Ventos
chegaram a 240km/h
60% da ilha perdeu energia elétrica e que as telecomunicações
estão falhando
Foto: Hector Retamal, Jose Romero / AFP / CP
O furacão
María tocou terra em Porto Rico, nesta
quarta-feira, com ventos de 240 km/h e trombas d'água, após castigar as Ilhas
Virgens americanas e deixar pelo menos dois mortos nas Antilhas francesas.
"Extremamente perigoso", María entrou às 7h15min (horário de Brasília)
neste território associado dos Estados Unidos, penetrando por Yabucoa, no sul,
como um furacão de categoria quatro na escala Saffir-Simpson, de acordo com o
boletim das 9h do Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês).
Os
meteorologistas registraram rajadas de 175 km/h, em Yabucoa, e de 190 km/h, em
Campamento Santiago, uma base em Salinas, ao sul da ilha. María
"atravessará Porto Rico ao longo da manhã e emergirá pela costa norte à
tarde", disse o NHC, acrescentando que, na sequência, avançará para o
norte, beirando a costa da República Dominicana entre a noite desta quarta e a
madrugada de quinta. "O importante agora é que as pessoas saibam que o
pior da tempestade ainda está por vir. Há muitas inundações e danos na
infraestrutura, mas a única coisa que deve importar agora é que as pessoas
permaneçam a salvo", disse o governador, Ricardo Rosselló, à rede CNN.
Ele
acrescentou que 60% da ilha perdeu energia elétrica e que as telecomunicações
estão falhando. Esse cenário devastador acontece apenas duas semanas depois da
passagem destruidora do furacão Irma, que deixou 90% da ilha sem luz. Ontem,
cerca de 50 mil lares permaneciam sem eletricidade. Com 3,5 milhões de
habitantes, na terça, Porto Rico já tinha 500 abrigos disponíveis.
"O
vento soa como uma mulher gritando a plenos pulmões", descreveu o
fotógrafo e caçador de tempestades Mike Theiss no Twitter. "Porto Rico
está sendo duramente golpeado por um novo monstruoso furacão", tuitou o
presidente americano, Donald Trump. "Tenham cuidado, nossos corações estão
com vocês - estaremos para ajudar", completou.
Na terça,
o governador Rosselló já havia alertado a população para que se preparasse para
a "pior" tempestade do último século. "Confesso que tenho medo.
Pela primeira vez estou preocupada, porque é a primeira vez que vou ver um
furacão dessa intensidade", disse a professora Noemi Aviles Rivera, de 47
anos, que sobreviveu a dois deles: Hugo, em 1989, e Georges, em 1998.
Violento
e intenso
Depois de
sua passagem pelas Pequenas Antilhas, o furacão deixou dois mortos na ilha
francesa de Guadalupe e uma devastação ainda sem números oficiais em Dominica.
Na noite de terça, castigou as Ilhas Virgens americanas antes de seguir para
Porto Rico. Este arquipélago é composto de três ilhas maiores - Santa Cruz, San
Juan e São Tomás - e de uma cadeia de ilhotas e keys.
Habitantes
de Santa Cruz contaram à AFP que viram "árvores voando pela força do
vento" e que "chovia horizontalmente". "Muito violento e
intenso", disse Coral Megahy, de 31, falando de Santa Cruz. "Tem
muito barulho. Chove de lado, e as árvores estão balançando. María parece muito
irritada!", disse Judi Buckley, que está nas Ilhas Virgens. Essa
ex-senadora de Santa Cruz mora nos Estados Unidos e foi à ilha ajudar na
recuperação pós-Irma. "Pensei que tivesse vindo (a Santa Cruz) para dar
uma mão depois da destruição do Irma", comentou. "Parece que vim para
dar as boas-vindas ao María", completou. Em Guadalupe, uma pessoa morreu
pela queda de uma árvore, e outra, no litoral.
Isolados
Começam a
surgir informações de destruição sobre Dominica, que viu todas suas
comunicações serem cortadas desde a passagem de María, com ventos de 260
km/hora na segunda-feira à noite. Devido ao mau tempo, as equipes de resgate
não tinham conseguido chegar a essa localidade na terça-feira.
Uma
equipe da Agência de Emergências de Desastres do Caribe (CDEMA) viajou ontem à
noite para instalar uma equipe de comunicações em Dominica. Também saíram
contingentes de Barbados para colaborar nos esforços de resgate. A única
informação de que se dispõe até agora é uma mensagem do primeiro-ministro
Roosevelt Skerrit no Facebook, relatando que seus 73 mil moradores perderam "tudo
o que o dinheiro pode comprar".
O vento
"arrasou os telhados das casas de quase todas as pessoas, com as quais eu
falei", acrescentou. Os operadores de radioamador estão ativos, fornecendo
informações. O operador Julian Antoine, de Ohio, disse à Rádio Dominica Wice
QFM - que começou a transmitir do Texas após o furacão - que um usuário da
capital dominiquesa, Roseau, havia relatado danos muito graves.
"Há
árvores por todos os lados, telhados arrancados, e outros totalmente destruídos
e, entre onde eu estou e a minha igreja, a devastação é completa. O telhado do
centro comunitário saiu voando", afirmou esse operador de radioamador de
Roseau, cujo nome de usuário é Juliette 73 Yankee Hotel (J73YH). O
primeiro-ministro de Santa Lucía, Lenard Montoute, disse que, além do dano
causado por inundações e deslizamentos nas estradas, o setor bananeiro - vital
para sua economia - sobreviveu ao pior do impacto de María. O furacão passou
pela ilha quando ainda estava na categoria dois.
AFP
Correio do Povo
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