domingo, 12 de fevereiro de 2017

Jornalistas da Record que investigam caso Odebrecht ficaram 10 horas detidos na Venezuela

Expectativa da rede de televisão é que seus profissionais cheguem a Caracas neste domingo

Repórter Leandro Stoliar foi um dos funcionários da Record TV detidos na Venezuela | Foto: Facebook de Leandro Stoliar / Reprodução / CP
   Repórter Leandro Stoliar foi um dos funcionários da Record TV detidos na Venezuela
   Foto: Facebook de Leandro Stoliar / Reprodução / CP

Os jornalistas Leandro Stoliar e Gilzon Souza, da Rede Record, que investigavam as denúncias de suborno por parte da construtora Odebrecht na Venezuela, foram detidos no sábado por cerca de dez horas pelo Serviço de Inteligência venezuelano no estado Zulia, no norte do país - denunciou a ONG Transparência Venezuela. "A comissão do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) os deteve e os acompanhou até sua sede em Maracaibo para ter uma entrevista. Ao chegar, tiraram seus telefones celulares. A Transparência Venezuela exige sua libertação", declarou a ONG em um comunicado.

Horas depois, o Sebin libertou os repórteres, mas advertiram que a dupla deve deixar o país neste domingo, confirmou Mercedes De Freitas, diretora da ONG. A organização relatou que os repórteres coletavam "informações na obra da Odebrecht: segunda ponte sobre o Lago de Maracaibo, no estado Zulia". Também foram detidos os ativistas José Urbina e María Jose Túa, que os acompanhavam. Em nota, o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa também lamentou a detenção dos jornalistas e exigiu sua soltura.

Na semana passada, o Parlamento aprovou a investigação do caso da Odebrecht, em um debate que contou com a presença de legisladores da bancada governista. A Comissão da Controladoria convocou os representantes legais da empreiteira brasileira na Venezuela para prestar esclarecimentos. Em 26 de janeiro, o Ministério Público confirmou que pediu informações sobre o caso ao MP do Brasil e solicitou ordem de captura internacional contra uma pessoa não identificada, que estaria ligada ao escândalo.

Também na semana passada, o presidente Nicolás Maduro se comprometeu a concluir as obras da construtora. Segundo declaração do ex-presidente da companhia Marcelo Odebrecht, atualmente preso, a Venezuela é o segundo país da América Latina, onde a construtora pagou mais subornos, chegando a US$ 98 milhões. Fica atrás apenas do Brasil.

Abratel e Record TV protestaram contra detenção

Em nota, a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel) protestou contra a medida do governo venezuelano, à qual chamou de "extrema": "Tal decisão é abominável e digna apenas de regimes ditatoriais que não aceitam o livre exercício da imprensa e temem a verdade."

"A Abratel exige a liberação imediata dos profissionais de imprensa (...) detidos no pleno exercício legítimo de suas funções", continuou a associação.

Em comunicado oficial, a Record TV também protestou as prisões.
"A Record TV repudia esta atitude violenta e radical que fere a liberdade de imprensa e exige a imediata liberação dos profissionais e a devolução de todo o material apreendido. A RecordTV acionou o governo brasileiro através do Itamaraty e da Embaixada do Brasil na Venezuela para que todos os direitos e a segurança dos profissionais sejam garantidos."


AFP e R7
Correio do Povo

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