terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Delegado preso por envolvimento em quadrilha de roubo de cargas teria tentado barrar investigações

Omar Abud é suspeito de financiar quadrilha envolvida diversos delitos


   Operação do MP e da Polícia Civil prendeu delegado envolvido em esquema criminoso.
   Foto: Ministério Público / Divulgação / CP

A ação conjunta que culminou na prisão do delegado Omar Abud, detido nesta manhã em Porto Alegre, examina se o policial tentou barrar o trabalho da Polícia Civil que investigava os crimes de roubo de cargas no Estado. De acordo com o delegado Emerson Wendt, há indícios de que Abud tenha feito isso.

“Isso está em processo de apuração sim. A gente verifica que há esta possibilidade. Até por conhecer e ter acesso a sistemas e saber quem foi preso e quem estava sendo investigado. Isso facilita a ação de quem está envolvido com a criminalidade”, frisou.

A ofensiva, chamada de Financiador, investiga crimes de lavagem de dinheiro, quebra de sigilo funcional e organização criminosa. De acordo com as investigações, por meio de conta corrente de terceiros e de empresas de fachada, o delegado de Polícia, identificado como Omar Abud, responsável pela 17ª Delegacia de Polícia, e o comissário aposentado Luís Armindo de Mello Gonçalves financiavam grupos criminosos que praticavam roubos de carga, receptação e estelionatos. Em contrapartida, os investigados recebiam parte dos lucros da atividade criminosa. Foi apurada a lavagem de R$ 1,1 milhão.

Apreensão de dinheiro 

Wendt afirmou que durante a operação de hoje, R$ 11 mil foram apreendidos na casa de um dos investigados. O chefe da Polícia Civil declarou que existia um repasse de valores dos suspeitos para a quadrilha, que retornava com montantes ainda maiores.

Por se tratar de um delegado de investigação, Abud tinha diversos inquéritos sob seu comando, que agora passarão para as mãos de um segundo delegado. “Quando há uma ação assim, a Corregedoria age e faz uma correição na delegacia e repassa aos responsáveis os inquéritos, que terão continuidade. É um trabalho natural”, resumiu.

Subprocurador do MP fala em provas robustas 

O subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do Ministério Público, Fabiano Dallazen, afirmou, em entrevista à Rádio Guaíba, que o MP e a Polícia Civil reuniram provas robustas dos crimes do delegado Omar Abud e do comissário de polícia aposentado Luiz Armindo de Mello Gonçalves.

“As provas são bastante claras sobre lavagem de dinheiro e organização criminosa para financiar roubos de cargas. Não posso falar sobre cada uma delas porque há o sigilo, mas temos a convicção de que os documentos coletados são suficientes para que tudo seja esclarecido e para que a punição seja exemplar”, assegurou.

Dallazen salientou que existem trocas diretas de quantias financeiras entre o delegado e outros membros do grupo e que Abud e Melo tinham relação direta com os criminosos.

“Já estávamos trabalhando na questão de lavagem de dinheiro de empresas. Casou-se com isso uma informação que a Polícia Civil estava fazendo. Nós sentamos e trocamos informações. O fato é que a prova é bastante clara no sentido de envolvimento dos agentes e outras pessoas na lavagem de dinheiro e organização criminosa, que financiam lavagem de dinheiro, receptação e outros crimes”, pontuou.

Além do delegado e do comissário aposentado, outras três pessoas foram alvos de medidas cautelares e tiveram imposta uma fiança de R$ 10 mil para responderem em liberdade. Conforme Dallazen, esses suspeitos não podem mudar de endereço ou deixar a cidade. Somente Abud e Melo foram presos nesta manhã.


Fonte: Eduardo Paganella / Rádio Guaíba

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