Expectativa da rede de televisão é que seus profissionais
cheguem a Caracas neste domingo
Repórter Leandro Stoliar foi um dos
funcionários da Record TV detidos na Venezuela
Foto: Facebook de Leandro Stoliar / Reprodução
/ CP
Os
jornalistas Leandro Stoliar e Gilzon Souza, da Rede Record, que investigavam as
denúncias de suborno por parte da construtora Odebrecht na Venezuela, foram
detidos no sábado por cerca de dez horas pelo Serviço de Inteligência
venezuelano no estado Zulia, no norte do país - denunciou a ONG Transparência
Venezuela. "A comissão do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional
(Sebin) os deteve e os acompanhou até sua sede em Maracaibo para ter uma
entrevista. Ao chegar, tiraram seus telefones celulares. A Transparência
Venezuela exige sua libertação", declarou a ONG em um comunicado.
Horas
depois, o Sebin libertou os repórteres, mas advertiram que a dupla deve deixar
o país neste domingo, confirmou Mercedes De Freitas, diretora da ONG. A
organização relatou que os repórteres coletavam "informações na obra da
Odebrecht: segunda ponte sobre o Lago de Maracaibo, no estado Zulia".
Também foram detidos os ativistas José Urbina e María Jose Túa, que os
acompanhavam. Em nota, o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa também
lamentou a detenção dos jornalistas e exigiu sua soltura.
Na semana
passada, o Parlamento aprovou a investigação do caso da Odebrecht, em um debate
que contou com a presença de legisladores da bancada governista. A Comissão da
Controladoria convocou os representantes legais da empreiteira brasileira na
Venezuela para prestar esclarecimentos. Em 26 de janeiro, o Ministério Público
confirmou que pediu informações sobre o caso ao MP do Brasil e solicitou ordem
de captura internacional contra uma pessoa não identificada, que estaria ligada
ao escândalo.
Também na
semana passada, o presidente Nicolás Maduro se comprometeu a concluir as obras
da construtora. Segundo declaração do ex-presidente da companhia Marcelo
Odebrecht, atualmente preso, a Venezuela é o segundo país da América Latina,
onde a construtora pagou mais subornos, chegando a US$ 98 milhões. Fica atrás
apenas do Brasil.
Abratel e
Record TV protestaram contra detenção
Em nota,
a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel) protestou contra a
medida do governo venezuelano, à qual chamou de "extrema": "Tal
decisão é abominável e digna apenas de regimes ditatoriais que não aceitam o
livre exercício da imprensa e temem a verdade."
"A
Abratel exige a liberação imediata dos profissionais de imprensa (...) detidos
no pleno exercício legítimo de suas funções", continuou a associação.
Em
comunicado oficial, a Record TV também protestou as prisões.
"A
Record TV repudia esta atitude violenta e radical que fere a liberdade de
imprensa e exige a imediata liberação dos profissionais e a devolução de todo o
material apreendido. A RecordTV acionou o governo brasileiro através do
Itamaraty e da Embaixada do Brasil na Venezuela para que todos os direitos e a
segurança dos profissionais sejam garantidos."
AFP e R7
Correio do Povo
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