Empresário de
91 anos revolucionou mercado editorial
Empresário de 91 anos revolucionou mercado
editorial | Foto: Charles Gallay / AFP / CP
Hugh
Hefner, o fundador da revista Playboy, que levou a imagem de mulheres nuas ao
imaginário coletivo americano, morreu na quarta-feira aos 91 anos, anunciou a
publicação. "A vida é muito curta para viver o sonho de outra pessoa":
com uma famosa frase de Hefner, a conta da revista no Twitter anunciou a morte
de seu fundador.
A
revista, criada em 1953, teve um papel importante na mudança de atitude a
respeito da sexualidade registrada no século XX. Hefner morreu de causas
naturais em sua residência de Beverly Hills, a famosa Mansão Playboy, onde
celebrou festas lendárias, de acordo com um comunicado da Playboy Enterprises.
Mestre do marketing, a habilidade de Hefner para a autopromoção tornou
impossível separar a sua própria imagem da de seu império.
"Meu
pai viveu uma vida excepcional e impactante. Defendeu alguns dos movimentos
sociais e culturais mais importantes do nosso tempo, a liberdade de expressão,
os direitos civis e a liberdade sexual", destacou Cooper Hefner, filho de
Hugh, diretor criativo da Playboy Enterprises, em um comunicado. "Ele
definiu um estilo de vida e um ethos que estão no coração da marca Playboy, uma
das mais reconhecíveis e duradouras da história", completou.
Hefner
manteve um papel ativo na parte editorial de sua revista, definindo capas e a
"coelhinha" de cada mês. Além de Cooper, Hugh Hefner deixa os filhos
David e Marston, e a filha Christie. Hefner era casado desde 2010 com a modelo
Crystal Harris, 60 anos mais nova que ele, após dois divórcios nos anos 50. Nos
últimos anos de sua vida, também frequentou clubes noturnos e manteve um grupo
de jovens namoradas, um estilo de vida que ele garantia que o mantinha jovem.
Mudanças
nos últimos anos
Em uma
entrevista concedida à AFP em 2003, Hefner disse que gostaria de ser
"lembrado como alguém que teve um impacto positivo nas mudanças dos
valores sexuais sociais de sua época". "E acredito que esta posição
está bem assegurada", completou na ocasião. A revista Playboy anunciou em
outubro de 2015 que deixaria de publicar fotografias de mulheres completamente
nuas, indicando que este tipo de imagem não tinha mais razão de ser na era da
internet, já que a pornografia está cada vez mais disponível. "O clima
político e sexual de 1953, o ano em que Hugh Hefner introduziu a Playboy ao
mundo, já não se parece com o atual", afirmou na ocasião o diretor executivo
da Playboy Enterprises, Scott Flanders. "Agora você está a apenas um
'clique' de todos os atos sexuais imagináveis de forma gratuita. Então é algo
fora de moda no momento", disse Flanders ao jornal The New York Times.
Em meados de 2016, a Mansão
Playboy, cenários das festas organizadas por Hefner, foi vendida a um
empresário americano, filho de um bilionário que comprou a marca de muffins
Twinkie. Segundo os termos do acordo, Hefner poderia continuar morando até sua
morte na famosa casa de estilo gótico, avaliada em 200 milhões de dólares.
Construída em 1927 e comprada por Hefner por um milhão de dólares em 1971, a
propriedade com uma piscina com cavernas e cascatas simboliza os excessos de
Hollywood.
Durante suas festas épicas, os
convidados conviviam com as célebres "coelhinhas". Elvis Presley
teria dormido com oito "coelhinhas" ao mesmo tempo na casa de 12
quartos, enquanto John Lennon queimou um quadro de Matisse ao largar um cigarro
de modo negligente. O imóvel foi vendido quando a revista acabara de lançar sua
nova fórmula levemente mais convencional, onde as modelos continuavam nuas, mas
sem imagens frontais dos órgãos sexuais. Hefner ajudou em 2010 a salvar as
famosas letras que formam a palavra "Hollywood" sobre as colinas de
Los Angeles, com a ajuda do então governador da Califórnia, o ator Arnold
Schwarzenegger, e de celebridades como Steven Spielberg ou Tom Hanks.
A atração
turística esteve a ponto de desaparecer quando os proprietários dos terrenos ao
pé da colina pensaram em vendê-los. "Hefner adotou uma abordagem
progressiva não só para sexualidade e humor, mas também para a literatura,
política e cultura", destacou a Playboy.
Mais de
mil mulheres
Apesar de não ter divulgado um
número exato, ele afirmou à revista Esquire em 2013 que tinha
"certeza" de ter dormido com "mais de mil mulheres". Kim
Kardashian West, que posou para a Playboy em 2007, prestou homenagem no Twitter
ao empresário: "RIP o lendário Hugh Hefner! Estou tão honrada de ter sido
parte da equipe Playboy! Você vai fazer muita falta. Te amo Hef! Xoxo". A
famosa herdeira Paris Hilton publicou uma montagem de fotos ao lado de Hefner e
o chamou de "#Lenda, inovador & único". "Hugh Hefner foi um
forte apoiador do movimento dos direitos civis", escreveu no Twitter o ativista
Jesse Jackson. "Nunca devemos esquecê-lo", completou.
AFP
Correio
do Povo
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