Entidades apresentam levantamentos e dados
mostrando que informação divulgada é falsa - Foto: Fagner
Almeida/Agroeffective, especial para Irga
A informação que liga o consumo de arroz à incidência de câncer
pelo suposto elevado teor de arsênio presente no produto é falsa. Esta é a
avaliação das entidades do setor, que se baseiam em informações técnicas e
pesquisas sobre o assunto para desmentir o fato que foi citado na mídia. O
setor afirma que estas alegações estão em desconformidade com prestigiados
órgãos de pesquisa nacionais e internacionais e vem a público de forma a
tranquilizar o consumidor brasileiro sobre estas afirmações e garante a
segurança deste alimento que compõe a base nutricional no país. Ainda assim,
acentuam que a maioria das pesquisas envolvendo alimentação trazem contextos
externos, diferentes da realidade brasileira, e por isso, não deveriam ser
meramente traduzidos e jogados ao público, muitas vezes criminalizando
determinado produto.
Para o diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz
(Irga), Tiago Sarmento Barata, a consolidação do arroz como a base da
alimentação de dois terços da população mundial há vários séculos fala por si
só. “Isso descredencia absolutamente o arroz de qualquer papel de vilão à saúde
humana”, enfatiza. No Brasil, o Ministério da Saúde cita o consumo de
arroz como uma das principais diretrizes para uma alimentação saudável. O Guia
Alimentar para a População Brasileira traz as recomendações oficiais do governo
sobre alimentação e recomenda o consumo de arroz com feijão todos os dias, ou,
pelo menos, cinco vezes por semana: "Esse prato brasileiro é uma
combinação completa de proteínas e faz bem à saúde", esclarece a
publicação.
A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do RS também
divulgou sua posição a respeito. "Lamento muito esta manifestação absurda
e irresponsável de relacionar o consumo de arroz à incidência de câncer. É um
desserviço à população brasileira que tanto se alimenta deste produto de
extrema qualidade que é o arroz cultivado em nossas lavouras. Estando à frente
da pasta da Agricultura e conhecendo todo o trabalho e a dedicação dos
orizicultores no cuidado e controle do arroz produzido, repudio veementemente
estas associações e reafirmo a qualidade do arroz gaúcho", diz o
secretário, Ernani Polo.
Há aproximadamente três anos, surgiu outra notícia semelhante em
relação ao arsênio no arroz provindo da Ásia. Na época, os pesquisadores do
Irga foram demandados a buscar respostas para o assunto. Houve um alarde
para saber se o arroz produzido no Rio Grande do Sul continha essa fórmula
química tóxica aos humanos. Por demanda da gerência da autarquia na época,
foram providenciadas análises de arsênio em arroz. "É importante que se
esclareça que o arsênio no arroz geralmente provém quando o mesmo é cultivado
em solos derivados de rocha com alto teor de arsênio, o que não é o caso do Rio
Grande do Sul", esclarece Cláudio Mundstock, consultor do Irga e professor
aposentado da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Um laboratório da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) fez as
análises nos grãos, provenientes de 11 locais do RS. "Os resultados
desclassificaram qualquer risco à saúde dos consumidores. Há muito que
esclarecer ainda, mas tenho a convicção de que no caso do arroz do Rio Grande
do Sul não há que se preocupar desse fato", declara Mundstock.
O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio
Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, destaca que órgãos de saúde
como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio do Programa
de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), já atestaram em
levantamentos a sanidade do arroz do Rio Grande do Sul, estado responsável por
72% da produção nacional do grão. Qualidade também comprovada no Programa
Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes, que faz parte do Plano
Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal
(PNCRC/Vegetal), do Ministério da Agricultura. "Temos o controle do que
acontece no nosso arroz e damos a garantia aos consumidores de que 72% vêm da
produção gaúcha, que é limpa e livre de qualquer resíduo de agroquímicos",
observa.
O presidente da Federarroz reforça também a qualidade dos
mananciais e solo do Rio Grande do Sul que, ao contrário dos países produtores
orientais, não possuem indícios de contaminação por metais pesados,
principalmente provenientes de concentrações populacionais ou atividades
industriais. Dornelles ressalta que é preciso distinguir o sistema de cultivo
de países orientais e ocidentais, assim como a diferenciação do tipo de solo, o
que influencia no teor de arsênio e no caso do Brasil a incidência é mínima
como já demonstram alguns trabalhos produzidos. "O tipo de solo é
pertinente em relação ao teor. Solos mais vulcânicos tem esta tendência, ao
contrário do solo brasileiro. O arroz é um alimento milenar e seu sistema de
cultivo também. Minha família consome mais de 50 quilos de arroz por pessoa ao
ano, não temos problemas de obesidade, muito menos histórico ligado ao câncer.
Nós realmente consumimos e apreciamos o que produzimos, porque confiamos e
adoramos o que fazemos. Se fosse muito ruim não teríamos no arroz um símbolo de
longevidade, como no caso de muitas culturas orientais. Também, no caso do
sistema de irrigação por inundação, igualmente milenar, seu
desenvolvimento estaria comprometido pelo mesmo
motivo", ressalta.
A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul
(Farsul), também demonstrou repúdio às informações divulgadas. "Um
alimento milenar como é o arroz e seus derivados não tem que se submeter a
notícias como estas", afirma o presidente da Comissão do Arroz da
entidade, Francisco Schardong.
A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) se
baseou no estudo do professor Nathan Levien Vanier, da Universidade Federal de
Pelotas (Ufpel), que explica que o teor de arsênio no arroz é dependente da
concentração de arsênio no solo e na água de irrigação, de fatores genéticos
das plantas e de fatores ambientais e de manejo, e que os teores de arsênio
encontrados em grãos de arroz produzidos no Brasil, até então, são compatíveis
com os teores observados em grãos produzidos nos Estados Unidos e na Europa.
A entidade reforça que não há razão objetiva alguma para
restrições ao consumo de arroz. "Pelo contrário, o professor salienta que
há mais de meia centena de pesquisas científicas conduzidas na Ufpel, como
dissertações de mestrado e teses de doutorado, que confirmam que o arroz
brasileiro é um alimento saudável e muito nutritivo, seja ele consumido como
grão integral, branco polido, parboilizado ou nas cultivares especiais de
cariopse colorida, encontradas no mercado como arroz preto e arroz
vermelho", destaca o comunicado.
Texto: Sara Kirchhof/Irga, com informações de Nestor Tipa
Júnior/AgroEffective
Edição: Léa Aragón/ Secom
Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Edição: Léa Aragón/ Secom
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