Família teria pelo menos três empresas friasFoto: divulgação / Divulgação
O Diário Gaúcho
também está na trilha dos negócios da gaúcha e descobriu que ela e o marido são
sócios de três empresas que nunca saíram do papel. Uma delas em Gravataí, que
pode estar na rota do comércio de crianças.
Se é verdade que
existe uma rede de comercialização de bebês no sertão nordestino, com elos na
Região Metropolitana de Porto Alegre, líderes do bando estariam enriquecendo.
E, possivelmente, lavando o dinheiro obtido no crime.
Por isso, a CPI do
Tráfico de Pessoas solicitou a quebra de sigilo bancário de uma gaúcha e de
famílias que levaram crianças do município baiano de Monte Santo para Campinas
(SP). A intenção é verificar se houve pagamento a intermediários, e, assim
incriminá-los.
A interlocutora é
investigada pela Justiça da Bahia é Carmem Kieckhofer Topschall, 47 anos. Seu
marido, o alemão Bernard Michael Topschall, 55 anos, teria participação em
adoções-relâmpago (de um dia para o outro, graças à aprovação de um juiz já
afastado por isso).
Os rastros do casal Topschall
O juiz Luis Roberto
Cappio acredita que o casal esteja ligado a empresas de fachada para legalizar
o dinheiro da venda de crianças. O advogado Maurício Vasconcelos nega. Segundo
ele, Carmem e Bernard vivem em Pojuca, na Grande Salvador, há quase dois anos,
por estarem endividados após um negócio frustrado no ramo frigorífico.
Apesar de Carmem não
constar como sócia da loja Gatos e Gatas, de roupas para festas (comércio que
seria usado para fazer casamentos coletivos no intuito de cooptar casais -
matéria exclusiva já publicada pelo DG), a Justiça desconfia de que essa tenha
sido fachada para "legalizar" o dinheiro.
- Eles mantêm
relações comerciais com o Rio Grande do Sul - afirmou o juiz baiano.
2003, Pojuca: Frigorífico frio
Enquanto Carmem
brigava na Justiça para obter a guarda de duas meninas de Gravataí, organizava
a mudança para a Bahia com status de empresária. Queria um frigorífico e, com o
marido, abriram a Bahia Casings Comércio, Importação e Exportação em sociedade
com dois empresários de Chapecó (SC). A empresa, em Pojuca, nunca funcionou.
Com um prejuízo superior a R$ 4 milhões, o empresário Ademar Schneider lamenta:
- Os conhecemos numa
feira na Bahia. Mas o frigorífico está pronto há sete anos e nunca funcionou.
Não sei se por incompetência deles ou por algo irregular.
Nos últimos anos, a
Bahia Casings acumula ações trabalhistas. Em uma delas, movida por uma
doméstica, o INSS desconfiou de um acordo e entrou com recurso. Quem paga são
os sócios de Chapecó.
2005, Gravataí: Consultoria sob suspeita
- Empresa? Não, nunca
teve. E eu já moro há muito tempo nesse lugar.
A frase é de uma
moradora do Bairro Parque Girassol, em Gravataí. Sua casa fica em frente ao
sobrado mais vistoso da rua. Na Receita Federal, é o endereço da Cabemi
Consultoria Empresarial, que vai do agenciamento cultural até a confecção de
carimbos. Tem como sócios Carmem e o marido, Bernard.
Em 2005, data de
criação da empresa, o casal já estava fora do Estado há pelo menos dois anos.
Moravam em um condomínio de luxo em Camaçari. De acordo com a Junta Comercial
do RS, só há uma negociação protocolada sob o registro da Cabemi.
O sobrado, até 2004,
foi de um irmão de Carmem, que tinha uma floricultura. Ele deixou o Estado
atraído por um oferta no frigorífico que Carmem na Bahia.
2005, Camaçari: Com dinheiro de escolas
Meses depois da
criação da Cabemi, o casal criou mais uma empresa. Dessa vez, na Vila dos
Abrantes, em Camaçari. A Topschall Consultoria Empresarial e Representação
Comercial consta como ativa nos registros da Receita. A empresa aproximaria
Carmem e Bernard das crianças. Pelo propósito, eles deveriam trabalhar em
escolas públicas.
Eles atuariam na
administração de caixas escolares, um método incomum no Rio Grande do Sul, mas
usual no Nordeste para organizar as verbas enviadas por órgãos governamentais
para escolas públicas.
A Topschall deveria
ser um órgão sem fins lucrativos para ter função executiva nos orçamentos de
escolas. O Diário ligou para o endereço. Uma mulher disse não conhecer Carmem e
garantiu: o local nunca foi uma empresa.
Fonte:
Eduardo Torres / DIÁRIO GAÚCHO
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