efeito Colateral, que tinha o objetivo de apurar a ilegalidade de repasses dos recursos do hospital para uma empresa de fachada localizada em Florianópolis/SC.

As investigações iniciaram em agosto de 2017 e apontavam que o titular da empresa seria um laranja, vinculado a direção do Hospital.

Em entrevista para a Rádio Uirapuru, o Delegado Chefe da Polícia Federal, Mauro Vinícius Soares de Moraes, salientou que as investigações não se referiam à instituição hospitalar e sim apenas a irregularidades cometidas por um servidor que ocupa cargo na direção. Também destacou que as diligências iniciaram a partir de graves denúncias que envolviam verbas específicas do SUS.

O Delegado Mauro relatou que foram cinquenta policiais que cumpriram oito mandados de busca e apreensão em Passo Fundo, Porto Alegre e Florianópolis na primeira etapa da operação, que foi coordenada pelo Delegado Federal Guilherme Siqueira. Na Uirapuru, ele afirmou que aquela era uma ação em estágio inicial e futuras fases deveriam ocorrer.

Fase II da Operação Efeito Colateral:

Por volta das 7h da manhã de 15 de maio, também uma terça-feira, agentes da Polícia Federal iniciaram uma operação de busca e apreensão no Hospital São Vicente de Paulo em Passo Fundo. As informações iniciais davam conta de que também uma outra equipe estava na Rua João de Cesaro, proximidades da Praça Santa Terezinha, onde seria o endereço residencial de um médico oncologista. Em outros pontos também haviam relatos de ouvintes de viaturas da Polícia Federal fazendo abordagens.

Os mandados foram realizados no próprio hospital, em duas clínicas, um escritório de contabilidade, além das residências de suspeitos investigados na Operação Efeito Colateral II.

No HSVP, os agentes entraram no prédio pelo setor da oncologia, na rua XV de Novembro. Neste prédio também ficam os setores de administração e jurídico da instituição.

Por volta das 9h do mesmo dia, a Polícia Federal saiu do prédio da Rua João de Cesaro, proximidades da Praça Santa Terezinha, onde seria o endereço residencial de um médico oncologista. A equipe dos policiais estava levando um malote de tecido preto com o objeto da busca a qual foram fazer em um dos apartamentos. Após encontrarem o objeto, liberaram duas testemunhas que haviam sido levadas junto e saíram do local.

Já na rua Coronel Gabriel Bastos, próximo aos fundos do Clube Comercial, uma equipe da Polícia Federal estava em uma mansão que, segundo informações, pertencia a uma médica do HSVP.

A fase II da Operação Efeito Colateral contou com 40 Policiais Federais, que cumpriram 10 mandados de busca em Passo Fundo.

Segundo o Delegado Chefe da Polícia Federal de Passo Fundo, Mauro Vinícius Soares de Moraes, a equipe da PF da cidade não sabia dessa fase da operação. Todas as ações foram feitas por policiais de Porto Alegre. As viaturas e os agentes nem chegaram a utilizar a estrutura da própria delegacia de Passo Fundo e algumas equipes retornaram diretamente à Porto Alegre.

Ao todo, seis pessoas foram investigadas, entre elas, médicos e empresários ligadas ao setor médico. Até aquele momento, a Polícia Federal não havia divulgado nomes de suspeitos, da empresa médica, das clínicas e do escritório porque a investigação prosseguia na Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros, em Porto Alegre.

Em nota divulgada à imprensa, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo afirmou que, diante da Operação Efeito Colateral II, mantinha seu posicionamento de colaborar com as autoridades para que fosse amplamente esclarecida a situação.


Fonte: Rádio Uirapuru | Passo Fundo

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